OMS e Unicef devem vacinar até 370 milhões de crianças por ano; Paquistão e Afeganistão são os únicos países ainda endêmicos para a doença; cerca de 80% dos casos de variantes do vírus são encontrados em quatro regiões globais
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estão anunciando que implementarão ações de eliminação da poliomielite e de reforço de sistemas de saúde. A medida vai ser realizada graças a uma nova parceria para promover o tema.
A iniciativa anunciada em Bruxelas, na Bélgica, conta com fundos da Comissão Europeia, do Banco Europeu de Investimento e da Fundação Bill e Melinda Gates e quer expandir inovações e a capacidade de pesquisa em países de rendas baixa e média.
No Brasil, o negacionismo ameaça trazer a doença de volta
No Brasil, o Ministério da Saúde vem enfrentando dificuldades em cumprir as metas de vacinação devido ao negacionismo, que ficou mais forte durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o Ministério, a poliomielite (paralisia infantil) é uma doença contagiosa aguda causada por vírus que pode infectar crianças e adultos e em casos graves pode acarretar paralisia nos membros inferiores.
A vacinação é a única forma de prevenção. Todas as crianças menores de cinco anos devem ser vacinadas. A Poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes e provocar ou não paralisia.
Paquistão e Afeganistão
Do total prometido de 1,1 bilhão de euros (€ 1,1 bilhão) , cerca de 500 milhões seriam em novos financiamentos destinados à Iniciativa Mundial para a Erradicação da Poliomielite, implementada pelas agências das Nações Unidas. Atualmente, Paquistão e Afeganistão são dois países endêmicos para a doença. No total 80% dos casos de variantes do poli vírus são encontrados em apenas quatro regiões.
A iniciativa pretende aproveitar a oportunidade histórica para superar os últimos obstáculos e acabar com a poliomielite de uma vez por todas. Com os fundos anunciados, pretende-se que a vacinação contra a poliomielite chegue a quase 370 milhões de crianças anualmente. A ideia é chegar às não vacinadas ou com o calendário imunização incompleto em áreas globais de mais difícil alcance.
Importância de doadores
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, realçou os progressos rumo a um mundo livre da poliomielite. Ele destacou haver ferramentas e estratégias à disposição das autoridades para a atuação e a importância de doadores para ultrapassar barreiras na capacidade de uso.
A chefe da agência destacou a capacidade do programa de parar com toda a transmissão do vírus no futuro imediato, ao mesmo tempo que seriam satisfeitas as necessidades de saúde das comunidades de forma mais ampla. Para ela, a erradicação da poliomielite está ao alcance, mas o progresso ainda é frágil no processo que requer que se mantenha a concentração.
O Unicef espera que o novo financiamento ajude a garantir que todas as crianças sejam vacinadas para erradicar a poliomielite, ao mesmo tempo que os sistemas de saúde comunitários sejam fortalecidos. Para a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, a janela de oportunidade está cada vez mais estreita para acabar em definitivo com a poliomielite.