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Jornalistas lembram a irresponsabilidade do “kit Covid”, um coquetel maléfico para a saúde

Apoiadores de Bolsonaro confessam que chegam a tomar quatro comprimidos de vez, apenas por lealdade ao presidente | YouTube

Diante da insistência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de seus seguidores em difundir os remédios sem eficácia para o combate ao Covid-19 e da exigência de pequenos veículos de comunicação, cujos proprietários são apoiadores do presidente, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) emitiu uma nota oficial. No documento lembra da responsabilidade do jornalismo em informar sobre os malefícios para a saúde do “kit Covid”.

A Fenaj inicia a nota lembrando no momento em que o Brasil tem mais de 300 mil vidas “ceifadas” pela pandemia, com falta de leitos clínicos e de UTI para receber tantos doentes, há “uma disputa de narrativas que se acentua na imprensa em torno do que vem sendo chamado de “Kit Covid” – um coquetel de medicamentos que, a despeito de não contar com qualquer comprovação científica de eficácia contra a Covid-19, vem sendo prescrito e propagado entre a população sob a forma de tratamento precoce – que não existe”.

O documento da Fenaj lembra que “Este mesmo kit tem sido defendido amplamente por grupos ligados a estratos sociais empresariais, políticos e religiosos, que tentam convencer a opinião pública de que ‘bastaria realizar o tal tratamento precoce’ para que a vida e a economia sigam seu curso ‘normalmente’. Entre esses empresários com interesses diversos, estão também donos de empresas de comunicação, denuncia a entidade de representação nacional dos jornalistas.

Sem nominar quais são esses veículos de comunicação que propagavam o obscurantismo e as mentiras, destaca que esses donos de empresas de comunicação “agora abertamente atuam em defesa do ‘kit covid’, utilizando suas plataformas de mídia e o jornalismo profissional para esse fim, divulgando algo que não tem comprovação científica e, o mais grave, como ‘contraproposta’ à vacinação universalizada, única medida cientificamente comprovada para diminuir a propagação da doença”.

A insistência na divulgação dessas mentiras se confrontam com as manifestações de órgãos como a Organização Mundial de Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de inúmeras sociedades médicas e de outros profissionais de saúde e dos próprios fabricantes destes medicamentos, têm buscado alertar a sociedade sobre a inexistência de qualquer tipo de tratamento precoce contra a Covid-19, alertou a Fenaj.

Kit Covid = morte por hepatite

Na nota, a Fenaj disse que esses posicionamentos tem levado pacientes a ter uma piora drástica ou até mesmo perdido a vida face ao uso do chamado ‘Kit Covid’, entre esses casos, o registro crescente de mortes por hepatite medicamentosa. “Neste contexto, também tem crescido o número de jornalistas que procuram as entidades de representação profissional para denunciar a coação e a pressão por parte das empresas de jornalismo para a produção de reportagens que buscam conferir ao ‘tratamento precoce’ uma credibilidade que ele não tem e assim, enganar a opinião pública e empurrar as pessoas para a doença e a morte.

Desta forma, os Sindicatos dos Jornalistas Profissionais do Paraná e do Norte do Paraná e a Federação Nacional dos Jornalistas se posicionam de maneira a reafirmar para a sociedade o compromisso do jornalismo profissional com a defesa da vacina como única maneira comprovadamente científica de evitar precocemente o contágio pelo coronavírus e rechaçar o avanço de veículos de imprensa que utilizam seus meios para propagar a desinformação sobre o uso do ‘kit Covid’ como “tratamento precoce”.

Código de Ética do Jornalismo

O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, documento que rege a conduta dos jornalistas profissionais e devidamente habilitados para o exercício da profissão, aborda em seu artigo 1º o direito fundamental à informação; este, concebido como aquele que prevê o direito do profissional de informar, do cidadão de ser informado e de ambos de ter acesso à informação. Aspecto que ganha ainda mais peso quando uma informação perigosamente distorcida ou falseada pode representar o limite entre a vida e a morte, prosseguiu a nota.

“Nós, entidades de representação e defesa profissional, acreditamos que neste contexto, de avanço da pandemia e da epidemia de desinformação, é que o jornalismo profissional ganha ainda mais importância, exercendo papel fundamental no esclarecimento da sociedade e em defesa da saúde e da vida. Neste sentido, com base na orientação ética, faz-se necessário relembrar que é dever de todo jornalista profissional realizar a divulgação precisa e correta das informações (Art. 2º, inciso I); primar pela veracidade, buscando atender ao interesse público (Art. 2º, inciso II); se pautar pela apuração e correta divulgação dos fatos (Art. 4º); e informar claramente a sociedade sobre todas as questões que a afetam (Art. 12º, inciso IV)”, diz trecho do documento.

É lembrado ainda o Artigo 7º do Código de Ética estabelece que o jornalista não pode submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração e à correta divulgação da informação (Inciso II). Em outras palavras, nenhum profissional do Jornalismo pode contribuir para ou se omitir diante de práticas que busquem promover a desinformação e assim, lançar a sociedade ao obscurantismo e negacionismo. Tal asserção se torna ainda mais válida quando a informação tem o condão de preservar vidas.

Ainda no que se refere aos jornalistas que vêm sendo pressionados para contribuir para a desinformação da sociedade, o Artigo 13º do Código de Ética estabelece a cláusula de consciência, em que todo profissional pode se recusar a elaborar qualquer conteúdo jornalístico que desrespeite o que prevê o código deontológico da profissão.

Caso esta cláusula seja desrespeitada, os jornalistas podem e devem acionar, anonimamente, as Comissões de Ética dos Sindicatos de Jornalistas Profissionais ou a própria Comissão Nacional de Ética da Fenaj para denunciar empresários da Comunicação que, movidos por outros interesses, têm buscado promover a desinformação em um dos momentos mais dramáticos da pandemia e da história recente do Brasil.

Informações falsas

Conforme já apontou a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), é importante frisar que a difusão de informações falsas e/ou imprecisas se multiplica exponencialmente pelos meios virtuais, dificultando que as pessoas tenham acesso a fontes idôneas; contribuindo para o desenvolvimento de transtornos ligados à exaustão emocional e afetando o processo de tomada de decisão no cotidiano. Além disso, segundo a OPAS, a infodemia se aprofunda em meios às redes sociais, onde não há controle de qualidade da informação e em que qualquer pessoa pode escrever ou publicar qualquer coisa sem nenhum compromisso ético.

Diante destas questões, nosso apelo é para que os jornalistas profissionais resistam e não contribuam para a promoção da desinformação. O papel do jornalismo é o de orientar e informar corretamente a sociedade e cobrar das autoridades públicas as ações efetivas no combate à pandemia. Assinam a nota os Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná e a Federação Nacional dos Jornalistas