O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participa, nestas próximas quarta (16) e quinta-feira (17), da 27ª Conferência do Clima da ONU, a COP27, em Sharm El-Sheikh, no Egito, que visa deter e lidar com as consequências das mudanças climáticas. Lula foi convidado pelo anfitrião do evento, o presidente egípcio Abdel Fattal El Sisi. O presidente eleito se avistará com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e com os presidentes Joe Biden (EUA) e Emmanuel Macron (França), entre outros líderes mundiais.
No evento, que não terá nenhuma participação do atual presidente brasileiro derrotado nas últimas eleições, Jair Bolsonaro (PL), que optou em ficar em casa, o presidente eleito brasileiro fará um pronunciamento oficial na COP27 e estará junto com os governadores da Amazônia e manterá encontros com membros da sociedade civil. Lula participará da conferência na quarta-feira (16/11) e na quinta-feira (17/11). Na sexta-feira (18), o próximo presidente brasileiro sai do Egito com destino a Portugal, para atender a um convite feito pelo presidente português Marcelo Rabelo Sousa, e onde manterá encontro com autoridades portuguesas. No fim da semana, Lula retorna ao Brasil.
Programação divulgada pelo governo de transição
Na quarta-feira (16), Lula participa, às 11 horas (horário local do Egito) do evento “Carta da Amazônia – uma agenda comum para a transição climática”, junto com os governadores Antônio Waldez Góes da Silva, do Amapá, Gladson de Lima Cameli, do Acre, Mauro Mendes, do Mato Grosso, Helder Barbalho, do Pará, Wanderlei Barbosa, do Tocantins, e Marcos Rocha, de Rondônia. Às 17h15 (hora local), Lula faz seu pronunciamento na COP27, na área da ONU (Blue Zone).
Na quinta-feira (17), às 10 horas (hora local), Lula se encontra com representantes da sociedade civil brasileira, no Brazil Hub, e, às 15 horas (hora local), com o Fórum Internacional dos Povos Indígenas/Fórum dos Povos sobre Mudança Climática. Na sexta-feira, Lula segue para Portugal, para se avistar com autoridades portuguesas e de onde retornará, no fim de semana, para o Brasil.
Depois de o atual presidente de extrema-direita ter aniquilado com os órgãos de fiscalização florestal e de ter estimulado a destruição da selva amazônica e dos territórios indígenas e de ter deixado o mundo estarrecido, a presença de Lula na COP27 é aguardada como sendo um dos principais atrativos do evento.
Planeta atinge 8 bilhões de pessoas nesta semana
Em pronunciamento neste último domingo (13), o secretário-geral da ONU, António Guterres, divulgou um artigo de opinião sobre chegada da população mundial a oito bilhões, número esse que será atingido nesta semana. “Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo de oito bilhões de pessoas repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos”, assinalou Guterres.
A população mundial chegará a oito bilhões em meados nesta semana – resultado dos avanços científicos e das melhorias na alimentação, na saúde pública e no saneamento. “No entanto, à medida que a nossa família humana cresce, está também cada vez mais dividida”, disse o dirigente da organização mundial. Bilhões de pessoas estão em dificuldades; centenas de milhões passam fome ou estão até subnutridas. Um número recorde de pessoas procura oportunidades, o alívio de dívidas e de dificuldades, das guerras e dos desastres climáticos, assinalou.”
Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo de oito bilhões de pessoas repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos. Os fatos falam por si só. Um pequeno grupo de bilionários possui a mesma riqueza que a metade mais pobre da população mundial. Os que estão entre os 1% mais ricos do mundo detêm um quinto do rendimento mundial. As pessoas nos países mais ricos podem viver até 30 anos a mais do que nos países mais pobres. À medida que o mundo se tornou mais rico e saudável nas últimas décadas, essas desigualdades também se agravaram”, prosseguiu.
Além destas tendências de longo prazo, ele destacou que a aceleração da crise climática e a recuperação desigual da pandemia de Covid-19 aumentam as desigualdades. Estamos na direção de uma catástrofe climática, com as emissões e as temperaturas em contínuo crescimento. Inundações, tempestades e secas estão devastando países que em quase nada contribuíram para o aquecimento global.
Guerra na Ucrânia
Guterres ainda se referiu à guerra na Ucrânia, que segundo ele tem agravado as atuais crises alimentar, energética e financeira, que atingem mais duramente as economias em desenvolvimento. Estas desigualdades têm um maior impacto nas mulheres e nas meninas e em grupos marginalizados que já são discriminados, acentuou.
“Muitos países do sul global enfrentam enormes dívidas, o agravamento da pobreza e da fome e os impactos crescentes da crise climática, tendo poucas oportunidades de investir numa recuperação sustentável da pandemia, na transição para as energias renováveis ou na educação e formação para a era digital. A raiva e o ressentimento contra os países desenvolvidos estão chegando ao limite”, continuou.
“As divisões tóxicas e a falta de confiança causam atrasos e impasses numa série de questões, do desarmamento nuclear ao terrorismo, passando pela saúde. Devemos frear estas tendências prejudiciais, curar relações e encontrar soluções conjuntas para os nossos desafios comuns. O primeiro passo passa por reconhecer que estas desigualdades desenfreadas são uma escolha que os países desenvolvidos têm a responsabilidade de reverter – já a partir deste mês na Conferência sobre as Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP27), no Egito, e na Cúpula do G20, em Bali”, finalizou.