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Negro e abolicionista nascido no Século XIX pode vir a ser o patrono da educação capixaba


O projeto de lei nesse sentido voltou a tramitar na Assembleia Legislativa do Espírito Santo


Negro e abolicionista nascido no Século XIX pode vir a ser o patrono da educação capixaba | Imagens: AEL

Voltou a tramitar na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) o projeto de lei 404/2022, que nomeia o professor, jornalista, historiador e escritor, o abolicionista Amâncio Pinto Pereira (1862-1918) como patrono da educação capixaba. Para que o projeto seja aprovado depende apenas das aprovações das comissões legislativas, até a votação final no plenário do legislativo estadual.

O autor da homenagem, deputado Fabricio Gandini (PSD), disse que a iniciativa foi proposta através de  uma sugestão de membros da Academia Espírito-Santense de Letras (AEL). A proposta já teve a aprovação da Comissão de Educação, em reunião extraordinária híbrida que ocorreu nesta semana. Amâncio Pereira nasceu em Vitória em 1862, de origem humilde, negro e viveu num período no qual seu grupo não tinha plena liberdade, segundo a justificativa do deputado.

Em um texto assinado por Francisco Aurelio Ribeiro, a AEL fez um longo histórico da vida do professor, jornalista, historiador e escritor. “ Foi o mais importante escritor de sua época, tendo escrito poemas, contos, novelas, romances, artigos, almanaques, didáticos, e se consagrou como dramaturgo, por suas comédias, dramas, revistas e operetas, encenados nos teatros de Vitória por mais de trinta anos, de 1890 a 1920. Participou da vida cultural de Vitória em toda a sua existência e formou uma geração de capixabas amantes da história e da cultura do Espírito Santo.”, diz a Academia.

Sofreu discriminação social por ser negro, diz a AEL

“No entanto, seu nome e sua obra estão, hoje, desconhecidos pela maioria da população capixaba. De sua vasta obra literária, informativa e didática, só se encontram algumas poucas em nossas bibliotecas, sobretudo as últimas. Nenhuma antologia de poemas contempla sua obra poética, nem mesmo a de prosa. Por sua origem humilde, sem ter escolarização superior e ser descendente de negros, sofreu discriminação social, cultural e racial e, talvez por isso, sua obra, sobretudo a literária, tenha sido menosprezada pelos historiadores da literatura produzida no Espírito Santo, em todos os tempos”, completa a narrativa da AEL.

De acordo com o relato da entidade, Amâncio Pereira foi fundador e redator de dois jornais: Sete de Setembro e a Gazeta Literária, além de haver colaborado nas seguintes folhas: O Espírito-santense, Gazeta da Vitória, Gazeta do Itapemirim, Pyrilampo, Comércio do Espírito Santo, Echo da Lavoura, Autonomista, A Tribuna, Jornal Oficial, Diário da Manhã, Nova Senda, Regeneração, Meteoro, O Semanal, O Lidador, O Combate, Alvorada, A Ordem e na revista humorística O Olho, de Luiz de Fraga Santos e Aristóteles da Silva Santos. Publicou, abrangendo desde trabalhos didáticos até peças teatrais,

E ainda escreveu os seguintes livros: os seguintes livros: Noções abreviadas de Geografia e História do Espírito Santo, em cinco edições, a primeira datada de 1894 e adotada, como as demais, pela Diretoria da Instrução Pública do ES; Almanaque do Espírito Santo, o primeiro em 1899, o segundo,em 1918 e o terceiro, edição póstuma, em 1919; Traços biográficos, 1897; Folhas avulsas, 1895; Folhas dispersas, 1896; Humorismos, contos, 1897, Benevente, cidade de Anchieta, c.1900; Na lua de mel, comédia,  1895; O tio Mendes, comédia, 1897; O  engrossa: Virou-se contra o feiticeiro, comédia, 1890; Apuros de um marido, comédia em  um ato; Jorge ou perdição de  mulher; novela; Homens e coisas do  Espírito Santo, em dois volumes, o primeiro datado de 1897 e o segundo em  edição póstuma; Datas espírito-santenses, em dois volumes, o primeiro publicado em 1909 e o segundo em edição póstuma.

Serviço:

A íntegra da biografia de Amâncio Pinto Pereira pode ser lida no portal da Academia Espírito-Santense de Letras, clicando neste link.