O uso da inteligência artificial não será benéfico para o trabalhador e muito menos para a humanidade, se o seu uso for indiscriminado e sem a existencia de regras rígidas para manter um controle. O alerta é de diplomata e pesquisador brasileiro Eugenio Vargas Garcia, que falou na Califórnia para o informativo ONU News nesta última sexta-feira (3). A Inteligência Artificial está cada vez mais inserida no nosso dia a dia embora muitas vezes não seja notada. Mas quais são os efeitos dessa tecnologia para as pessoas?, perguntou a ONU ao especialista Eugenio Garcia.
Ele começou dizendo o que é inteligência artificial. “São técnicas que envolvem aprendizagem de máquina e profunda, utilizando redes neuronais, o deep learning. Isso tem sido utilizado para executar tarefas que nós humanos não seriamos capazes de alcançar pela velocidade e amplitude dos dados que o sistema utiliza. Por exemplo, se você deseja identificar uma sequência de imagens, de fotografia em um banco de dados com milhões dessas imagens, nós demoraríamos muitos anos enquanto a IA pode fazer em questão de segundos.”
A ONU antecipou sobre os riscos que a rápida aprendizagem dos sistemas poderia significar e através da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), adotou recomendações para guiar a construção da infraestrutura legal e assegurar o desenvolvimento ético da tecnologia. De acordo com Garcia, esse documento da Unesco pretende “maximizar o potencial e minimizar os riscos” do uso da Inteligência Artificial. Ele reforça que grupos mais vulneráveis, como as crianças, podem estar expostos se os produtos fabricados com a inovação não contarem com boas práticas e processo éticos da concepção ao pós-venda.
“No caso das crianças, nós temos muitos exemplos dos perigos que a gente pode enfrentar em relação ao uso inadequado da tecnologia. Um exemplo seria no caso de um robô de brinquedo, que seja produzido utilizando a tecnologia de Inteligência Artificial para interagir com a criança. Se esse sistema não estiver realmente seguro e alinhado com os princípios isso poderia colocar a criança em risco. Vamos supor que nessa interação espontânea, o robô sugira uma brincadeira que, para ficar mais interessante, ela fique mais perigosa. Pode induzir, então, a criança a se colocar em risco”, destacou o pesquisador.
Recomendações
Garcia é doutor em História e também atua como especialista sobre o tema para as Nações Unidas, explicou que o texto adotado pela Unesco é baseado em dois pilares, buscando evitar abusos e usos antiéticos da Inteligência Artificial. O primeiro avalia os valores e princípios para a adoção da tecnologia e o segundo, as ações políticas, ou seja, como os Estados-membros vão buscar implementar as recomendações.
Ele destaca que o documento prevê o uso da inovação exclusivamente para fins pacíficos e concentrada no aspecto humano, não delegando à Inteligência Artificial decisões extremas. A aplicação também deve contribuir para reduzir a desigualdade socioeconômica no mundo.