A determinação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, determinado ao PT e campanha presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apague qualquer referência a vídeo em que o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) onde diz que “pintou um clima” em encontro com meninas venezuelanas de 14 e 15 anos, não significa de que as ações ajuizadas por parlamentares sejam abandonadas e esquecidas. Pelo menos dois parlamentares já acionaram o Poder Judiciário, cobrando investigação sobre fala com teor pedófilo.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) já enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para investigar “prováveis crimes” cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro em relação a um encontro com meninas venezuelanas no Distrito Federal. Na petição enviada ao STF, Randolfe afirma que o presidente, na condição de chefe de Estado, deveria ter tomado providências se esteve diante de supostos crimes.
“O presidente não parece ter acionado o Ministério Público, Federal ou Distrital, a Polícia, Federal ou Civil do Distrito Federal, ou o Conselho Tutelar ao ver adolescentes (e talvez crianças) em situação suspeita de prostituição infantil, podendo ter incorrido no crime de prevaricação, ou, ainda, considerada a sua posição de garante, em todos os crimes ali perpetrados por criminosos”, diz o senador no documento protocolado no STF.
Por sua vez, o deputado distrital Leandro Grass (PV), que no último dia 2 concorreu às eleições como candidato ao governo do Distrito Federal e não conseguiu se eleger, encaminhou um ofício à Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitando que seja feita uma investigação sobre a fala de Jair Bolsonaro ao podcast Paparazzo Rubro-Negro, no último sábado (15), onde ele afirma ter “pintado um clima” entre ele e um grupo de adolescentes venezuelanas de 13 e 14 anos enquanto andava de moto na cidade de São Sebastião, região administrativa do Distrito Federal.
No ofício, Grass diz que o caso é “gravíssimo” e pede que se esclareça “o que de fato ocorreu, com a urgência que o caso requer”. O parlamentar também questiona por que Bolsonaro não acionou as autoridades competentes “para que providências fossem tomadas”.
“Se havia algum problema por ele verificado, deveria procurar as instâncias de controle, justamente para que providências fossem tomadas. Há, na região, Conselho Tutelar ativo e que exerce seu mister com bastante competência. Há, no Distrito Federal, Ministério Público extremamente capaz e que tem agido de forma impecável nas questões relacionadas a direitos humanos”, diz o documento enviado por Grass.
YouTube retirou o vídeo da sua plataforma
O podcast no canal Paparazzo Rubro-Negro, que foi realizado na última sexta-feira (14) através do YouTube, ganhou repercussão a partir deste último sábado (15), quando as redes sociais começaram a repercutir a fala de Bolsonaro, considerada como sendo de teor pedófilo. Diante da ampla repercussão negativa, o vídeo, que estava neste link foi retirado pelo YouTube. Agora, no lugar do vídeo, consta em um fundo negro, a inscrição “Este vídeo foi removido por violar as diretrizes da comunidade do YouTube.”
Neste final de semana, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) reproduziu uma entrevista da senadora Simone Tebet (MDB-MS), ex-candidata à Presidência da República no primeiro turno destas eleições, onde ela diz que “Bolsonaro terá que responder na justiça pela frase ‘pintou um clima.” A afirmação da senadora foi feita durante caminhada na orla da Zona Sul do Rio de Janeiro, na campanha de Lula.
Venezuelanas contestam fala de Bolsonaro
Neste domingo, uma das venezuelanas citadas por Bolsonaro contestou, em entrevista ao portal UOL, as afirmações de Bolsonaro de que as menores de idade, em insinuação de prostituição, estavam “arrumadas para ganhar a vida”. “Não tem nada a ver com o que ele está falando agora”, diz a venezuelana, que pediu ao UOL para ter seu nome preservado, por temer retaliação. O portal de notícias acrescenta que confirmou que ela realmente estava na casa citada pelo atual presidente no dia em que ele esteve no interior da residência.
E explicou porque as meninas estavam arrumadas: “Esse dia foi uma ação que acontecia na casa. Uma brasileira que fazia curso de estética vinha até aqui para fazer a prática do que estava aprendendo, de corte de cabelo, design de sobrancelha. Então, nós reuníamos um grupo de mulheres e era isso o que acontecia naquele dia”. Ela acrescentou na entrevista ao UOL que ainda havia adolescentes na casa naquele dia, entre elas, sua filha e sua sobrinha.