A medica pneumologista capixaba Margareth Dalcomo, ferrenha defensora da vacina contra o Covid e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), voltou a integrar o Comitê de Peritos para a Seleção e Utilização de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde, em inglês Expert Committee on the Selection and Use of Essential Medicines. A informação foi divulgada pela Fiocruz e reproduzida pela Agência Brasil.
Margareth Dalcolmo é a única brasileira a fazer parte do Comitê de Especialistas, integrado por 18 peritos de diversos países do mundo, que fazem recomendações à OMS para a aprovação de fármacos da Lista de Medicamentos Essenciais. A pneumologista passou a integrar a lista em 2015, quando foi relatora da incorporação do novo esquema de tratamento da tuberculose. O novo mandato vai até 2026.
De acordo com a OMS, os medicamentos essenciais são aqueles que atendem às necessidades prioritárias de saúde da população e se destinam a estar sempre disponíveis nos sistemas de saúde, em quantidades e formas farmacêuticas adequadas, com qualidade assegurada e a preços que os indivíduos e a comunidade possam pagar.
As Listas Modelo de Medicamentos Essenciais da OMS servem como um guia para o desenvolvimento e atualização de listas nacionais e institucionais de medicamentos essenciais para apoiar a aquisição e fornecimento de medicamentos no setor público, esquemas de reembolso de medicamentos, doações de medicamentos e produção local de medicamentos.
OMS seleciona com base em conhecimentos
A seleção do Comitê de Especialistas acontece com base em seus conhecimentos e experiência profissional, ao mesmo tempo em que garante um equilíbrio geográfico e de gênero equitativo, a fim de fornecer representação e experiência prática de todas as regiões do mundo e em todos os cenários de todos os níveis de renda, esclareceu a Fiocruz.
Margareth Dalcolmo explicou, por sua vez, que esse grupo tem a responsabilidade de se reunir para aprovar as submissões de fármacos ou produtos para serem incorporados à lista da OMS. “São pessoas de muita qualificação e me sinto extremamente honrada com o convite para mais um mandato”, afirmou a pesquisadora brasileira.
Colatina, as duas faces da cidade
Ela nasceu em Colatina em 21 de junho de 1954 dentro de uma família de imigrantes italianos. Aos dois anos seus familiares se mudaram para o Rio de Janeiro onde cresceu. Na década de 1970 voltou para o Espírito Santo, para estudar Medicina na Emescanm, em Vitória, onde se formou em 1978. Fez sua residência médica em pneumologia na Fiocruz e em 1999 recebeu seu doutoramento na Escola Paulista de Medicina, vinculada a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), com a tese “Regime de curta duração, intermitente e parcialmente supervisionado, como estratégia de redução do abandono no tratamento da tuberculose no Brasil”.
Durante a pandemia de Covid-19 no Brasil, Margareth ganhou papel de destaque na imprensa brasileira, onde foi considerada uma das principais especialistas sobre a Covid e doenças pulmonares no país. Tornou-se participante ativa dos principais telejornais e programas brasileiros com o intuito de alertar a população aos riscos da doença e difundir a ciência para os telespectadores.
Colatina, sua terra natal, tem o outro lado obscuro na luta contra o Covid, que é a cidade onde nasceu o também médico bolsonarista e negacionista da vacina e defensor ferrenho da cloroquina, o atual secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE) do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro, o oftalmologista Hélio Angotti-Neto. Este último, defensor da cloroquina, formou-se em Medicina pela Ufes.