“A gente faz a nossa parte e não ficamos agarrados a vereador. A gente precisa de um apoio em Vila Isabel. Não há limpeza e são os moradores quem varrem as suas próprias portas”, diz a presidente da Associação de Moradores daquele bairro de Cariacica, Elza Patrício Fagundes
Mato alto pelas ruas, valas abertas com água parada e empossada, que contribui para proliferação de muito mosquito, falta de limpeza, iluminação de com lâmpadas amarelas de pouca intensidade e de falta de segurança, além de inexistência de uma área de lazer para as crianças, são alguns dos itens relatados. A presidente da Associação de Moradores de Vila Isabel e que também é presidente da Federação das Associações de Moradores de Cariacica (Famoc), Elza Patrício Fagundes, disse que relatou, através de ofício, os problemas do bairro ao prefeito do município, Euclério de Azevedo Sampaio Júnior em janeiro último, mas para sua surpresa constatou que a atual gestão municipal está desvalorizando as associações de moradores.
Na ocasião, a resposta que obteve é que as solicitações devem ser feitas através de um vereador, sendo que os atuais vereadores são desacreditados pela população por ser submissos ao Poder Executivo municipal. Ainda em janeiro último a Famoc divulgou uma nota onde contestava os malefícios de projetos do prefeito aprovados pelos vereadores, como o aumento abusivo do IPTU e a criação da Secretaria Municipal de Habitação e de inúmeros cargos comissionados em um ano de desemprego acentuado, queda na renda da população e do aumento da fome no país. Ainda foi citada na nota o aumento dos salários dos vereadores em 68% e o aumento de 28% na verba de gabinete dos mesmos vereadores.
População dos bairros está revoltada com o prefeito
“O povo fica muito revoltado. Nós não temos vereador (em Vila Isabel) e a gente não está sendo atendido. Queremos marcar audiência e não conseguimos. A gente não pode mais ficar calado. Perdi a paciência. Ficamos triste. Somos lideranças. Pedimos limpeza em Vila Isabel. Há (no bairro) uma área, que por ser ambiental e de propriedade de uma pessoa parente do Cabo Camata (Djair Camata, ex-prefeito de Cariacica de 1997 a 2000 e morto em acidente de automóvel, em São Mateus, em 2000) há valas abertas. Quando se pede à Prefeitura a limpeza do canal, a Prefeitura diz que é com o DER”, desabafa Elza Fagundes.
A falta de capina pela Prefeitura aumenta o problema da insegurança em Vila Isabel, por ser um local onde os marginais se escondem para abordar ás vítimas, que recebem ajuda da iluminação antiga, com lâmpadas de luz amarela e fraca, o que gera escuridão no bairro, explicou a presidente da Associação de Moradores. Quando as lideranças comunitárias reclamam, a Prefeitura ao invés de se interessar em ir cumprir com a sua obrigação, “manda procurar os donos (dos terrenos), sendo que quem tem i cadastro é a Prefeitura”, completa a dirigente da associação. “A Prefeitura prometeu trocar as lâmpadas no ano passado”, lembra Elza.
Em Jardim América a praça não é mais do povo
Em Cariacica quem contesta os aumentos de gastos exagerados da atual administração ou, em redes sociais, critica os salários abusivos dois ocupantes de cargos políticos comissionados, sofre perseguição por parte da fiscalização. Isso foi o que ocorreu como comerciantes de Jardim América, no dia seguinte ao protestarem em redes sociais sobre o aumento exagerado no IPTU, que o prefeito propôs e foi aprovado sem questionamentos pelos vereadores. No dia seguinte vieram fiscais e vasculharam a documentação das empresas desses empresários até alegar algum problema de lavrar multa e promover interdição.
Até a Praça Hugo Viola, que era gerenciada pela Associação dos Moradores de Jardim América e onde tinha a sede da entidade de representação dos moradores foi tomada. Primeiro, a atual gestão mandou o ex-candidato derrotado a prefeito das últimas eleições, Joel da Costa (PSL), que apoiou Euclério no segundo turno das eleições de 2022, a arrombar o cadeado da sede da Associação de Moradores e colocar outro cadeado. Em seguida, proibiu a realização de eventos que vinha sendo feitos pela comunidade, através da Associação de Moradores, que só podem ser feitos sob o conhecimento do ex-candidato derrotado. Para o TSE, ele disse que tem ocupação de policial militar, que fará 48 anos neste ano e que é divorciado.
Os moradores alegam que Joel nunca é vista no local de trabalho e que a Praça Hugo Viola voltou a ser um local ermo, sem movimentação e perigoso. A proibição de os moradores utilizarem a praça com eventos, como a ganga zumba ou eventos de aglutinação dos moradores, sob a supervisão da Associação de Moradores de Jardim América como sempre foi feito nas últimas gestões municipais (ex-prefeitos Juninho e Helder Salomão), transformou a praça em um local inseguro e perigoso.
Joel da Costa, que tinha um salário comissionado de pouco mais de R$ 5 mil, foi vendo sua remuneração crescendo muito acima do que o trabalhador teve no reajuste anual de 10%. Em março seu salário saltou para R$ .13.314,84. Ele foi nomeado em 11 de janeiro deste ano, através da Portaria/GP/Nº 27, para o inédito cargo de “administrador municipal” de praça pública. Moradores procuraram e não encontram nos 5.570 municípios brasileiros nem administrador de praça municipal com salário de R$ 13.314,84. O entendimento é que o cargo é uma recompensa pelo apoio político no segundo turno das eleições de 2020.