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Jogos de azar são grave ameaça à saúde pública em todo o mundo, diz estudo


O estudo saiu publicado na conceituada revista cientifica The Lancet e traz um alerta de que essa ameaça é negligenciada pelas autoridades mundiais


Jogos de azar são grave ameaça à saúde pública em todo o mundo, diz estudo cientifico | Imagem: Redes sociais

“O jogo é uma ameaça negligenciada, pouco estudada e em expansão à saúde pública. O jogo não é uma simples atividade de lazer; é um comportamento viciante que prejudica a saúde. Os danos associados ao jogo são abrangentes, não só afetando a saúde e o bem-estar de um indivíduo, mas também a sua riqueza e relações, afetando famílias e comunidades com potenciais consequências ao longo da vida e aprofundando as desigualdades na saúde e na sociedade”, inicia a publicação.

Ao avaliar as barreiras à prevenção de danos à saúde relacionados com o jogo, é estimado que 46·2% dos adultos e 17·9% dos adolescentes se envolveram em jogos de azar no ano passado, a nível mundial. Embora apenas uma pequena proporção de indivíduos seja classificada como envolvida em jogos de azar problemáticos (1,4%), é considerado o efeito do jogo em todo o espectro de consumo como sendo crucial.

Para os empresários do setor, é um mercado altamente lucrativo

Ainda é estimado que que 5,5% das mulheres e 11,9% dos homens correm qualquer risco de jogo. O panorama epidemiológico está a mudar, com a participação de um número substancial de mulheres e jovens. Para a indústria de jogos de azar, este não é um cenário epidemiológico, este é um mercado em rápida expansão e altamente lucrativo.

Os especialistas estimam que cerca de 450 milhões de adultos enfrentam riscos relacionados ao jogo, sendo que aproximadamente 80 milhões sofrem de distúrbios do jogo ou vícios patológicos em apostas ou jogos eletrônicos.

Eles advertem ainda que o setor de jogos de azar, impulsionado por estratégias de marketing mais agressivas e pela facilidade de acesso à internet, está alcançando um público mais amplo do que nunca, incluindo adolescentes e crianças, que são expostos à publicidade de produtos de apostas de formas inéditas na era digital.

Governos ignoram os malefícios porque querem elevação de impostos

Outro ponto abordado é que por demasiado tempo, os governos também entraram em conflito devido aos benefícios que obtêm com os impostos e receitas de uma indústria lucrativa. “Prestaram pouca atenção à compreensão dos danos relacionados com o jogo. Basearam-se em abordagens demasiado simplificadas, apontando para a responsabilidade individual e os perigos para os indivíduos em alto risco. Equilibrar a saúde pública com interesses económicos concorrentes é agora crucial”, adverte.

Com isso, a própria prestigiada revista The Lancet faz um apelo aos governos e aos políticos para que tratem o jogo como um problema de saúde pública—, tal como acontece com outros produtos viciantes e insalubres, como o álcool e o tabaco, e forneça recomendações para prevenir e mitigar a vasta gama de danos associados ao jogo. As intervenções tanto a nível da população como a nível individual são importantes. Ainda apela à implementação de uma regulamentação eficaz sobre o jogo em todos os países e à inclusão de reduções na exposição da população, através de proibições ou restrições de acesso, promoção, marketing e patrocínio.

Também é solicitada a prestação de apoio e tratamento universal e acessível para os danos do jogo, juntamente com campanhas de sensibilização para esses danos. É recomendado que as proteções regulamentares incluam crianças e jovens, aplicando requisitos de idade mínima e identificação obrigatória; a disponibilização de medidas eficazes de proteção do consumidor, como a auto exclusão universal; a regulamentação de produtos proporcionais ao risco de danos; e medidas que limitem o consumo de jogos de azar, tais como limites aplicáveis de depósitos e apostas.