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Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial e PMV são acusados de LGBTfobia no carnaval da capital

Entre as pessoas do movimento LGBT há quem aposte que a fuga da Liesge do debate se deve a pressão contra a criação da Corte Real LGBT, por parte do atual prefeito bolsonarista e ultraconservador de direita de Vitória. A Liesge recebe dinheiro público da PMV e esse é o fator de pressão

Deborah Sabará reclama da Liege, que vem ignorando os pedidos de reunião para definir a Corte Real LBGT | Foto: Arquivo Pessoal

A Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial do Espírito Santo (Liesge) vem apresentando discriminação às reiteradas solicitações de reuniões feitas pelo Associação Gold (Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade) para definir a Corte Real LBGTQIA+ no carnaval de Vitória. A posição discriminatória da Lieges, que vem sendo acusada de LGBTfobia pela presidente da Associação Gold, Deborah Sabará, ocorre após a posse do prefeito bolsonarista de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicamnos).

Um ano antes de Pazolini assumir a Prefeitura, a posição da Liesge era outra e a favor da Corte Real LGBT

No entanto, ambos, tanto a Liesge quanto a Prefeitura de Vitória (PMV) optam por não dar esclarecimento público sobre o motivo que leva a negar projeto estabelecido pelo ex-presidente da própria Liesge, Edvaldo Teixeira da Silveira. No dia 24 de janeiro de 2020, praticamente um ano antes de Pazolini ter assumido o cargo de prefeito, assinou uma Carta de Anuência onde afirma “interesse em participarmos do projeto que visa realizar a eleição, também, da Corte Real LGBT no Carnaval de Vitória, conforme Edital Secult/ES nº 16, apresentado pela Associação Gold”.

Edson Neto e Xumbrega comandam a Liesge

Atualmente a Liesge é presidida pelo ex-presidente da Escola de Samba Chega Mais, Edson Neto e como como vice-presidente Emerson Xumbrega, da Escola de Samba Boa Vista, de Cariacica. A entidade tem CNPJ como qualquer empreendimento privado e recebe recursos públicos da Prefeitura de Vitória para a realização do carnaval, sendo assim é alvo de fiscalização por parte do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES).

Mas, a estranha omissão da Liesge levou a Associação Gold a fazer questionamentos através de sua rede social: “A atual gestão da Liga não tem mais interesse no projeto? Por quê? A pauta da diversidade não tem importância? Por que o presidente não atendeu nossa solicitação de reunião? Qual o motivo do descaso? Até agora não obtivemos nenhuma resposta da Liesge”. Na manhã desta terça-feira (4), a presidenta da Gold, Deborah Sabará atendeu a reportagem do Grafitti News e respondeu aos questionamentos.

Liesge e Pazolini

Ao ser perguntada se acreditava que os sinais de LGTBfobia da atual direção da Liesge estaria vinculada a alguma possível determinação do prefeito Pazolini, ela disse que o contato é com a entidade é não com a Prefeitura. Cabe a Liesge falar por si e por seus atos. Enfim, dar uma resposta e uma posição concreta sobre a realização da Corte Real LGBT.

“No meu entendimento, nós da Associação Gold enviamos ofício para a Liga das Escolas de Samba solicitando uma reunião e eles não respondem. Uma pessoa diz que não é eles, mas sim a gestão. Mas, quem está ligando com a gente é a Liga”, assinalou. Na listagem dos atuais dirigentes da Liesge conta no final o nome de Deborah Sabará como Diretora Social e de Projetos. Mas, ela disse que não participa da entidade.

Estranha homofobia em ambiente carnavalesco

Sabará concordou que é estranho em um ambiente de carnaval ocorrer discriminação homofóbica, mas explicou que há discriminação não só com as pessoas LGBT,.mas também com idosos e de pessoas obesas em destaques de alas.. Ela disse que a existência de uma Corte Real LGBT advém do fato de que há discriminação em a corte real tradicional vir com integrantes do movimento LGBT. Na sua avaliação, a Corte Real LGBT é transitória, uma vez que assim que a discriminação deixar de existir e a corte tradicional poder vir com destaques sem se importar com o sexo, a opção de uma corte especifica deixa de ter necessidade.

“Foi-se criando quadrados, onde rainha de bateria tem de ser assim, o mestre de bateria tem que ser do gênero masculino”, disse a presidenta da Gold. “Outra coisa que me incomoda é a ideia de que nós não precisamos de ser configurado o tempo todo na visão do Rio de Janeiro e São Paulo. Nós temos particularidades que o Rio de Janeiro não tem. O nosso grupo especial, por exemplo, faz carnaval com Sol quente, a 40 graus”, prosseguiu.

“Entendo que eu, pessoa jurídica, quando solicito espaço, pela Lei da Transparência, tem que responder. A Liga também é uma pessoa jurídica. Não recebemos nenhuma resposta. Uma negligencia em responder. Acho que no carnaval tudo pode. Existe em um momento e se desfaz num outro. Nós criamos o projeto de Corte LGBT. Existe uma proposta porque existe um problema. Se não existisse problema, não existiria o projeto”, prosseguiu. Ela completou dizendo que há “preconceitos quando a gente escuta as pessoas falando sobre a corte LGBT, a mulher que não tem o corpo que não são aqueles padronizados ou a idade. Vejo vários preconceitos e a gente precisa acordar e fazer esse debate”, finalizou.