OMS coloca Angola, Brasil e Moçambique na lista de 30 países mais atingidos pela doença; mundo teve 7,5 milhões de novas notificações em 2022; homens foram a maioria do total mundial de 10,6 milhões de infectados
A tuberculose foi a segunda doença infecciosa que mais matou em 2022. Foram cerca de 1,3 milhões de óbitos registrados no período, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS. O Relatório Global sobre a Tuberculose 2023 alerta para a volta dos níveis de 2019. A publicação lançada nesta semana, em Genebra, revela que a Covid-19 provocou a maior perda de vidas por doenças infecciosas no ano passado.
No total de mortes por tuberculose em 2022, estão 167 mil pessoas que viviam com o HIV. A doença foi a que esteve mais associada aos óbitos dos infectados pelo vírus da Aids e uma das mais ligadas à resistência antimicrobiana.
O total é o mais alto em 28 anos
As pessoas vivendo com o HIV representavam 6,3% dos 7,5 milhões novos casos globais de tuberculose no período em análise. O total é o mais alto desde que a OMS iniciou a monitorização da tuberculose em todo o mundo 1995.
Das nações de língua portuguesa, Angola, Brasil e Moçambique constam entre os 30 países do mundo com o maior fardo da doença.
O ano passado teve 10,6 milhões de notificações em nível mundial: 5,8 milhões dos quais homens, 3,5 milhões mulheres e 1,3 milhões crianças. A taxa de incidência da tuberculose a cada 100 mil habitantes foi de 3,9% entre 2020 e 2022, contrariando a queda de cerca de 2% ao ano ocorrida em duas décadas.
Dois terços do total de casos
Os países com mais de dois terços do número global de pacientes são Índia, Indonésia, China, Filipinas, Paquistão, Nigéria, Bangladesh e República Democrática do Congo.
No entanto, a OMS revelou que cerca de 75 milhões de vidas foram salvas graças aos esforços para combater a tuberculose em todo o mundo que vêm sendo implementados desde o ano 2000.
Cerca de 34 milhões de pessoas tiveram tratamento em 2021. Com esse total a agência declara terem sido cumpridos 84% da meta de 40 milhões para o quinquênio 2018-2022 fixada na Reunião de Alto Nível da ONU para a Tuberculose.
A agência alerta para a grande disparidade entre a estimativa de pessoas que adoeceram e o número das que foram recentemente diagnosticadas. Cerca de 3,1 milhões não foram diagnosticadas ou oficialmente notificadas às autoridades nacionais em 2022.
Níveis de proteção social
Até o ano passado, eram necessários anualmente US$ 13 bilhões para ações essenciais de prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidados relacionados à doença seguindo a meta global.
A OMS chama ainda a atenção para a queda observada nos gastos globais em serviços essenciais contra a tuberculose a partir de 2018. A queda foi de cerca de US$ 6,5 bilhões em 2019 para 5,8 bilhões em 2022, ou menos de metade da meta.
As recomendações realçam que é preciso acelerar avanços para a cobertura universal de saúde, melhora nos níveis de proteção social e ação de diferentes setores sobre determinantes da tuberculose para reduzir o fardo da doença.
Outra questão que preocupa a OMS é o nível de gastos. Cerca de metade dos pacientes e seus agregados enfrentam despesas médicas diretas, e outros custos indiretos maiores que 20% do rendimento anual do familiar.
Subnutrição e infecção pelo HIV
A proporção está aquém dos objetivos de alto nível da Estratégia para Acabar com a Tuberculose. Em 2022, estima-se que 2,2 milhões de casos estiveram associados à subnutrição e 0,89 milhão à infecção pelo HIV.
A agência destaca ainda uma disponibilidade de testes, produtos ou métodos em desenvolvimento.
Entre eles estão exames moleculares para a detecção da doença e resistência aos medicamentos, ensaios para a detecção da infecção, detecção assistida por computador e rastreio com uso de radiografia digital de tórax e uma nova classe de tecnologias de captura de aerossóis para diagnóstico.