Para o brasileiro os itens essenciais na hora de pagar as contas são os serviços básicos (água e luz) e de comunicação (Internet e telefone), segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil)

A recente pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com a Offerwis apurou que a prioridade dos consumidores é o os itens essenciais. O levantamento detectou que os entrevistados admitem que seus principais compromissos financeiros em dia são as contas de Internet (73%), água e luz (68%), telefone (65%), TV por assinatura (59%), e plano de saúde (48%).
Os mesmos pesquisados admitiram que deixaram para trás, em inadimplência, itens comprados no crédito como supermercado (52%), roupas, calçados e acessórios (36%), remédios (34%), eletrodomésticos (24%), e combustível (22%).
“Os smartphones passaram a ter uma importância tanto social quanto profissional na vida das pessoas. Ter como prioridade o pagamento das contas de internet e celular mostra o poder e a importância dessas ferramentas na vida da população. É importante saber utilizar a tecnologia como aliada na hora de comprar, fazendo pesquisa de preços”, destaca o o presidente da CNDL, José César da Costa.
Impulso no consumo
Segundo o CNDL, o impulso de consumo e a falta de planejamento financeiro estão entre os fatores que levam muitos consumidores à inadimplência. Entre aqueles que relataram ter ficado com contas em atraso por descontrole financeiro, 43% admitiram que aproveitaram uma promoção sem avaliar se cabia no orçamento.
Outros 23% justificaram a compra afirmando que desejavam muito determinado produto ou serviço e, se esperassem sobrar dinheiro, levaria tempo demais para adquiri-lo. Já 19% revelaram que estavam emocionalmente abalados e acabaram gastando como uma forma de compensação.
Além disso, nos últimos três meses anteriores à pesquisa, o consumo sem planejamento foi uma realidade para muitos entrevistados. Quase metade (47%) admitiu ter feito compras sabendo que o pagamento seria difícil, enquanto 39% adquiriram produtos ou serviços sem avaliar se conseguiriam quitá-los. A pesquisa mostra ainda que 29% afirmaram ter comprado algo conscientes de que não deveriam ter condições de pagar, evidenciando a influência das emoções e do impacto da falta de organização do orçamento na inadimplência das famílias, especialmente em um cenário de crescente endividamento.
Impacto da inadimplência na economia
A alta inadimplência no país impacta diretamente a economia e vida financeira dos consumidores. Apesar do cenário de queda no desemprego, o número de famílias endividadas bate recorde no Brasil. De acordo com levantamento as principais causas da inadimplência dos consumidores entrevistados foram os imprevistos com problemas de saúde, morte, manutenção da casa, carro etc. (19%) e a falta de controle financeiro do orçamento (17%). Já 15% dos inadimplentes afirmaram que tiveram queda da renda e para 14% os preços subiram muito.
De acordo com os entrevistados, as contas que estão com o pagamento em atraso são: cartão de crédito (15%), conta de água e luz (10%), cheque especial (9%), empréstimo em banco ou financeira (9%) e telefone (8%).
Já entre os que estão com o pagamento em atraso e foram negativados, as contas em atraso são: cartão de crédito (23%), empréstimo em banco ou financeira (16%), crediário (12%), cheque especial (12%) e contas de água e/ou luz (9%).
“O Governo tem olhado com atenção para a questão da inadimplência da população, inclusive tem lançado programas de negociação e de refinanciamento das dívidas, mas não têm surtido o efeito esperado. Além da questão dos juros altos, que impactam diretamente na capacidade de pagamento das contas, temos hoje um cenário de consumo exacerbado influenciado pelas redes sociais. O consumidor muitas vezes compra no impulso e depois não consegue honrar com os pagamentos”, destaca o José César da Costa.
Para a ,metade dos 77% ocorre a negativação do nome
Oito em cada dez inadimplentes (84%) afirmam que tem condições de pagar as dívidas nos próximos três meses, sendo que 51% pretendem quitar as pendências integralmente e 23% parcialmente. Por outro lado, 16% não têm condições de pagar suas dívidas nesse período.
As dívidas apresentam valor médio de R$ 2.444, sendo que 21% possuem dívidas entre R$ 2.500 até R$ 7.500 e 14% entre R$ 500 e R$ 1.000. Chama a atenção que se 77% dos entrevistados quitassem todas as dívidas atrasadas, o pagamento das suas contas básicas como água, luz, telefone, alimentos e aluguel (se houver) estaria comprometido, seja totalmente (40%) ou parcialmente (37%).
Um quarto dos entrevistados (26%) afirmam que os débitos comprometem entre 50% e 75% de seus ganhos, enquanto 22% dizem que as dívidas consomem entre 25% e 50% de sua renda. Já 20% declaram que as pendências financeiras representam até 25% dos seus rendimentos.
Considerando aqueles que pretendem quitar total ou integralmente suas dívidas nos próximos três meses, 33% vão fazer cortes no orçamento para economizar, 27% pretendem fazer um acordo com o credor parcelando o valor, 25% vão fazer algum tipo de bico para gerar renda extra e 23% vão utilizar dinheiro de comissões, bônus, férias etc.
Aqueles que têm intenção de economizar para quitar suas dívidas, devem cortar gastos principalmente com lazer (50%), alimentação fora de casa e delivery (49%), vestuário e calçados (43%), produtos de beleza (34%) e salão de beleza (30%).
Com relação aos principais desafios enfrentados por inadimplentes na hora de regularizar suas pendências financeiras, para 20%, a maior barreira é deixar de comprar coisas não essenciais que gosta, seguido de não ter de onde tirar dinheiro (20%), enquanto 19% apontaram a queda da renda. Além disso, 18% afirmam renunciar a itens essenciais para seu sustento e o da família, como principal obstáculo.
Perguntados sobre as consequências do não pagamento das dívidas, os entrevistados destacaram a negativação do nome (51%), o pagamento de taxas de juros mais altas (35%) e a perda de crédito em lojas e bancos (31%).
Amigos e familiares estimula gastar mais
Quase a metade (45%) dos inadimplentes se sentem pressionados a gastar mais quando estão com a família e amigos. 39% concordam que navegar nas redes sociais faz com que comprem sem pensar se podem pagar
A pesquisa mostra que 53% quase sempre cedem aos seus impulsos quando querem muito comprar algo, 53% gastam mais dinheiro do que o orçamento permite, 48% compram sem planejar para se sentir melhor e se valorizarem, 42% admitem que se endividaram porque o prazer de comprar é maior do que seu controle financeiro, 39% concordam que navegar nas redes sociais com frequência faz com que comprem sem pensar se têm condições de pagar, 36% dizem que as pessoas afirmam que eles compram demais e 33% dizem que gastam mais do que podem, acumulando dívidas, para acompanhar o padrão de vida de amigos.
As decisões financeiras não são apenas individuais, mas influenciam diretamente a dinâmica dos relacionamentos. Quase a metade (45%) concordam que se sentem pressionados a gastar mais quando estão com a família e amigos. Além disso, 44% dizem que sua reputação está sendo afetada pelas dívidas com o pagamento em atraso.
O consumo para agradar familiares também pesa: 43% frequentemente gastam mais do que podem para satisfazer as vontades de parceiros, namorados(as) e filhos. Como consequência, o aumento dos conflitos dentro de casa uma vez que, 32% relatam que a forma como administra seu dinheiro é motivo frequente de brigas com os pais, familiares próximos e/ou cônjuge.
“O levantamento revelou que a impulsividade e o descontrole financeiro desempenham um papel significativo na contração de dívidas, com muitos consumidores adquirindo bens e serviços sem planejamento ou sem considerar sua real capacidade de pagamento. Esse comportamento, além de comprometer a estabilidade financeira, também impacta os relacionamentos interpessoais. Os resultados da pesquisa reforçam a necessidade de maior conscientização sobre hábitos de consumo e planejamento financeiro, bem como o desenvolvimento de estratégias para evitar o endividamento excessivo, e que principalmente que comprometa o pagamento das despesas mensais’, afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior.