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Nise Yamaguchi mente na CPI, irrita senadores, que decidem reconvocá-la

Yamaguchi foi na CPI da Pandemia para mentir. Irritou os senadores, que vão reconvocá-la | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A bolsonarista negou que tenha tentado induzir a Anvisa e o Ministério da Saúde para cometer o crime de adulterar a bula da cloroquina, para dizer o medicamento sem eficácia poderia ser usado contra a Covid-19

A médica bolsonarista Nise Hitomi Yamaguchi mentiu na CPI da Pandemia e irritou os senadores que integram o colegiado. Ela chegou contrariar as afirmações do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), almirante Antonio Barra Torres e do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de que tinha feito uma minuta para alterar a bula da cloroquina. Yamaguchi é defensora de medicamentos sem nenhum efeito para a Covid-19, como a cloroquina.

Além de negar a indução ao crime de alterar a bula de um medicamento, a bolsonarista ainda disse que não integrou um gabinete paralelo de negacionista à pandemia. “Eu desconheço um gabinete paralelo e muito menos que eu integre”, disse a interrogada pela CPI.

A CPI da Pandemia inaugurou nesta terça-feira uma nova fase de depoimentos, em que serão ouvidos profissionais de saúde e pesquisadores. Yamaguchi, que defendeu o uso da cloroquina como integrante do tratamento contra a Covid-19, autonomia para médicos afinados politicamente com Bolsonaro receitarem os medicamentos sem eficácia contra o coronavírus  dos médicos e a independência dos pacientes, mas negou que tenha tentado alterar a bula do remédio. As informações são da Agência Senado.

A bolsonarista mentiu tanto, que chegou negar depoimento e documentos da reunião onde pediu para alterar a bula da cloroquina

Acareação

Insatisfeito com o depoimento da médica, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), já avisou que será necessário fazer uma acareação com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ou com o diretor presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. 

Mandetta havia relatado aos parlamentares que participou de uma reunião no Palácio do Planalto, em abril do ano passado, quando viu um papel não timbrado que seria a minuta de um decreto presidencial para alterar a bula de modo a indicar o medicamento contra a covid-19. Dias depois, o chefe da Anvisa, Antonio Barra Torres, confirmou a reunião e disse que Nise Yamaguchi parecia estar “mobilizada com essa possibilidade”.

Pressionada várias vezes pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), e por outros senadores, ela negou e esclareceu que a reunião foi para tratar da Resolução 348, da Anvisa, sobre novas indicações terapêuticas.

“Fui convidada para uma reunião oficial e nessa situação não houve minuta de bula. Nem discuti isso. Não existiu nem ideia de mudança de bula por minuta ou decreto (…)Sou especialista em regulação, isso não existe”, afirmou a bolsonarista. “O que foi dito pelo ministro Mandetta e por Barra Torres é que o documento estava em cima da mesa e não foi aceito. Diante disso, o ministro Braga Netto rasgou o pape”, afirmou Aziz

Discussões

O depoimento foi marcado por interrupções e discussões entre os parlamentares. Oposicionistas e o relator alegaram que a médica não respondia a questões e a interromperam por várias vezes, o que provocou protestos da senadora Leila Barros (PSB-DF), que pediu respeito à testemunha. 

“Ela não consegue completar um raciocínio sequer e não pode se explicar”, reclamou Leila. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) chegou a apresentar uma questão de ordem para que a reunião fosse encerrada e a médica retornasse à CPI na condição de convocada. O presidente, Omar Aziz, cogitou a possibilidade, mas desistiu da ideia.