O nome do blogueiro bolsonarista, Allan Lopes dos Santos, foragido nos Estados Unidos e especializado em difusão de Fake News e de discursos de ódio, ainda não entrou na lista de procurados da Interpol, como foi solicitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta tarde de domingo (24), a Interpol exibe uma lista com 7.706 nomes de foragidos internacionais, mas ainda não consta o nome do fugitivo da Justiça brasileira. Na listagem em vigor constam terroristas, homicidas, estupradores, traficantes, entre outros.
Na última quinta-feira (21), o ministro Alexandre de Moraes , do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu pedido da Polícia Federal (PF) e determinou a prisão preventiva de Allan dos Santos por suspeitas de atuação em organização criminosa, crimes contra honra e incitação a crimes, preconceito e lavagem de dinheiro. O blogueiro bolsonarista está foragido ilegalmente nos Estados Unidos, já que o prazo de validade de seu passaporte de turista se expirou. Em outra decisão, igualmente a pedido da PF, Moraes determinou que o Google informe sobre lives e doadores do canal Terça Livre, desde janeiro de 2020. Leia a seguir a íntegra da decisão do ministro Moraes em arquivo PDF:
RepresentaoprisopreventivaALLANCanal difusor de Fake News já foi excluído
O canal do difusor de Fake Neus e de discursos de ódio já se encontra excluído da plataforma YouTube, assim como o seu site na internet. Também foi determinado o bloqueio de contas e de remessas de dinheiro a Santos, que está nos Estados Unidos, e requisitada cooperação jurídica para sua extradição. A embaixada norte-americana também foi informada. A Interpol foi acionada.
Segundo o ministro, a representação da Polícia Federal aponta o investigado como integrante de organização criminosa que aufere vantagem econômica por meio da monetização de vídeos e de doações. Para o relator, as medidas são necessárias para impor restrições financeiras, pois “há fortes indícios de que os valores arrecadados por meio de vídeos e lives na internet são utilizados de maneira ilícita, financiando a estrutura da organização criminosa que se investiga”.
“Prisão é a única medida”
Na avaliação do ministro Alexandre de Moraes, a prisão preventiva é a única medida apta a garantir a ordem pública, pois Santos continua a divulgar conteúdo criminoso, por meio de redes sociais, com objetivo de atacar integrantes de instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral brasileiro, reforçar o discurso de polarização e gerar animosidade dentro da sociedade, “promovendo o descrédito dos Poderes da República, além de outros crimes, e com a finalidade principal de arrecadar valores”.
De acordo com o ministro, o quadro fático que tem se consolidado, desde o ano passado, permite concluir pela adequação e pela proporcionalidade da medida extrema de restrição de liberdade, pois as medidas cautelares anteriormente impostas foram ineficientes para coibir as práticas criminosas.
“O que se observa, na verdade, é o crescimento do protagonismo de Allan Lopes dos Santos dentro da organização criminosa investigada, com arrecadação de dinheiro e propagação ampla de ataques ao Estado Democrático de Direito”, destacou. As decisões do ministro Alexandre de Moraes estavam sob sigilo, mas foram divulgadas em razão de vazamentos com trechos incompletos das decisões.
Instagram e YouTube
Segundo o Facebook, empresa proprietária do Instagram, o perfil de Allan foi bloqueado em “cumprimento de uma ordem judicial”. Por sua vez o YouTube destacou que o “Terça Livre foi removido em cumprimento de uma decisão proferida em processo judicial, que está sob segredo de Justiça”. Na última semana foi a vez do Twitter anunciar que havia suspendido a segunda conta de Allan dos Santos. Ele tinha no Twitter mais de 300 mil seguidores nesse novo perfil, após o primeiro ter sido suspenso em 2020.
Há dois inquéritos no STF investigando o bolsonarista Allan dos Santos por disseminação de Fake News e ameaça e incitação ao crime contra autoridades. No mês passado, ministra Rosa Weber determinou a manutenção da quebra dos sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal do difusor de Fake News e de discursos de ódio Allan dos Santos. Ele é tido como uma espécie de líder informal das redes bolsonaristas, e é muito ligado aos filhos de Bolsonaro.