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IBGE garante que a internet já é acessível em 90,0% dos domicílios do país em 2021


Segundo a ONU, existem 5,3 bilhões de pessoas aptas a utilizar a internet no mundo, mas desse total pelo menos 2,7 bilhões nunca tiveram acesso à rede. O número equivale a um terço da população mundial


No Brasil, o uso da TV pela internet superou o computador, segundo o IBGE | Foto: Freepik

Nesta última sexta-feira (17), mesmo dia em que a da União Internacional de Telecomunicações (UIT), entidade da ONU, divulgou que a Europa é a região mais conectada em todo o globo com 89% da população online, o IBGE divulgou estudo semelhante onde afirma que 90,0% dos domicílios brasileiros estão conectados à internet. Pelo confronto dos números do IBGE e da UIT, o acesso à internet no Brasil é mais do que o dobro do que ocorre no continente africano, onde o órgão da ONU garante que o acesso atinge apenas 40% dos africanos.

Segundo o IBGE a, Internet chega a 90,0% dos domicílios do país em 2021, com alta de 6 pontos percentuais (p.p.) frente a 2019, quando 84,0% dos domicílios tinham acesso à grande rede. O órgão de pesquisas acrescentou que, pela primeira vez desde 2016, houve alteração significativa no ranking de dispositivos mais utilizados nos domicílios brasileiros para acessar a Internet. Em 2021, o telefone celular continuou na liderança, sendo o principal equipamento de acesso à internet em 99,5% dos domicílios.

Na segunda posição, pela primeira vez, agora aparece a televisão, opção de acesso mais utilizada em 44,4% dos domicílios, alta de 12,1 pontos percentuais frente a 2019 (32,3%). Já o uso dos microcomputadores caiu de 45,2% para 42,2% e se encontra na terceira posição. Completa a lista o tablet, que recuou de 12,1% para 9,9% dos domicílios, no período.

No Brasil, queda no acesso à internet por computadores e tablets

“Entre 2019 e 2021, houve queda do acesso a internet por microcomputador e tablet, mas já observamos o aumento do acesso por meio da televisão em mais de 10 pontos percentuais. Analisando a série desde 2016, vimos que houve ligeiro aumento do acesso por celular, queda do computador de 57,2 para 42,2% e no uso do tablet de 17,8% para 9,9%. Já a TV sai de 11,7% em 2016 para 44,4%. O rendimento desses domicílios foi maior entre os que utilizavam tablet, R$ 3 mil; ante R$ 2.296 dos que utilizavam microcomputador, R$ 1.985 para os que acessam via TV e o menor rendimento, R$ 1.480, é dos que acessam com telefone celular”, destaca a analista da pesquisa, Flávia Vinhaes.

Os dados, divulgados pelo IBGE, são do Módulo de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) que é investigado nas visitas do 4º trimestre pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Contínua, abrangendo o acesso à Internet e à televisão nos domicílios e o acesso à Internet e a posse de telefone celular pelas pessoas com 10 anos ou mais de idade. As comparações mais recentes são entre 2019 e 2021, pois esse módulo da pesquisa não foi a campo em 2020, por causa da pandemia de Covid-19.

O IBGE mostra o crescimento no uso da internet no Brasil | Infográfico: IBGE

Aumento no uso da banda larga fixa e queda no uso móvel

Outro destaque é que de 2019 a 2021, o percentual de domicílios com conexão à internet por banda larga móvel caiu de 81,2% para 79,2%, enquanto o percentual da banda larga fixa aumentou de 78,0% para 83,5%.

“Pela primeira vez na série, a banda larga fixa supera a banda larga móvel, que teve queda enquanto a fixa tem um aumento mais expressivo. O aumento do uso da banda larga fixa pode estar relacionado à pandemia, período em que as pessoas tiveram de manter o isolamento, ficando em casa, o que fez com que a banda larga móvel fosse menos utilizada. Outro motivo pode ser a expansão do acesso na Região Norte, onde o percentual dos domicílios com acesso via banda larga fixa teve incremento representativo, subindo de 54,7%, em 2019, para 70,5% em 2021”, analisa Flávia.

Em 2021, entre os 183,9 milhões de pessoas com 10 ou mais anos de idade no país, 84,7% utilizaram a Internet no período de referência da PNAD TIC. Esse percentual foi maior entre os estudantes: 90,3%, sendo 98,2% para os da rede privada e 87,0% para a rede pública de ensino.

Cai o percentual de domicílios com TV no país

De 2019 para 2021, o número de domicílios com TV no país subiu de 68,4 milhões para 69,6 milhões. No entanto, houve uma ligeira queda na proporção de domicílios com TV: de 96,2% para 95,5% do total de domicílios do país. Esse comportamento foi observado em todas as grandes regiões, sendo que a maior redução de percentuais ocorreu no Nordeste: de 94,6% para 93,4%.

O rendimento real médio per capita nos domicílios em que havia televisão (R$ 1.453) equivalia a quase o dobro desse rendimento nos domicílios sem TV (R$ 830). Em 2021, 96,2% dos domicílios urbanos e 90,8% dos domicílios rurais tinham TV. Em 2021, havia 63,3 milhões de domicílios com televisão com conversor para receber o sinal digital de televisão aberta, o equivalente a 90,9% dos domicílios com televisão do país. De 2019 para 2021, essa proporção cresceu na área urbana (92,6% para 92,9%) e, com mais intensidade, na rural (71,9% para 76,6%).

O uso da TV paga teve queda em todas as regiões urbanas brasileiras. Na área rural também houve queda nas Regiões Sudeste Centro-Oeste e aumento no interior das Regiões Sul, Norte e Nordeste | Infográfico: IBGE

Uso de TV por assinatura diminui nas áreas urbanas e sobe nas áreas rurais

No recorte de 2021, 27,8% dos domicílios com televisor tinham acesso a serviço de televisão por assinatura, proporção que era de 29,2% em área urbana e de 17,8% em área rural. No Brasil, o percentual de domicílios com televisão por assinatura se reduziu, exceto na área rural, onde este percentual era de 16,4% em 2019.

Nos domicílios sem acesso a serviço de televisão por assinatura, 43,5% não o possuíam por considerá-lo caro e 45,6% por não haver interesse pelo serviço. Aqueles que não tinham o serviço porque os vídeos (inclusive de programas, filmes ou séries) acessados pela Internet substituíam este serviço representavam 8,7%, enquanto os que não o tinham por não estar disponível na área em que se localizava o domicílio, somente 1,2%.

Antena parabólica

Cerca 22,6% dos domicílios do país (ou 15,7 milhões) tinham recepção de sinal de TV por antena parabólica, sendo que 56,1% deles estavam em área rural e 17,8% em área urbana.

O rendimento médio per capita nos domicílios com antena parabólica (R$ 1.075) representava 46,0% desse rendimento nos domicílios com acesso a serviço de televisão por assinatura (R$ 2.336).

Utilização de internet no Brasil por faixa etária | Infográfico: IBGE

Quase 60% dos idosos já acessam a internet

A proporção de pessoas com 10 anos ou mais que acessaram a Internet no período de referência da PNAD TIC subiu de 79,5% para 84,7% de 2019 para 2021. Em todos os grupos etários, as proporções de utilização cresceram. O grupo com 25 a 29 anos tem o maior percentual de utilização: 94,5%, mas todos os grupos etários entre 14 e 49 anos têm percentuais superiores a 90%.

Proporcionalmente, a o grupo etário com 60 anos ou mais é o que menos acessa à Internet, mas, de 2019 para 2021, o percentual de utilização dos idosos foi o que mais aumentou: de 44,8% para 57,5%, alta de 12,7 pontos percentuais, superando, pela primeira vez, os 50%. No grupo de 50 a 59 anos, esse percentual também subiu bastante: de 74,4% para 83,3%.

Uso da internet para chamadas de voz ou vídeo

Também pela primeira vez desde o início da série histórica, mais pessoas utilizaram a Internet para conversar por chamadas de voz ou vídeo (95,7%) do que para enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos diferentes de e-mail (94,9%), que era a finalidade mais frequente até 2019. Completam a lista assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes (89,1%) e enviar ou receber e-mail (62%).

Enquanto 84,2% dos estudantes da rede privada utilizaram a Internet para enviar ou receber e-mail, entre os estudantes da rede pública este percentual foi de 55,0%. Ainda entre os da rede pública, em 2021, a principal finalidade do uso da Internet foi assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes (94,1%), ao passo que, entre os estudantes da rede privada, o maior percentual ocorreu na finalidade conversar por chamadas de voz ou vídeo (97,2%).

Em 2021, 28,7 milhões de pessoas não tinham telefone móvel celular para uso pessoal, o que representa 15,6% da população de 10 ou mais anos de idade. Deste número, 28,1% alegaram que o aparelho telefônico era caro.

Número de domicílios com telefone fixo continua caindo

A proporção de domicílios com telefone fixo no país foi de 15,6%, com uma queda de 7,5 pontos percentuais em relação a 2019 (23,1%). Essa tendência de baixa foi também observada em todas as regiões do país. Já a taxa de domicílios que possuíam telefone móvel celular (96,3%) aumentou frente a 2019 (94,4%).

O rendimento real médio per capita da parcela de domicílios em que não havia telefone ficou muito abaixo daquele nos domicílios que tinham telefone. No país, em 2021, o rendimento nos domicílios que não tinham telefone (R$ 700) representou 48,4% do rendimento nos que tinham telefone (R$ 1.445). Já nos em que havia telefone fixo convencional o rendimento médio foi de R$ 2.432, enquanto naqueles com telefone móvel celular este rendimento foi de R$ 1.444.

Cai a proporção de domicílios com microcomputador

De 2019 a 2021, a proporção de domicílios com microcomputador recuou de 41,4% para 40,7%. Na área urbana, esse percentual caiu de 45,6% para 44,9% e na área rural, houve redução de 13,8% para 12,8%. Nesse período, a proporção de domicílios com tablet caiu de 11,6% para 9,9%.

O rendimento médio dos domicílios sem microcomputador nem tablet era de R$ 835, e de R$ 2.172 nos domicílios com pelo menos um destes equipamentos.

No mundo ocorre o contrário

Segundo a ONU, o mundo precisa fazer mais investimentos para aumentar o número de pessoas conectadas à internet. O apelo é do secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações,(UIT), Houlin Zhao. Ele fez uma análise da situação global após a divulgação do relatório da agência da ONU sobre a desaceleração no crescimento de conectividade global.

A UIT afirma que existem 5,3 bilhões de pessoas aptas a utilizar a internet no mundo, mas desse total pelo menos 2,7 bilhões nunca tiveram acesso à rede. O número equivale a um terço da população mundial. Para a UIT, as tendências de queda de usuários se devem à falta de investimentos em infraestrutura e a um novo ímpeto para promover habilidades e conhecimentos digitais. Ele acredita que se nada for feito, a meta para conectar todo o mundo até 2030 não será cumprida.

Zhao diz que é preciso manter o ritmo de crescimento para que todos possam se beneficiar das tecnologias e dos recursos digitais. Segundo a UIT, no ano passado, havia 3 bilhões de pessoas sem acesso à internet. Este ano, são 2,7 bilhões. Antes da pandemia, o número era de 3,6 bilhões de desconectados ou quase metade da população mundial. Em meio a preocupações sobre a desaceleração do progresso, a agência da ONU indica dois grandes desafios para avançar com as transformações.

Áreas remotas e de difícil acesso

Dentre eles estão a conectividade universal que significa trazer todas as pessoas para a rede mundial. Aqueles que ainda vivem sem acesso à internet moram em áreas remotas e de difícil acesso.

A agência da ONU também aposta na mudança da conectividade básica para significativa, na qual os usuários possam não somente acessar a rede regularmente, mas também melhorar suas vidas.

Existem barreiras para tal como conexão lenta, pacotes de internet caros, desigualdade digital, barreiras linguísticas e de discriminação de gênero. Um outro problema são a falta de energia elétrica em muitas partes do mundo.

Acesso seguro, satisfatório e a um preço acessível para todos

A diretora do Departamento de Desenvolvimento da UIT, Doreen Bogdan-Martin, afirma que embora o crescimento no número de usuários seja positivo, não se pode presumir que o aumento robusto continue de forma inabalável. Para ela, será difícil conectar todas as pessoas no mundo devido a empecilhos geográficos e socioeconômicos.

Para a UIT, a conectividade significativa é um nível de conexão que permite aos usuários um acesso seguro, satisfatório e produtivo a um preço acessível. Em todo o mundo, a quantidade de internautas subiu 7%. Já a penetração da internet, que é a parcela de indivíduos usando a rede, cresceu 6% entre 2021 e 2022.Mas esse crescimento permanece desigual entre as regiões do globo.

As áreas com baixa penetração alcançaram um aumento mais rápido no ano passado, o que é um padrão natural para novas e emergentes tecnologias. A África, que permanece sendo a região menos conectada da UIT, teve 13% de crescimento, ano após ano, da penetração de internet. Hoje, 40% dos africanos estão conectados.

Os países árabes mostraram um crescimento robusto, com a internet alcançando 70% da população. Na região da Ásia-Pacífico, a penetração da internet subiu 61% no ano passado passando a 64% este ano. Já as Américas, os Estados Independentes da Commonwealth e a Europa alcançaram 3% de crescimento, com mais de 80% da população na internet em cada região. A Europa permanece a região mais conectada em todo o globo com 89% da população online.