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Municípios atendidos pela Cesan estão entre 493 cidades que recebem água com produtos cancerígenos

Municípios capixabas estão entre as 493 cidades que recebem água com produtos cancerígenos | Infográfico: Repórter Brasil

Grafitti News com texto de Hélen Freitas, Agência Pública/Repórter Brasil

Municípios do Espírito Santo atendidos pela Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan) integram o mapa da água contamina com substâncias cancerígenas. Entre esses toda a Região Noroeste e parte da Região Norte do Espírito, integrada por Barra de São Francisco, Ecoporanga, Água Doce do Norte, Mantenópolis, Águia Branca, Alto Rio Novo, Mucurici, Ponto Belo, entre outros.

A denúncia foi feita pelo portal de noticias Levantamento inédito feito pela Repórter Brasil e reproduzido pela A Pública, revelando que 493 municípios brasileiros, ou seja, 1 em cada 5 que fizeram testes encontraram esses produtos acima do limite de segurança pelo menos uma vez entre 2018 e 2020. De acordo com o levantamento, bem diferente dos sintomas imediatos e já conhecidos após o consumo de água contaminada por coliformes fecais, a presença contínua desses produtos cancerígenos aumenta o risco de doenças crônicas, que podem ter consequências silenciosas a longo prazo, como problema no fígado, rins e sistema nervoso, além de aumentar o risco de câncer.

O Espírito Santo é o terreiro Estado com água contaminada por produtos químicos cancerígenos | Infográfico: Repórter Brasil

Fonte da pesquisa

As informações foram obtidas do Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), do Ministério da Saúde, que reúne os resultados de testes feitos pelas empresas e instituições responsáveis pelo abastecimento de todo o país. Os dados foram interpretados pela Repórter Brasil, com a ajuda de técnicos especialistas, e podem ser consultados por cidade na página do especial Mapa da Água.

Os subprodutos surgem da reação de substâncias que podem estar na água, como algas e esgoto, com o cloro ou outro desinfectante. Entretanto, o processo de tratamento é essencial, pois impede a propagação de doenças que podem ser fatais, como cólera, giardíase, disenteria e febre tifóide.

“O risco é realmente quando o monitoramento mostra que, durante anos, a água está com o valor elevado desses produtos, porque tem um efeito cumulativo que pode trazer consequências a longo prazo”, afirma Valter Pádua, professor do departamento de engenharia sanitária e ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Dos cinco subprodutos monitorados no Brasil, trihalometanos e ácidos haloacéticos são os que mais aparecem acima do limite. Esses grupos são classificados como “possivelmente cancerígenos” pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Encruzilhada

“É uma encruzilhada. A gente não pode deixar de usar cloro, porque o risco de ter um surto de tifo ou cólera é muito sério. Por outro lado, você não pode usar cloro demais, não pode ter essa produção de produtos secundários [outro termo para os subprodutos da desinfecção] em alta concentração, pois isso também pode gerar um risco das pessoas desenvolverem câncer”, pontua Paulo Barrocas, professor e pesquisador do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Fiocruz.

O Ministério da Saúde determina limites considerados seguros para cada um dos subprodutos monitorados na água, a fim de evitar o aparecimento de doenças na população. As instituições responsáveis pelo abastecimento (empresas, órgãos públicos ou outros grupos) devem realizar os testes para verificar a presença dessas substâncias e a sua concentração na água de 2 a 4 vezes por ano.

A norma brasileira determina que, em caso de testes acima do limite permitido, a população deve ser avisada, de forma transparente e clara, sobre os riscos que estão correndo e sobre as medidas que serão adotadas pelos responsáveis para solucionar o problema. Em nenhum dos municípios apurados pela reportagem isso aconteceu: São Paulo, Guarulhos e Florianópolis.

Dos 78 municípios capixabas, 53 estão sob o cojntrole da Cesan.. Outros 24 o fornecimento de água é feito pelas prfefeituras e Cachoeiro de Itapemirim entregou a distribuição de água para um grupo empresarial

Cesan

A Cesan atua em 53 municípios do Espírito Santo, por delegação do Governo do Estado e por meio de contratos de concessões com os municípios capixabas. Tem 91 Estações de Tratamento de Água (ETAs), que produzem uma média de 7.800 l/s (litros por segundo). O sistema de esgotamento sanitário é composto por 101 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), que têm capacidade para tratar 4223 l/s.

Os 53 municípios atendidos pela Cesan são: Afonso Cláudio, Água Doce do Norte, Águia Branca, Alto Rio Novo, Anchieta, Apiacá, Aracruz (Litoral), Atílio Vivácqua, Barra de São Francisco, Boa Esperança, Bom Jesus do Norte, Brejetuba, Cariacica, Castelo, Conceição da Barra, Conceição do Castelo, Divino de São Lourenço, Domingos Martins, Dores do Rio Preto, Ecoporanga, Fundão, Guarapari, Ibatiba, Irupi, Iúna, Laranja da Terra, Mantenópolis, Marechal Floriano, Montanha, Mucurici, Muniz Freire, Muqui, Nova Venécia, Pancas, Pedro Canário, Pinheiros, Piúma, Ponto Belo, Presidente Kennedy, Rio Novo do Sul, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, São Gabriel da Palha, São José do Calçado, São Roque do Canaã, Serra, Venda Nova do Imigrante, Viana, Vila Pavão, Vila Valério, Vila Velha, Vitória.