Bolsonaro usou os seus 40 minutos no programa jornalístico de maior audiência da televisão brasileira para difundir muitas mentiras e demonstrou ser um candidato incapacitado de pedir perdão às vítimas do Covid, que ele debochou no auge da pandemia. Ele conseguiu provar que não tem condições de exercer, novamente, a função de presidente da República
O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi na entrevista de 40 minutos ao vivo que o Jornal Nacional (JN) da Rede Globo está fazendo nesta semana, com os principais candidatos à Presidência da República para mentir, como se estivesse em um cercadinho com apoiadores. Os diversos portais de verificação de fake news atestam diversas mentidas que ele disse, enquanto foi duramente questionamento pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos.
A Agência Lupa observou que durante a entrevista, Bolsonaro usou uma informação falsa de que não teria xingado ministros do STF para acusar, um dos apresentadores, de “fake news”. Além disso, Bolsonaro voltou a defender a atuação do governo federal na pandemia e citou dados sobre o desempenho da sua gestão na economia. A Lupa checou algumas das frases ditas pelo presidente na entrevista. A assessoria de imprensa de Bolsonaro foi procurada pela agência, mas não deu respostas antes do fechamento da edição.
O portal Fato ou Fake, do G1 da Rede Globo, também disse que a afirmação de Bolsonaro para o apresentador do JN de que “Você não está falando a verdade quando diz ‘xingar ministro’ é falsa. E o portal enumera os diversos xingamentos que o atual presidente fez contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em julho de 2021, Bolsonaro chamou o ministro Luís Roberto Barros de idiota e imbecil: “Só um idiota para fazer isso aí. É um imbecil. Não pode um homem querer decidir o futuro do Brasil na fraude.”
No mês seguinte, em agosto, Barroso foi chamado de “filho da puta” por Bolsonaro, em Joinville. “Aquele filho da puta (…) está atrás de mim. Aquele filho da puta do Barroso.” Em setembro de 2021, durante as manifestações do dia 7, o presidente chamou Moraes de “canalha”: “Sai, Alexandre de Moraes, deixe de ser canalha, deixe de oprimir o povo brasileiro”, prosseguiu o portal Fato ou Fake.
Bolsonaro mentiu sobre a crise sanitária de Manaus
“Em menos de 48 horas cilindros [de oxigênio] começaram a chegar em Manaus”, mentiu o presidente e candidato à reeleição ao responder pergunta sobre a falta de oxigênio em Manaus durante o auge da pandemia do Covid-19. “A declaração é #FAKE. Veja por quê: A principal fornecedora de oxigênio para o Amazonas, a empresa White Martins, comunicou ao Ministério da Saúde a dificuldade de produção do insumo em 8 de janeiro de 2021, segundo a Procuradoria Geral da República (PGR)”, diz o portal da Rede Globo.
Outra mentira dita por Bolsonaro e registrada pelo Fato ou Fake é em relação a frase de Bolsonaro “Nós estamos num governo sem corrupção.” A declaração é #FAKE. Veja por quê: Ministros do governo de Jair Bolsonaro são alvos de diversas investigações por suspeita de corrupção que estão em andamento. Em 2021, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi acusado de participar de um grupo de exportação ilegal de madeira. As investigações da Polícia Federal apontaram para a existência de um “esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais”, que teria o envolvimento de Salles e de gestores do ministério e do Ibama.
Também em 2021, o então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, foi acusado de pedir um dólar de propina por cada dose adquirida de vacina contra a Covid-19. Em 2022, entre os casos que ganharam repercussão está o do ex-ministro da educação, Milton Ribeiro, que chegou a ser preso pela Polícia Federal. Ele é investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do MEC. Ribeiro é suspeito de favorecer cidades que possuíam o intermédio de pastores aliados do ministro. Prefeitos denunciaram ainda pedidos de propina em troca da liberação de recursos para os municípios.
Falta de ar
Descaradamente, Bolsonaro mentiu ao responder pergunta sobre deboche que ele fez ao imitar um paciente com Covid sentindo falta de ar. A jornalista Renata Vasconcellos perguntou “Agora, candidato, sobre o seu comportamento com as frases que eu mencionei, imitando pacientes com falta de ar, muitos viram isso como sinal de falta de compaixão, falta… “ e Bolsonaro não esperou a sua vez para falar e foi mentindo com a frase “Eu queria que você botasse no ar essa… Eu imitando falta de ar. Realmente”.
O que mais impressionou foi ver Bolsonaro dentro do estúdio do Jornal Nacional, que combateu com vigor a difusão de medicamentos sem nenhuma eficácia e nem comprovação cientifica contra Covid, usar o seu tempo para defender ideias para o novo mandato e insistir no “tratamento precoce”. Esse é o subterfúgio que ele usa para estimular o uso da cloroquina, entre outros remédios sem nenhuma eficácia, contra o Covid.
Tchuchuca do Centrão, foi alvo do questionamento de Bonner
Aos 29 minutos e 40 segundos, Bonner iniciou o seu questionamento dizendo que “em 2018 Bolsonaro se apresentava como sendo o candidato da antipolítica e o candidato contra o Centrão.e que na convenção de seu partido o general Heleno chegou a gritar se pega Centrão, não fica um, ao falar de ladrão com o Centrão, etc. Hoje, na verdade, o Centrão, ele é a base do seu governo. Inclusive quando o senhora estava saindo do Palácio do Planalto enfrentou aquele incidente de um youtuber que foi cobrado do senhora essa aliança do seu governo com o Centrão. Pergunto, porque eleitores como aquele se sentem traídos acreditariam em suas promessas de agora”.
Bolsonaro fugiu da pergunta e respondeu: “Você está me estimulando a ser ditador. Se eu deixar de lado, eu vou governar com o quê? Vou governar com o parlamento. Então, você está me estimulando a ser um ditador. São 513 deputados, 300 são de partidos de centro, pejorativamente chamado de Centrão. Disse que se aliou ao Centrão para poder governar, mas negou que sempre tenha sido da coligação com políticos corruptos, que se aliam ao governante em busca de dinheiro público.=
Mentiras em relação às urnas eletrônicas e ao PIX
O candidato à reeleição, de acordo com o UOL Confere, mais um a vez mentiu ao insistir na inveracidade de fraude nas urnas eletrônicas. “Em 2018 houve uma denúncia de fraude e a senhora Rosa Weber determinou que fosse aberto o inquérito pela Polícia Federal para apurar fraude, que obviamente se houve fraude eu ganhei”, disse Bolsonaro nessa frase sem sustentação com a verdade. O UOL Confere lembra que esse inquérito a que ele se refere ” não apura fraude nas eleições de 2018, mas um ataque hacker ao sistema interno do TSE, sem relação com o resultado do pleito”.
“Fizemos o Pix, tirando dinheiro dos banqueiros Jair Bolsonaro”, mentiu Bolsonaro. O UOL lembrou que o atual presidente Bolsonaro “não é o criador do Pix” e disse que a iniciativa foi iniciada de montar uma plataforma de transferência instantânea de dinheiro foi feita pelo Banco Central (BC) em 2018, durante o governo Michel Temer.
O UOL acrescentou que o então economista Ilan Goldfajn era o presidente do BC nessa época e que em maio de 2018, cinco meses antes de Bolsonaro ser eleito, o BC criou um Grupo de Trabalho denominado “Pagamentos Instantâneos” para produzir as especificações do sistema que viria a ser o Pix. Bolsonaro usou os seus 40 minutos para difundir muitas outras mentiras e demonstrou ser um candidato incapacitado de pedir perdão às vítimas do Covid, que ele debochou e que não tem condições de exercer, novamente, a função de presidente da República.