Eliane Nogueira, de 72 anos, mãe do senador Ciro Nogueira (PP-PI) ganhou um mandato no Senado sem ter disputado eleição, apenas por ser suplente do filho, que se tornou ministro de Bolsonaro
A aberração na legislação eleitoral brasileira que permite um candidato ao Senado ter dois suplentes, que não são eleitos e muito menos tem seus nomes divulgados junto aos eleitores, fez com que nesta última quarta-feira (28) a mãe do senador bolsonarista Ciro Nogueira (PP-PI), a piauiense Eliane Nogueira (PP-PI) tomasse posse como senadora. Com informações da Agência Senado.
Ciro Nogueira se licenciou do Senado para ocupar o cargo de ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro e a sua vaga foi assumida pelo primeiro suplente, no caso a sua mãe. Ele colocou a mãe como suplente e como suplente um amigo, o Gil Marques de Medeiros, vulgo Gil Paraibano, também do PP, que, em 2020, foi eleito prefeito de Picos (PI).
A mãe de Ciro, de 72 anos, nunca exerceu um mandato político. Ou seja, não passou pela escadinha de um político carreirista, que começa como vereador. A mãe do senador licenciado disse à Agência Senado que dar continuidade ao trabalho realizado pelo filho. “É uma grande honra e muita responsabilidade”, disse a genitora do parlamentar. Sem noção do que poderá fazer, disse que “o amor pelo Piauí e a dedicação aos menos favorecidos vão nortear a atuação no Senado”.
Contarato quer acabar com essa farra
Segundo a Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar 64, de 1990), a indicação de parentes à suplência das chapas que concorrem ao Senado não é ilegal. No ano passado, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) apresentou o PLP 253/2020, que visa proibir a eleição de suplentes que sejam cônjuges, companheiros ou parentes dos candidatos. O projeto ainda não foi analisado.
A senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE) se licenciou temporariamente do mandato, dando lugar ao seu segundo suplente, o pastor evangélico e sem nenhuma experiência em assuntos parlamentares, Virginio de Carvalho (DEM-SE). A pastor entrou como suplente apenas para puxar os votos dos membros de sua igreja, já que evangélicos costumam votar na indicação política do pastor, o que é denominado de “voto de cabresto”.