O Laboratório de Telecomunicações da Ufes (LabTel), em parceria com o Centro de Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento do ES (Cpid), criou uma solução inovadora para o monitoramento dos beija-flores. Instalada no Museu de Biologia Professor Mello Leitão, no município de Santa Teresa, a garrafa inteligente, também chamada de “Internet do Beija-Flor”, consegue identificar informações de temperatura, pressão e umidade do local onde o beija-flor se alimentou.
Com um pequeno chip acoplado na ave e um sistema de transmissão de dados à distância, os pesquisadores não vão precisar mais ficar longas horas observando o comportamento dos animais.
“O objetivo do projeto é aprimorar a aquisição de dados sobre os hábitos alimentares dos beija-flores que, no momento, é feita através da observação natural dessas aves. Como se pode imaginar, o atual método tem limitações óbvias que pretendemos contornar através do uso de tecnologias embarcadas, como Internet das Coisas (IoT), por exemplo”, explica o pesquisador do LabTel e designer de produtos Antônio Steinkopf.
Fase de testes
A estrutura do dispositivo está em fase de testes com a equipe do Instituto Nacional da Mata Atlântica (Inma). Em um primeiro momento, as aves se adaptaram ao objeto, mas a garrafa, que é de fácil manuseio, ganhou novas peças para evitar vazamentos e impedir que a água danifique as placas eletrônicas no interior do equipamento.
“O sistema funciona de forma semelhante ao pagamento por aproximação de cartão. Quando o beija-flor se aproxima da garrafa para beber água, é feita a leitura do chip que está implantado na ave. Em sequência, o sistema vai enviar a informação do horário e da localização, e os dados climáticos do local em que a garrafa foi instalada”, detalha Weliton Marques, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Ufes (PPGEE).
A tecnologia IoT utilizada refere-se à conexão entre equipamentos por meio de uma rede de comunicação sem fio, viabilizando a interação entre objetos e usuários. A parte eletrônica que compõe o sistema passa por testes periódicos no Cpid, onde os funcionamentos desses componentes são observados e otimizados.
Interdisciplinaridade
O estudo, que uniu ecologia e engenharia elétrica, gerou resultados satisfatórios. Segundo Steinkopf, com a automatização da aquisição de dados, o pesquisador consegue se dedicar melhor à análise do material coletado e aperfeiçoar ainda mais os resultados dos estudos. Ele acredita que a tecnologia poderá ser aplicada ao monitoramento de outras espécies de aves, como os jacus, que também habitam a região do Museu Mello Leitão.
O pesquisador do Inma Eduardo Mantovani frisa que as dificuldades de monitoramento do modo tradicional são muitas e a tecnologia implantada vai ajudar bastante. Ele pondera, ainda, que as aves se adaptaram bem ao dispositivo e destaca que a variedade de cores do equipamento ajuda a atrair os beija-flores, facilitando o trabalho.
“Embora existam sistemas parecidos em outros países, essa é uma tecnologia nova aqui no Brasil. As expectativas são as melhores possíveis, porque essa tecnologia promete muito”, finalizou. A pesquisa contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Instituto Mata Atlântica.
Texto: Ghenis Carlos, bolsista em projeto de comunicação