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Nova espécie de planta é descoberta no Espírito Santo e somente conhecida em duas localidades


Callianthe capixabae é uma espécie ornamental de um grupo conhecido como balãozinho japonês ou lanterninha japonesa. A descoberta foi publicada no periódico Phytotaxa, dedicado à taxonomia botânica


Callianthe capixabae é uma espécie ornamental de um grupo conhecido como balãozinho japonês ou lanterninha japonesa | Foto: Divulgação/INMA

Uma nova espécie de planta foi descrita na Mata Atlântica capixaba. A Callianthe capixabae, como foi batizada, é uma espécie ornamental de um grupo conhecido como balãozinho japonês ou lanterninha japonesa, e foi descrita somente para duas localidades: Parque Estadual Forno Grande, no município de Castelo, e a Serra do Valentim, entre os municípios de Iúna e Muniz Freire.

A descoberta foi publicada no final do último ano, no periódico Phytotaxa, dedicado à taxonomia botânica. O artigo traz descrição morfológica, comentários taxonômicos, ilustrações, distribuição, habitat e fenologia, além de uma tabela de comparação morfológica entre as novas espécies e as espécies morfologicamente mais próximas.

Callianthe capixabae é bastante semelhante a outras duas espécies, Callianthe glaziovii e Callianthe schenckii, mas os pesquisadores encontraram diferenças no indumento (pelos e escamas que cobrem a planta), tipos de inflorescência, nervuras do cálice, cor das pétalas e comprimento do fruto.

Para a análise, os pesquisadores Maria Tereza R. Costa e Massimo Bovini, ambos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), e João Paulo F. Zorzanelli, do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), coletaram amostras em campo e realizaram estudos nos herbários CAP e VIES, da Universidade Federal do Espírito Santo, MBML, do INMA, e RB, do JBRJ.

Floração ocorre de abril a agosto

“A nova espécie ocorre em sub-bosques florestais do interior do Espírito Santo, em altitudes de 1.100 a 1.300m. Sua floração foi registrada de abril a agosto e frutos foram registrados em julho. Em relação aos balõezinhos japoneses e lanternas japonesas amplamente cultivadas, Callianthe capixabae possui folhas totalmente distintas, com a parte de baixo, por exemplo, de coloração meio acinzentada, tecnicamente chamamos essa característica de folhas discolores”, explica João Paulo Zorzanelli, pesquisador do INMA.

Por sua característica ornamental, essa planta apresenta grande potencial para inclusão em programas de melhoramento genético e seu emprego em ornamentação, arborização e outros usos. Como é conhecida apenas para duas localidades e duas populações, não há uma avaliação de seu estado de conservação, sendo classificada como Deficiente em Dados, na escala da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês).

Risco de depredação

“Uma dessas populações está localizada na delimitação do Parque Estadual do Forno Grande (PEFG), que é protegido como unidade de conservação. No entanto, os espécimes estão localizados nas margens da pista única para ecoturismo, podendo sofrer depredação. A outra população foi identificada em uma mata à beira da estrada que dá acesso a torres de comunicação na Serra do Valentim, local que não faz parte de unidade de conservação, estando já sujeita a ameaças como incêndios florestais e cortes para manutenção periódica das estradas.

O entorno das localidades onde encontramos a Callianthe capixabae é composto principalmente por propriedades rurais de cultivo e pecuária de café e eucalipto, além de alguns fragmentos de Mata Atlântica. Esse contexto configura populações da espécie parcialmente isoladas e restritas, dificultando mecanismos essenciais para sua biodiversidade, como dispersão e fluxo gênico”, alerta Maria Tereza Costa, pesquisadora do JBRJ.

A descoberta de uma nova espécie de planta foi divulgada pelo Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), entidade do Governo Federal e cuja sede nacional está localizada na área urbana do município de Santa Teresa, Espírito Santo, onde se desenvolvem as atividades administrativas, científicas, museológicas e educativas. O INMA foi criado a partir da transferência do Museu de Biologia Professor Mello Leitão, fundado por Augusto Ruschi em 1949, para a estrutura do então Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), por intermédio da Lei 12.954, sancionada em 05 de fevereiro de 2014.

Semana da Mata Atlântica foi comemorada neste último final de semana | Imagem: Divulgação /INMA

2ª Semana da Mata Atlântica de Santa Teresa (ES)

Mata Atlântica é celebrada no dia 27 de maio e Santa Teresa, na região serrana do Espírito Santo, teve neste último final de semana atividades especiais para comemorar a data. O Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) realizou a “2ª Semana da Mata Atlântica de Santa Teresa/ES”, com o tema “Sons, cores e sabores da Mata Atlântica”, com o objetivo de promover reflexões sobre a diversidade biológica e a conservação desse importante bioma.

Santa Teresa, onde o INMA está instalado, é reconhecida mundialmente pela sua grande biodiversidade. Em algumas áreas, como anfíbios, é uma das mais biodiversas do planeta. Muitos estudos recentes evidenciam a riqueza biológica da região, que está situada no coração da Mata Atlântica.

Neste último sábado (27) e domingo (28), o parque do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, sede do INMA, teve um circuito especial mediado por pesquisadores da instituição, com participação da Reserva Natural Vale e da Reserva Biológica Augusto Ruschi, gerenciada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Nesse roteiro interativo, o público teve oportunidade de conhecer e de ter tido a experiência de sons, cores e sabores da Mata Atlântica. Bromélias e palmeira juçara, beija-flores e outras aves, estratégias de defesa nos animais, variedade de sons da Mata Atlântica e os aspectos humanos do bioma estão entre os assuntos abordados no circuito, que conta com jogo e oficina de pintura. O evento foi gratuito e aberto ao público.