No Espírito Santo um ponto une o bolsonarista Lorenzo Pazolini e o socialista Renato Casagrande. Respectivamente prefeito de Vitória (ES) e governador do Espírito Santo, ambos implantaram as polêmicas câmeras sem um debate com a população
As acusações antigas de que as câmeras de reconhecimento facial, que implantadas em Vitória (ES) pelo prefeito bolsonarista Lorenzo Pazolini (Republicanos) e do governador do Partido Socialista Brasileira (PSB), Renato Casagrande, são racistas agora foram reforçadas com novas denúncias da Anistia Internacional. As câmeras “reconhecem” as pessoas negras como sendo bandidas e aciona a Polícia para prisão. Normalmente, a câmera vê o negro como iguais a pessoas que já possuem ficha policial criminal.
No caso da pesquisa, feita pela Anistia Internacional e parceiros, realizada em Nova York, foi detectado que os nova Iorquinos que vivem em áreas com mais riscos de abordagem e revista policial também são mais expostos à essa tecnologia de reconhecimento facial invasiva. Novas análises da campanha global “Ban the Scan” provaram que a vasta vigilância do Departamento de Polícia de Nova York afeta, particularmente, as pessoas que já são alvos de abordagem e revista em todos os cinco bairros da Cidade de Nova York.
No Bronx, Brooklyn e Queen, a pesquisa também mostrou que quanto maior a proporção de moradores não-brancos, maior a concentração de câmeras de vigilância com reconhecimento facial. “Nossa análise mostra que o uso da tecnologia de reconhecimento facial pelo Departamento de Polícia de Nova York ajuda a reforçar o policiamento discriminatório contra as comunidades em minoria da Cidade de Nova York”, diz Matt Mahmoudi, pesquisador de inteligência artificial e direitos humanos na Anistia Internacional.
“Nós sabemos há muito tempo que a abordagem e revista em Nova York é uma tática racista da polícia. Nós sabemos agora que as comunidades mais visadas pela abordagem e revista também são as que têm maior risco de descriminalização policial pela vigilância invasiva”. O chocante alcance da tecnologia de reconhecimento facial na cidade deixa bairros inteiros expostos à vigilância em massa. O Departamento de Polícia de Nova York deve agora divulgar como essa tecnologia invasiva é usada.
Racismo
Proibir o reconhecimento facial na vigilância em massa é um primeiro passo necessário para o desmanche do policiamento racista, e o Conselho da Cidade de Nova York agora deve, imediatamente se direcionar para uma proibição abrangente, atesta a Anistia Internacional. As descobertas são baseadas em dados de colaboração coletiva obtidas por centenas de voluntários digitais participantes do projeto Decode Surveillance NYC (ou Decodificar a Vigilância em NY)”, que mapeou mais de 25,500 câmeras de vigilância pela Cidade de Nova York. A Anistia Internacional trabalhou com cientistas de dados para comparar esses dados com as estatísticas da abordagem e revista, e dados demográficos.
As tecnologias de reconhecimento facial (TRF) para identificação são sistemas de vigilância em massa que violam o direito à privacidade e ameaçam os direitos à liberdade de reunião, igualdade e à não-discriminação. O Departamento de Polícia de Nova York usou a FDT em pelo menos 22,00 casos entre 2016 e 2019. Os dados dos incidentes de abordagem e revista pelo Departamento de Polícia de NY desde 2002 mostram que as comunidades negras e latinas vêm sido alvo esmagador dessas táticas.
No último ano, a Anistia Internacional processou o Departamento de Polícia de Nova York após recusa da revelação dos dados públicos em relação à aquisição de FDT e outras ferramentas de vigilância. A Anistia Internacional lançou nesta semana um novo site que permite aos usuários descobrir o potencial de qualquer rota de caminhada entre dois locais na Cidade de Nova York que podem ser expostos à vigilância de TRF.
Monitoramento de passeatas
Durante o movimento Vidas Negras Importam, no meio de 2020, Nova Iorquinos que estavam nos protestos experimentaram altos níveis de exposição de TRF. “Quando nós olhamos para as rotas que as pessoas podem ter usado para ir e voltar de protestos próximos das estações de metrô, encontramos uma quase completa cobertura de vigilância por câmeras, na sua maior parte câmeras Argus do Departamento de Polícia de Nova York,” diz Matt Mahmoudi.
“O uso difuso da tecnologia de reconhecimento facial é efetivamente uma abordagem e revista digital. O uso em massa da tecnologia de vigilância em sites de protestos está sendo usado para identificar, rastrear e assediar as pessoas que estão apenas exercendo seus direitos humanos.” Essa é uma tática para assustar deliberada usada pelo Departamento de Polícia de NY que não tem lugar em uma sociedade livre e deve ser parada imediatamente. O site também permite aos usuários rastrearem quanto o FRT é usado entre qualquer uma das atrações turísticas da cidade por traçar a distância e a possível rota tomada.
A Anistia Internacional encoraja os Nova Iorquinos a tomarem ação enviando uma carta de protesto para o seu membro do conselho, demandando a introdução de um projeto de lei que proíba o TRF para ajudar a proteger suas comunidades. Os usuários globais podem assinar a petição da Anistia Internacional pedindo pela regulamentação de quando e como sistemas públicos de TRF são usados.
Os parceiros de pesquisa que a Anistia Internacional incluem: Julien Cornebise, do Departamento de Ciência da Computação, University College London; BetaNYC, uma organização civil usando dados e tecnologias para responsabilizar o governo; e Dr. Damon Wischik, um cientista de dados independente.
A pesquisa marca a última fase da campanha “Ban The Scan”, seguindo investigações da vigilância em Nova York e Hyderabad, na Índia no ano passado. A Anistia Internacional está convocando um banimento total do uso, desenvolvimento, produção, vendas e exportação de TRF para o propósito de vigilância em massa por ambos estados e setor privado.