Segundo a médica da Fiocruz, são mais de 90 faculdades de Medicina, que dentro de seu corpo docente não tem nenhum professor com título de Doutor
Em palestra feita em Vitória (ES), a pesquisadora capixaba da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcomo, alertou que o Brasil, que de um lado ostenta o título de ser o país com maior número de faculdades de Medicina, tem 90 dessas escolas não tem nenhum Doutor. “Quer dizer tem 90 que não tem nenhum Doutor no seu quadro de docentes, então isso é algo que nós não podemos aceitar como normal. Não, não podemos aceitar como normal”, assinalou.
“Então isso não é nem romantizar, nem humanizar e nem pensar na linha de cuidado que nós temos que ter. Então nesse sentido, eu gostaria de refletir com vocês, algumas questões de olhar o passado como eu aqui na escreve vida de testes e de dia que devia realmente os dois últimos milênios impendem muito bem nessa tessitura da história que faz um homem no planeta”, completou.
Dalcomo veio ao Espírito Santo para participar do 1º Simpósio de Inovação e Gestão na Saúde (SIGS)”,que se iniciou na última quinta-feira (1º) e se encerra neste domingo 4). O evento é uma realização da Fundação Estadual de Inovação em Saúde (iNOVA Capixaba), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi).
Currículo
Margareth Dalcomo tem um currículo longo. Ela tem os títulos de MD , PhD. Respiratory Physician by background. Doutora em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, Pesquisadora sênior da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, Presidente eleita da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia biênio 2023-2024, Membro de Comissões Científicas das Sociedades Brasileiras de Pneumologia e Tisiologia e de Infectologia, da REDE TB de Pesquisa em Tuberculose e membro do Steering Committee do Grupo denominado RESIST TB, da Boston Medical School.
Ainda integra o Grupo de Peritos para aprovação de medicamentos essenciais da OMS (Expert Group for Essential Medicines List), reconduzida em mandato até 2026. Membro do Regional Advisory Committee do Banco Mundial para projetos de saúde na Africa Subsaariana em Tuberculose e doenças respiratórias ocupacionais. Docente da Pós-graduação da PUC-RJ.
Ela ainda é membro e ex-coordenadora da Câmara Técnica de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Cremerj. Investigadora principal dos ensaios clínicos: SimplicTB da Global Alliance for Tb Research; do BRACE Trial para vacina BCG para prevenção da COVID19; do Estudo fase 3 para uso do Molnupiravir para Covid19; do Estudo de fase 3 para o Favipiravir para Covid19. Colunista semanal do jornal O Globo em A Hora da Ciência. Desde o início da pandemia da Covid19 atua como comunicadora da ciência em órgãos de imprensa, com mais de 500 intervenções e entrevistas.
Covid
Durante a sua palestra magna, Dalcomo que é uma das principais referências brasileiras em Covid, falou sobre a doença. “Ninguém saiu igual do que se viveu. Nós perdemos mais gente, amigos, parentes, alunos, paciente do que precisávamos de ter pedido. Eu perdi os meus primeiros pacientes logo depois do carnaval de 2020, onde nós começamos a internar. Gente que vinha do Sambódromo que tinha ido à carnaval e que apresentava pneumonia grave e vários falecer. Nós não sabiamos o que era na primeira segunda semana de março”, começou a narrativa.
“No dia dez o ministro Mandeta (Luiz Mandeta, ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro) convidou um grupo de médicos. Eu tive o privilégio de fazer parte, pela Fiocruz, daquele grupo de médicos que, na verdade, ao ouvir aqueles colegas que nos antecederam nós entendemos o que era o novo, algo muito grave. Isso é que fez com que eu tivesse assumido um papel e protanismo. Esse protagonismo tão especial”, continuou.