fbpx
Início > Movimentação de placas tectônicas pode estar entre motivos de tremores em Pancas, diz professora da Ufes

Movimentação de placas tectônicas pode estar entre motivos de tremores em Pancas, diz professora da Ufes

Professora da Ufes diz que tremores em Pancas estão associados à movimentação das placas tectônicas | Ilustração: Ufes

Os constantes tremores de terras ocorridos no município de Pancas, região noroeste do Espírito Santo, localizado a aproximadamente 140 quilômetros de Vitória, tem despertado interesse e preocupação dos moradores da localidade e de pesquisadores.

O último aconteceu na noite do dia 13 de julho, às 20h14, e registrou magnitude de 1.4 na escala Richter. Foi o terceiro tremor de terra registrado na região, no período de dois meses, pelas estações da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), que são operadas pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo a professora do Departamento de Geografia da Ufes Luiza Bricalli, doutora em Geologia, os motivos das ocorrências desses eventos sísmicos no Espírito Santo podem estar relacionados a vários aspectos. Dentre eles, estão a movimentação das placas tectônicas da crosta terrestre; a compressão da placa Sul-Americana onde o Brasil está inserido, devido à própria movimentação das placas tectônicas; a movimentação das falhas transcorrentes da dorsal mesotlântica, que se prolongam para o continente; e a movimentação de falhas geológicas locais.

A pesquisadora destaca ainda que as características geológicas específicas de bacias sedimentares que causam atividades sísmicas, especialmente nas bordas dessas bacias, onde há a presença de falhas geológicas e o peso delas, bem como a espessura da crosta terrestre, também podem ter contribuído para os tremores na região.

Vitória registrou em 1955 um terremoto de 6,1 da escala Richter, o segundo maior do Brasil nestes últimos 66 anos | Vídeo: YouTube

Terremoto em Vitória

Já fez 66 anos que a região metropolitana de Vitória e alguns municípios do interior registraram na primeira segunda-feira após o Carnaval de 1955, exatamente às 22h55 do dia 28 de fevereiro, de 1955 o segundo maior terremoto da história do Brasil. A marca continua imbatível no Brasil. Foi 30 segundos e com intensidade 6,1 na escala Richter. Não houve vítimas fatais.  Apenas estremeceu as casas, quebrando   ou vidraças e destelhou algumas casas, além de balançar fortemente as cristaleiras,  portas e janelas e provocando pânico.

Naquela noite de terror, todos saíram de suas casas e uma multidão saiu as ruas. Muitos se dirigiram à Volta do Rabayoli, no sentido da Vila Rubim para Santo Antônio onde tinha sido ouvido uma forte explosão.  Foi um galpão do Governo do Estado que ruiu. A única construção a desabar. Segundo o setor de sismologia da Universidade de Brasília  (UnB), o epicentro do sismo de grande intensidade  ocorreu no mar, a cerca de 360 quilômetros de Vitória, na região da cadeia submarina Vitória à Ilha de Trindade.

Na ocasião o jornalista José Luiz Holzmeister fez um minucioso relato do terremoto na imprensa local,  que até então não se sabia de sua relevância histórica.  Além de detalhar aa constatações na Ilha de Vitória ele registrou “alongando-se por Jardim América, Itaquari, Campo Grande, Itacibá, no município de Cariacica; Cobilândia, Paul, Argolas e Vila Velha, no município do Espírito Santo e pode constatar que o fenômeno foi sentido em todos esses locais”.

No seu texto o jornalista Holzmeister ainda registrou: “Enquanto nossa reportagem percorria as ruas centrais, bairros e distritos, procuramos nos comunicar com Colatina, Guarapari e outras cidades. Apenas dessas duas recebemos notícias e essas esclarecendo que ali o fato fora notado. Em Colatina, tanto do lado da cidade como do lado norte foi pressentido o tremor por várias pessoas, tendo em Guarapari, numa certa casa residencial, uma cama percorrido mais de um metro pelo tremor.

“Angústia e pânico” em Vitória

No dia seguinte o terremoto foi noticiado pelo jornal O Globo, do Rio de Janeiro. “Esta capital e alguns municípios espírito-santenses viveram ontem à noite, minutos de angústia e de pânico. É que um tremor de terra, que durou cerca de 30 segundos, abalou Vitória, jogando nas ruas a população alarmada e surpreendida com o fenômeno”, (O Globo, 1/3/1955).

O Brasil encontra-se sobre a Placa Sul-Americana, bem como todo o subcontinente América do Sul. Essa placa possui mais de 43 milhões de quilômetros e cerca de 200 quilômetros de largura. A localização central do país sobre a placa faz com que aqui não haja tantas incidências de abalos sísmicos.

Tremor provocou 316 mil mortos no Haiti

A América Latina é uma regiões do globo especialmente vulnerável à ocorrência de terremotos pois se localiza perto das bordas de placas tectônicas. O terremoto de maior magnitude registrado no mundo aconteceu em Valdivia, no Chile, no dia 22 de maio de 1960. Foi 9,5 na escala Richter e deixo dois mil mortos e dois milhões de feridos. O terremoto de magnitude 7 que ocorreu no Haiti no 12 de janeiro de 2010, deixando 316 mil mortos, trouxe consequências econômicas até hoje, 10 anos depois. O epicentro ocorreu a apenas 15 quilômetros  da capital Porto Príncipe.

Menor do que o terremoto registrado em Vitória, a  Nicarágua teve um sismo de 6,2 da escala Richter no dia 23 de dezembro de 1972 e destruiu a capital Managua. Oficialmente foram contabilizados cerca de 10 mil mortos.. Mas estimativas apontam que pode ter sido o dobro disso. A imprecisão se deve ao fato de que muitos cadáveres não puderam ser resgatados e o número de desaparecidos nunca foi determinado.