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MICROSCOSPIA – despertar do conhecimento científico

Conheça o Programa Grupo de Estudos em Microscopia (GEM) que vem utilizando a microscopia como recursos tecnológico, explorado no processo de inclusão, divulgação e alfabetização científica, como uma ferramenta de inovação e interdisciplinaridade na formação cidadã

Desde a primeira visualização da célula, no século XVII, por Robert Hooke, abrindo portas para os primeiros conceitos da teoria celular, a imagens de alta resolução, o microscópio passou a ser associado ao conhecimento científico. Por essas razões as técnicas de microscopia, suas aplicações e a enorme importância do conhecimento advindo de seu uso, não só despertam grande interesse entre os pesquisadores e técnicos, como transformou a microscopia numa ferramenta curiosa ao olhar do público.

Neste cenário, o Programa Grupo de Estudos em Microscopia (GEM) criado em maio de 2011 como um projeto de extensão, com ações em diversas vertentes como participação em eventos, cursos e palestras, vem utilizando a microscopia como recurso tecnológico, explorado no processo de inclusão, divulgação e alfabetização científica, como uma ferramenta de inovação e interdisciplinaridade na formação cidadã.

Para facilitar as ações são preparados modelos didáticos planos e tridimensionais com o uso de materiais de baixo custo como isopor, cartolina, massas plásticas e lentes de aumento (lupas de uso comum). As ações do GEM, abordando temas diversos, relacionados, sobretudo às técnicas e aplicações da Microscopia são realizadas principalmente nas dependências do Ifes. A equipe executora é constituída por alunos, técnicos, professores e pesquisadores convidados.

Além de produzir modelos didáticos, as ações do GEM contribuem na Formação de Professores (Figura 1).  Em 2018, professores de Ciências da rede pública participaram de cursos e oficinas para conhecer técnicas de utilização dos microscópios, produzir lâminas para uso em sala de aula e discutir possibilidades de do uso dessas ferramentas. Além disso, participaram de uma oficina para construção do microscópio interativo (Figura 2), que foi produzido com auxílio de um técnico do campus Vila Velha.

Para as atividades que envolvem crianças do ensino fundamental, é montada uma estrutura onde um aluno do ensino médio ou do curso de graduação, ambos do Ifes/Vila Velha “apadrinha”, ou seja, fica responsável por acompanhar o aluno das séries iniciais ensino fundamental a cada atividade proposta. Isso, para garantir o bom rendimento dos alunos assistidos pelo GEM.

As atividades promovidas pelo GEM permitiram a realização de dois produtos, o site divulgando as ações do GEM e o livro “Coleções de atividades didático-pedagógicas”, de aplicações no ensino fundamental. Este último nas versões de PDF em Fala PRO e LIBRAS. O desenvolvimento deste projeto vem demonstrando ações de inclusão, divulgação científica e, o mais importante, o uso da microscopia como ferramenta de inovação tecnológica.

Os temas apresentados são propostos pela a equipe executora em consonância com plano de ensino adotado pela escola e parecer favorável dos professores da rede pública atendido. Alguns temas propostos: A história da microscopia; A microscopia e as relações de tamanho; A microscopia na alimentação saudável; A revelação de substâncias por microscopia; Pequenos animais do jardim; A microscopia e o transporte da seiva em plantas; A microscopia e o cientista; A microscopia e os cuidados com o corpo; Criando modelos de células por meio da microscopia; A microscopia e a ilustração científica.

Para a realização dessas ações é montado um calendário e preparado uma estrutura física adequada a cada atividade, com laboratórios, auditórios e salas de aula, oferecidos preferencialmente pelo Ifes/Vila Velha.

No entanto, algumas atividades são realizadas em espaços externos ao Ifes, como no Estado de Roraima, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), nas cidades de Boa Vista e com os indígenas Wapichana habitantes dos interflúvio dos rios Branco e Rupununi, na fronteira entre o Brasil e a Guiana.

Mesmo com uma taxa de alfabetização mais alta em relação ao último censo, a população indígena ainda tem um nível educacional mais baixo em relação à população não indígena, especialmente na área rural (IBGE, 2010). Apesar de Artigo 78 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB de 1996), garantir entre outros, o acesso à informação, respeitando as identidades étnicas de cada povo, as condições de ensino ainda são precárias, principalmente no que diz respeito às instalações físicas. O que pode ser feito para reduzir essas diferenças?

Nessa perspectiva, ações do GEM foram realizadas em Roraima. Na cidade de Boa Vista se deu por meio de exposição de peças de microscópios, fazendo referências à história e aplicações da microscopia nas diversas áreas da ciência, como a exposição de uma réplica em tamanho real do microscópio de Leeuwenhok, onde o público pode comparar os primeiros microscópios com as técnicas microscópicas atuais. Essas peças ficaram a disposição para visitação e uso do público que participou da SNCT (Figura 5).

Já a participação do GEM na escola indígena de etnia Wapichana foi uma experiência impar. Para a realização das atividades que envolviam alunos do ensino fundamental I e II, faixa etária de 4 a 14 anos, foi montada uma estrutura na própria aldeia, utilizando ferramentas da microscopia, como lentes de aumento (lupas de uso comum), jogos didáticos, como quebra-cabeça e alfabeto lúdico, todas essas ferramentas faziam alusões a laboratórios e aos princípios da microscopia, como luz, lente e formação de imagem. Durante as atividades, também foi distribuído um livro paradidático, elaborado pelo Programa GEM, onde a microscopia é utilizada não só como uma ferramenta no ensino da matemática, bem como nas inúmeras aplicações que tal recurso tecnológico pode ser vislumbrado na inclusão e divulgação científica.

Os alunos que participaram das atividades ficaram admirados das aplicações que uma simples lente de aumento pode ter, da descoberta de um mundo aparentemente invisível, uma vez que puderam enxergar detalhes de pequenos insetos e plantas, antes desconhecidos.

Para a nossa surpresa as crianças que participaram das atividades propostas, não conheciam a palavra laboratório, nem o seu significado. Embora as crianças da aldeia falassem o português, o conhecimento da língua portuguesa ainda era limitado. 

Os Wapichana somam segundo dados da FUNASA (2010) de uma população de 14 mil pessoas, 7.832 indivíduos que vivem do lado brasileiro, e constituem a maior população de falantes de Aruak/ Aruaque no norte-amazônico. A introdução de novas palavras, e seus significados foi bem recebida pelos membros da aldeia. Neste contexto, foi possível observar que a microscopia como ferramenta de apoio ao ensino, contribuiu significativamente na construção de novas metodologias de ensino, o GEM, no âmbito do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes), uma instituição focada eminentemente no ensino técnico e tecnológico, desperta nas crianças o interesse por temas do cotidiano, como pequenos animais do jardim, fazendo desses temas uma conversa com as disciplinas que são ministradas em sala de aula.

Autores responsáveis pelo texto: Glória Maria de Farias Viégas Aquije (Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, Coordenadora do Programa GEM/Ifes); Germana Bueno Dias (Professora da Universidade Federal de Roraima); Débora Santos de Andrade Dutra (Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo); Fabiana da Silva Kauark (Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo); Fernanda Zanetti Becalli (Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo); Marisa Barbosa Lyra (Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo).