A praga foi introduzida propositalmente no Brasil em 1980 por empresários interessados em produzir uma alternativa barata para o escargot. Como não houve aceitação do mercado, a criação do caramujo africano foi abandonada e virou a infestação atual que destrói as lavouras
Nos últimos cinco anos, a presença do caramujo-africano tem aumentado no Espírito Santo e está trazendo danos às lavouras capixabas. Por esse motivo, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) vem orientando os produtores rurais quanto às medidas de controle para evitar essa praga.
Introduzido no Brasil na década de 1980, o caramujo-africano chegou ao Brasil apenas para ser utilizado na culinária, como uma alternativa ao caracol da espécie escargot. Porém, por causa da pouca aceitação no mercado na época, as criações foram abandonadas e, com o alto desenvolvimento da espécie no Estado devido à falta de inimigos naturais e ao clima favorável para a reprodução, tem se tornado uma praga.
Para orientar os produtores rurais quanto às medidas de controle do caramujo-africano, o Incaper já realizou dois eventos presenciais, nos municípios de São Mateus e Jaguaré, e em formato on-line, por meio de uma live no canal do Instituto, no YouTube.
Infestação
Por isso, até os dias de hoje, as famílias de caramujo-africano estão instaladas e se reproduzindo, em focos de infestação, como lavouras, terreno de casas com quintal, hortas e jardins e até em terrenos baldios, com destaque para os municípios do litoral e do interior, principalmente naqueles com clima quente e úmido, danificando plantas normalmente durante a noite.
O pesquisador do Incaper, doutor em Entomologia, Renan Batista Queiroz, informou que as orientações sobre as medidas de controle para se evitar a praga têm acontecido porque se observou um aumento na população do caramujo-africano no norte do Estado, desde Aracruz até Conceição da Barra.
Prejuízos aos agricultores
“O caramujo-africano se alimenta de culturas economicamente importantes para o Estado, como café, cacau, mamão, pimenta-do-reino, hortaliças, entre várias outras, bem como de plantas ornamentais. Se essa situação não for evitada, isso pode continuar a trazer prejuízos significativos para a vida do produtor rural. O Incaper permanece atento quanto ao aparecimento e o combate dessa praga”, ressaltou Queiroz.
“Os prejuízos são tanto quantitativos quanto qualitativos porque devido à presença de muco ou mesmo das próprias pragas em algumas culturas, reduzem o seu valor ou diminuem a sua produtividade. Em plantas ornamentais causam danos estéticos que, em alguns casos, são irreversíveis”, explicou o pesquisador do Incaper.
Alto potencial reprodutivo
Em terras capixabas, a espécie Achatina fulica é uma das que mais têm aparecido. “Elas têm um alto potencial reprodutivo, onde cada fêmea é capaz de colocar até 400 ovos por ano, sendo que uma fêmea adulta pode viver de três a cinco anos. Vale lembrar que, se a desfolha for grande, pode comprometer a produção dessas lavouras”, acrescentou Queiroz.
Segundo o pesquisador, o primeiro passo que o agricultor deve adotar é a catação dos caramujos-africanos logo nos primeiros focos de infestação. Essa deve ser feita de forma criteriosa, com o uso de luvas de borracha ou sacos plásticos, para evitar qualquer tipo de contaminação.
Técnicas de combate
Entre as técnicas mais indicadas para combater o caramujo-africano é a utilização de iscas tóxicas, feitas à base de metaldeído, que devem ser distribuídos na dose de 50 gramas por metro quadrado, obtendo redução de mais de 80% da população infestante. Outra alternativa é o uso de sulfato de cobre pulverizado diretamente nos caramujos, respeitando a dose recomendada para cada caso. “Por ser um produto tóxico, o cobre pulverizado só deve ser aplicado sob supervisão técnica”, alertou Queiroz.
Uma outra medida recomendada pelo Incaper é o uso de armadilhas, que são instaladas nos locais infestados durante a noite e recolhidas durante o dia. “São colocadas sob panos ou estopas regados de leite e cerveja, que atraem lesmas e caracóis, que deverão ser recolhidos e destruídos manualmente ou em água fervente, ou ainda enterrados em uma vala e cobertos com cal”, explicou o pesquisador.
“Cal ou cinza também podem ser utilizados em volta da cultura dificultando o acesso dessas pragas. Após cada chuva ou semanalmente, pode-se repetir o procedimento”, completou.
Para orientar os produtores rurais quanto às medidas de controle do caramujo-africano, o Incaper já realizou dois eventos presenciais, nos municípios de São Mateus e Jaguaré, e em formato on-line, por meio de uma live no canal do Instituto, no YouTube.