A ferrovia EF-118 terá 575 km, atravessando 23 municípios e conectando portos como Vitória e Açu, no Norte do Rio de Janeiro e integrando polos industriais e agrícolas. Não fará transporte de passageiros
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O Ministério dos Transportes informa que já está definido que o trecho do novo ramal ferroviário da Estrada de Ferro 118 (EF-118), que se conectará na divisa de Santa Leopoldina com Fundão, com Anchieta terá exatos 92 quilômetros de extensão. A informação é do secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, que esteve em Vitória (ES) na recente audiência pública que discutiu o novo traçado ferroviário. O intuito é ter um novo traçado ferroviário ligando o Espírito Santo à Nova Iguaçu (RJ), dividido em três etapas.
A primeira etapa é o trecho Norte a ser construído pela Vale, dentro do que preconiza a repactuação da renovação do contrato da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM). O traçado, que cortará o Distrito de Djalma Coutinho fará conexão com a EFVM próximo à Timbuí, já em Fundão, passando por Cariacica, Vila Velha, Guarapari e chegando à Anchieta. A EF-118 não fará transporte de passageiros, de acordo com o Ministério, mas somente carvão, minério de ferro, contêineres, ferro gusa, concentrado de cobre e Ferro Briquetado a Quente (HBI).
Nas outras duas etapas serão feitas licitações para promover a concessão à conglomerados empresariais interessados em investir no setor ferroviário. De acordo com Ribeiro, “o governo (Federal) investirá R$ 3,28 bilhões, e a concessão será de 50 anos, garantindo estabilidade financeira.” O leilão está previsto para 2026. Durante a audiência realizada em Vitória, foram apresentadas sugestões para aprimorar o projeto. O ouvidor da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), Robson Crepaldi, assumiu o compromisso de que a licitação terá “transparência e o controle social.”
A ANTT informa que tem a previsão de publicar o edital no quarto trimestre deste ano, sendo que o leilão ocorrerá no primeiro trimestre de 2026 e a assinatura do contrato no terceiro trimestre do mesmo ano. A expectativa do Ministério é que a nova ferrovia terá impacto direto na economia.
Outras duas etapas
Além do trecho entre Santa Leopoldina e Anchieta, que ficou acertado pelo Ministério dos Transportes que será construído pela Vale, sem licitação, já que a obrigatoriedade nessa construção foi incorporada à renovação do contrato da EFVM, haverá licitação para as outras duas etapas. O Trecho Central e o Trecho Sul.
O Trecho Central será um novo percurso de aproximadamente 170 quilômetros ligando Anchieta (ES) à São João da Barra (RJ), passando pelo Porto do Açu, prevendo 117 obras de arte especiais, como viadutos, pontes e pontilhões ferroviários, além de passagens rodoviárias inferiores. Já o Trecho Sul, com cerca de 325 quilômetros, conectará São João da Barra a Nova Iguaçu (RJ) e deverá ser executado como investimento adicional, caso acionado pelo Governo Federal. Este trecho, chamado brownfield (expansão ou revitalização de projeto já existente)., prevê a utilização de trechos existentes da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), a antiga Estrada de Ferro Leopoldina.