Em 2012, o prefeito de Vitória na época, João Coser, inaugurou ao lado da então ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, o monumento Pessoas Imprescindíveis, na Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória. Foi uma homenagem aos capixabas mortos e desaparecidos políticos no período da ditadura militar.
“É um momento de reconhecimento e agradecimento pela dedicação à democracia, ao Brasil e aos direitos humanos destas pessoas que dedicaram suas vidas e agora estão sendo homenageadas. Em nome do Governo Federal, quero pedir perdão pelos crimes cometidos pelo Estado durante a ditadura”, enfatizou a então ministra em um discurso firme e emocionado.
O monumento relata o nome de seis capixabas que enfrentaram o regime militar. São eles o jornalista Orlando Bonfim Júnior e os militantes do Partido Comunista do Brasil João Gualberto Calatrone (Zebão), Arildo Valadão, Marcos José de Lima, José Maurílio Patrício e Lincon Bicalho Roque. Todos terão o rosto gravado em preto, em baixo relevo, além do nome e das datas de nascimento e desaparecimento.
Alguns tiveram participação na Guerrilha do Araguaia, com o objetivo de, a partir do campo e com o apoio da população local, tentar retomar o poder. “A estimativa é que, durante os 21 anos de ditadura militar, mais de 50 mil pessoas foram presas logo nos primeiros meses de repressão; 20 mil foram torturadas e 356 morreram ou estão desaparecidas. Esse monumento marca a resistência e a luta dessas pessoas e a importância da democracia para esse País”, disse na época o prefeito João Coser.
Curta metragem
O jornalista Flávio Sarlo em 31 de março de 2016, em solenidade no Arquivo Público Estadual, lançou o documentário “Capixabas mortos e desaparecidos durante a ditadura militar”. O objetivo foi o de resgatar a memória dos capixabas que lutaram contra os desmandos da ditadura militar, sendo alguns em luta armada nos anos que antecedeu 1970, inclusive na Guerrilha do Araguaia.
No curta são ouvidos parentes e pessoas próximas dos desaparecidos e assassinados pelos militares do Exército, Marinha e Aeronáutica. São lembrados no documentário Arildo Valadão, José Maurílio Patrício, João Gualberto Calatroni e Marcos José de Lima, mortos na Guerrilha do Araguaia; além de Lincoln Bicalho Roque e o jornalista Orlando Bonfim Júnior.
O documentário, que teve a direção do jornalista Luiz Trevisan, foi feito com base nos levantamentos da Comissão Nacional da Verdade e do projeto “Memórias Reveladas” do Arquivo Nacional. Na ocasião do lançamento foi realizado um debate com os ex-presos políticos da ditadura militar no Espírito Santo Laura Coutinho, Perly Cipriano e Francisco Calmon, tendo como mediador o produtor do curta, Luiz Trevisan.