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Inflação medida pelo IPCA-15 registrou em abril, na gestão do governo Bolsonaro, a maior alta em 27 anos

Inflação medida pelo IPCA-15 registrou neste mês uma alta de preços de 12,03% no período de um ano | Foto: EBC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de abril teve a maior alta para um mês de abril nos últimos 27 anos e foi de 1,73%, ficando 0,78 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de março (0,95%). Essa foi a maior variação mensal do indicador desde fevereiro de 2003 (2,19%) e a maior variação para um mês de abril desde abril de1995, quando o índice foi de 1,95%. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 4,31% e, em 12 meses, de 12,03%, acima dos 10,79% registrados nos 12 meses anteriores. Em abril de 2021, a taxa foi de 0,60%. Os números foram divulgados pelo IBGE.

Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em abril. A maior variação (3,43%) e o maior impacto (0,74 p.p.) vieram dos Transportes, que aceleraram em relação a março (0,68%). Na sequência, veio Alimentação e bebidas, com alta de 2,25% e impacto de 0,47 p.p. Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 70% do IPCA-15 em abril. Outros destaques foram o grupo Habitação (1,73%), que acelerou em relação ao mês anterior (0,53%), contribuindo com 0,28 p.p., e Vestuário (1,97%), terceira maior variação no índice do mês. Os demais grupos em alta ficaram entre o 0,05% de Educação e o 0,94% de Artigos de residência. O único com queda foi Comunicação, com -0,05%.

Tabela: Dados oficiais do IBGE

Aumento abusivo nos combustíveis

O resultado dos Transportes (3,43%) foi influenciado, principalmente, pelo aumento no preço dos combustíveis (7,54%). A gasolina teve alta de 7,51% e contribuiu com o maior impacto individual no índice do mês (0,48 p.p.). Além disso, houve altas nos preços do óleo diesel (13,11%), etanol (6,60%) e gás veicular (2,28%). Vale lembrar que, em 11 de março, o preço médio da gasolina da Petrobras para as distribuidoras foi reajustado em 18,77% e o do óleo diesel, em 24,93%. Outros destaques foram as passagens aéreas (9,43%), que haviam recuado em março (-7,55%), e o seguro voluntário de veículo (3,03%), cujos preços subiram pelo 8º mês consecutivo, acumulando alta de 23,46% nos últimos 12 meses.

Ainda em Transportes, a alta nos táxis (4,36%) decorre dos reajustes de 41,51% em São Paulo (17,77%), vigente desde 2 de abril, e de 14,10% em Fortaleza (1,02%), a partir de 12 de abril. No Rio de Janeiro, o preço da passagem de metrô subiu 12,07% no dia 2 de abril, resultando em uma alta de 5,17% na área e de 1,66% no agregado nacional do subitem. Também houve reajustes nas passagens de ônibus urbano (0,75%) em Curitiba (10,44%), com reajuste de 22,23%, válido desde 1º de março; Belém (6,67%) com alta de 11,11%, a partir de 28 de março; e Recife (0,24%) reajuste de 9,33%, em vigor desde 13 de fevereiro.

De março último para este mês, o preço médio dos alimentos e bebidas subiu 2,25%. A correção da perda do poder de compra nos salários somente será corrigida no ano que vem e menor do que a inflação | Tabela: IBGE

Alimentos e bebidas

A segunda maior variação entre os grupos pesquisados veio de Alimentação e bebidas (2,25%), puxada pela alta dos alimentos para consumo no domicílio (3,00%). Destacam-se, especialmente, o tomate (26,17%) e o leite longa vida (12,21%), que contribuíram conjuntamente com 0,16 p.p. no resultado do mês. Outros produtos importantes na cesta de consumo dos brasileiros, como a cenoura (15,02%), o óleo de soja (11,47%), a batata-inglesa (9,86%) e o pão francês (4,36%) também tiveram altas expressivas.

A alimentação fora do domicílio (0,28%) desacelerou em relação a março (0,52%). Enquanto a refeição passou de 0,25% em março para 0,45% em abril, o lanche seguiu movimento inverso, passando de 0,92% para 0,07%.

Gastos com habitação e vestuário

Em Habitação (1,73%), a maior variação (8,09%) e o maior impacto (0,11 p.p.) vieram do gás de botijão, na esteira do reajuste de 16,06% no preço médio de venda do GLP para as distribuidoras aplicado a partir de 11 de março. Também houve alta do gás encanado (3,31%), consequência dos reajustes de 7,72% no Rio de Janeiro (7,47%), em vigor desde 16 de março, e de 25,90% em Curitiba (8,82%), aplicado a partir de 25 de fevereiro. A segunda maior contribuição no grupo (0,09 p.p.) veio da energia elétrica (1,92%), com variações que foram desde -1,05% no Recife até 11,25% no Rio de Janeiro, onde houve reajustes de 15,58% e 17,30% nas duas concessionárias pesquisadas, ambos a partir de 15 de março.

Em Vestuário (1,97%), houve altas em todos os itens pesquisados, inclusive nas joias e bijuterias (0,61%), cujos preços haviam caído em março (-0,53%). A maior contribuição veio das roupas femininas, com alta de 2,70% e 0,03 p.p. de impacto no IPCA-15 de abril.

No grupo Saúde e cuidados pessoais (0,47%), o maior impacto (0,10 p.p.) veio dos produtos farmacêuticos (3,37%), após a autorização do reajuste de até 10,89% no preço dos medicamentos, a partir de 1º de abril. A desaceleração do grupo na comparação com o mês anterior (1,30%) deve-se, sobretudo, aos itens de higiene pessoal (-0,87%), que haviam tido alta de 3,98% em março.

Todas as áreas pesquisadas tiveram alta em abril. A maior variação foi em Curitiba (2,23%), influenciada pela alta de 10,25% nos preços da gasolina. Já o menor resultado foi registrado em Salvador (0,97%), onde houve queda de 1,46% nos artigos de higiene pessoal e de 8,14% nas passagens aéreas.

Para o cálculo do IPCA-15, foram comparados os preços coletados entre 17 de março e 13 de abril de 2022 (referência) com os preços vigentes entre 12 de fevereiro e 16 de março de 2022 (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia é a mesma do IPCA, diferindo apenas no período de coleta e na abrangência.