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Haddad diz que Brasil voltará a crescer acima da média mundial


De acordo com o ministro, a reforma tributária e a volta do equilíbrio nas contas públicas impulsionarão a retomada


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participam da Special Session no Fórum Econômico Mundial em Davos | Crédito: Secom/PR

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou nesta terça-feira (17/1) a importância da reforma tributária como peça-chave para promover o crescimento do país. “Com reforma tributária, vamos conseguir equilibrar as contas. Se tivermos agenda correta, com contas equilibradas, o Brasil vai voltar a crescer acima da média mundial”, disse, durante sessão especial no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

O painel “Brazil: A New Roadmap” (Brasil: Um Novo Roteiro) foi conduzido pela diretora para a América Latina do Fórum Econômico Mundial, Marisol Argueta de Barillas. O debate contou também com a participação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Para quem desejar assistir a íntegra do que foi dito pelo ministro, no idioma inglês, é só clicar neste link.

Além do foco na reforma tributária e na retomada do equilíbrio das contas públicas (com objetivo de zerar o déficit em dois anos), o ministro Haddad destacou que serão implementadas medidas para impulsionar o crédito e que o Brasil contará com uma “agenda de reindustrialização voltada para a sustentabilidade ambiental”. Ele apontou que o mercado já compreendeu o atual governo e seus pilares de justiça social, estabilidade, previsibilidade, e um plano de desenvolvimento de médio e longo prazos.

Desafios

Haddad falou sobre os desafios que o Brasil enfrenta nas contas públicas e ressaltou a boa repercussão sobre as medidas para recuperação fiscal anunciadas na última semana. “Queremos voltar ao patamar de receitas e despesas no pré-crise [pré-pandemia]”, afirmou.

A retomada do crescimento será impulsionada também pelo fortalecimento da integração internacional, em especial pelo diálogo com os países sul-americanos. O ministro citou que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, levará ao G20 um discurso pautado na paz, combate à desigualdade e à fome, além da estabilidade da democracia e questões ambientais.

Nesta terça-feira, o ministro da Fazenda cumpre agenda com dez compromissos em Davos. Além da sessão especial com a ministra Marina Silva, a pauta de Haddad inclui reuniões com o ministro saudita do Investimento, ministro Al-Fahli; com Lord Malloch Brown e Alexander Soros (Open Society); com Ian Bremmer (Eurasia); participação em evento do Itaú Unibanco; reuniões com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva; com o ministro da Economia da Colômbia, José Antonio Ocampo; com o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner; com o presidente de Assuntos Globais da Meta, Nick Clegg; além de jantar promovido pelo banco BTG Pactual.

Haddad apresenta conjunto de medidas para recuperação fiscal

Antes de viajar a Davos, Haddad, apresentou um conjunto de medidas econômicas para a recuperação fiscal das contas públicas do país. As ações anunciadas têm entre seus objetivos reduzir a litigiosidade fiscal e evitar distorções tributárias. Em entrevista coletiva realizada na sede do Ministério da Fazenda, em Brasília, Haddad afirmou que sua equipe está fazendo uma reestimativa das receitas e despesas para 2023.

Naquela ocasião, acompanhado das ministras do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; e da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck; e dos secretários Robinson Barreirinhas (Receita Federal) e Rogério Ceron (Tesouro), Haddad ressaltou que a prioridade é reparar os problemas da gestão fiscal anterior, responsável por medidas que não consideraram as consequências que corroem a base fiscal do ano seguinte.

Isso levou a Secretaria do Tesouro, segundo o ministro, a uma reestimativa da receita e da despesa para 2023. O objetivo, neste momento, é que o déficit primário fique entre 0,5% e 1% do Produto Interno Bruto (PIB), contra os mais de 2% previstos. Haddad informou que as receitas projetadas para este ano são de R$ 36,4 bilhões (0,34%) do PIB.

Carf

Dentro do conjunto de medidas anunciadas para a recuperação da situação fiscal, outro destaque foi a situação avaliada pela equipe econômica como insustentável no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O estoque de processos administrativos no Conselho vem oscilando em torno de 100 mil desde 2018. O valor, que girava em torno de R$ 600 bilhões entre dezembro de 2015 e dezembro de 2019, saltou para mais de R$ 1 trilhão em outubro de 2022.

Outra medida se refere à alteração do voto de qualidade no Carf, para que o governo federal tenha o voto final nas decisões do Conselho, ao contrário do que ocorre hoje. Atualmente, na hipótese de empate, o contribuinte vence o embate com a União, o que vai contra os interesses da sociedade, conforme pontuou o ministro Haddad.

Litígio Zero

Apresentado pelo governo no anúncio de hoje, o Programa de Redução de Litigiosidade Fiscal, também chamado de Programa Litígio Zero, dirigido a pessoas físicas, micro e pequenas empresas, prevê 40% a 50% de desconto sobre o valor total do débito (tributo, juros e multa) e até 12 meses para pagar (independentemente da classificação da dívida ou capacidade de pagamento). Uma das novidades é a possibilidade de utilização de prejuízos fiscais e base de cálculo negativa para quitar de 52% a 70% do débito.

O programa introduz também o fim do recurso de ofício para valores abaixo de R$ 15 milhões. A vitória do contribuinte na primeira instância encerra definitivamente o litígio. O objetivo, ao dar oportunidade para que o contribuinte regularize sua situação com o Fisco, é possibilitar a redução do volume de processos nas instâncias recursais. O período de adesão irá de 1º de fevereiro a 31 de março.

ICMS

No anúncio das medidas, o ministro também destacou que o governo federal acata a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) relacionada à exclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da base de cálculo do PIS/Cofins. O objetivo do governo é afastar a insegurança jurídica em relação aos creditamentos. PIS e Cofins não serão calculados sobre o ICMS e, coerentemente, os créditos tampouco serão computados dessa forma, evitando-se, com isso, o duplo creditamento.