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Na liderança nacional em produção e exportação de gengibre, produtores capixabas trocam experiências

Produtores capixabas de gengibre se reúnem para aprimorar ainda mais a qualidade da raiz tuberosa | Foto: Cláudio Costa/Seag

Com exportação anual acima de 10 mil toneladas e receita do comércio exterior superando US$ 10 milhões (R$ 51,47 milhões), o Espírito Santo é o maior produtor de gengibre do Brasil. Mais de 60% das exportações brasileiras do gengibre (Zingiber officinale Roscoe), pertence à família botânica Zingiberaceae é produzida por agricultores capixabas. Na última semana o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) promoveu um encontro, em Santa Maria do Jetibá, com mais de 300 produtores.

O evento, realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) – campus Centro-Serrano, teve como objetivo debater sobre práticas e técnicas sustentáveis para promover a garantia da qualidade pós-colheita do gengibre para exportação. Também foi feita uma explanação, por técnicos do Incaper, sobre o combate a pragas e doenças na pós-colheita do gengibre. O gengibre tem como origem a Ásia, principalmente a região entre a Índia e a China e é uma raiz tuberosa usada tanto na culinária quanto na medicina.

“Um dos melhores gengibres do mundo”

“Nós produzimos hoje um dos melhores gengibres do mundo e, por este motivo, é uma grande satisfação trocar experiências entre os agricultores e com todos os envolvidos, para que possamos nos aprimorar em relação a um conjunto de tecnologias que visa a estimular e a qualificar a produção dessa cultura”, diz a diretora-técnica do Incaper, Sheila Cristina Prucoli Posse.

Um desses palestrantes, Hélcio Costa, salientou que os produtores devem manter os devidos cuidados com as mudas, fazer um bom preparo de solo, se necessário com orientações, e buscar os laboratórios disponíveis para investigar as suspeitas de doenças, antes de confirmarem qualquer diagnóstico. “Muitos produtores têm reclamado da ocorrência da Murcha de Fusarium no gengibre, mas é preciso que seja entregue este material nos laboratórios disponíveis para que seja feito a avaliação correta”, explicou.

Crescimento de 90% na produção

O extensionista do escritório local do Incaper em Santa Leopoldina, João Paulo Ramos. lembrou que de 2012 até este ano, o Brasil apontou um acréscimo na produção de gengibre de mais de 900%, considerando que 90% da produção acontece na região serrana do Estado. Segundo Ramos, desde 2021, o Espírito Santo passou a exportar mais de 2.100 conteiners de gengibre. “Esses números apontam ainda mais a certeza de uma cultura que tem transformado a vida das famílias rurais, uma vez que tem um modelo de produção adaptável para os agricultores familiares, com pouca mão de obra e uma alta produtividade em pequenas áreas”, ressaltou.

O produtor rural Pedro Henrique Rodrigues exporta gengibre há, aproximadamente, quatro anos para a Europa, a América do Norte e também para os mercados brasileiros. Segundo ele, o investimento em qualidade na cultura é um dos pontos cruciais para se obter sucesso. “Este encontro nos deu mais uma oportunidade para trocarmos nossas experiências e aprimorarmos os nossos conhecimentos em busca de melhorias na nossa produção e, cada vez mais, de bons profissionais. Isso muda a vida das famílias produtoras de gengibre”, acrescentou.

A produtora de gengibre Leonarda Maria Plaster, presidente da Cooperativa dos Produtores de Gengibre da Região Serrana do Espirito Santo (Coopginger), complementou que, uma vez que a exportação do gengibre tem crescido, a responsabilidade da qualidade na cultura não é apenas do produtor rural, mas também do Estado quanto ao apoio aos seus direitos. 

“Precisamos de apoio em relação às melhorias que colaboram para o fortalecimento nas relações comerciais, viabilizando maior profissionalização e infraestrutura para o crescimento da cultura, com resultados satisfatórios, pautado em valores de ética e sustentabilidade com a natureza e a valorização da produção das famílias rurais brasileiras”, afirmou Leonarda Plaster.

Produção capixaba de gengibre tem destaque nacional e internacional

“O encontro técnico do gengibre foi uma iniciativa do Incaper para promover as técnicas na pós-colheita. Essa especiaria eleva o destaque do Espírito Santo em níveis nacional e mundial. Para conquistarmos ainda mais os mercados internacionais, um produto de qualidade superior é essencial. O Incaper tem a premissa de dar assistência técnica e compartilhar os conhecimentos científicos com os produtores para que o gengibre obtenha qualidade ímpar. O Instituto agradece a todos os parceiros e produtores envolvidos no encontro”, disse Antônio Machado, diretor-presidente do Incaper.

“O Estado é o maior produtor e exportador nacional de gengibre, com um produto reconhecido nacional e internacionalmente. Por isso, o encontro técnico é de suma importância para que possamos debater os desafios e oportunidades do setor. Ações voltadas para as práticas agrícolas na produção do gengibre vão melhorar a qualidade do produto, agregando valor e gerando emprego e renda”, pontuou o secretário de Estado da Agricultura, Paulo Foletto. Leia a seguir o livro “Gengibre”, com 192 páginas e editado pelo Incaper. A obra faz uma completa radiografia sobre o que é essa raiz, métodos e praticas de cultivo orgânica, manejo e as principais doenças e pragas, além de como fazer a calagem e adubação, além de analisar aspectos socioeconômicos, em arquivo PDF:

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Onde ocorre a cultura do gengibre no Espírito Santo

Segundo informações do Livro do Gengibre, organizado por pesquisadores do Incaper e disponível na Biblioteca Rui Tendinha, no Espírito Santo, o cultivo está concentrado na região central serrana do Estado, com altitudes que variam de 500 a 800 metros, onde a principal exploração é a olericultura.

A atividade é desenvolvida por pequenos produtores da agricultura familiar, predominantemente de origem germânica, a maioria descendentes de pomeranos e que têm pequenas propriedades encravadas na Região de Montanhas do Estado, onde se encontra uma expressiva cobertura de Mata Atlântica e cujos maiores produtores são os municípios de Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá.

O grande aumento do consumo interno e o incremento das exportações para países não tradicionalmente consumidores estão contribuindo para o crescimento das áreas de plantio e para a fixação do homem no campo, fazendo dessa hortaliça uma grande opção de cultivo.