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Novo ministro dos Transportes aposta em ampliação da malha ferroviária


A dependência do Brasil ao transporte rodoviário para escoamento de produção e transporte vem de erros políticos sequenciais desde a década de 1920, o que permite que o pais apresente um transporte rodoviário caro e ineficiente


Ferrovia | Foto: Divulgação/Beth Santos/Agência Brasil

O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse, ao assumir o cargo nesta semana, que vai apostar na ampliação da malha ferroviária para cargas pesadas. Segundo Renan, no curto prazo, devem ser feitas revisões de contratos para destravar obras em rodovias com recursos privados. A dependência da economia brasileira do transporte rodoviário sempre foi uma crítica dos economistas, que veem no transporte ferroviário maior economia, segurança e integração nacional.

Renan Filho mencionou ainda a necessidade de impulsionar concessões. Ele prometeu apresentar em 15 dias um plano de ação para os primeiros 100 dias à frente da pasta dos Transportes. “Será necessário se debruçar sobre os contratos dos 15 mil quilômetros de rodovias concedidas e ampliar a participação do setor privado para agilizar essa tarefa”, afirmou. “Investiremos com critério onde precisa ser investido e contaremos com o setor privado para dar o impulso necessário ao programa de concessões”, disse ele, pouco depois.

O novo ministro citou levantamento recente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) segundo o qual 66% da malha rodoviária brasileira encontra-se em condições péssimas, ruins ou com algum problema de circulação. “Estima-se que a recuperação da malha demandaria R$ 100 bilhões em investimentos”, disse Renan. “Só para ilustrar, a má condição da malha consome, anualmente, 1 bilhão de litros de diesel desnecessariamente”, acrescentou o ministro.

Comparativo entre a malha ferroviária do Brasil e dos Estados Unidos | Imagem: Twitter

“Insustentável”

Ainda assim, ele afirmou que os exemplos pelo mundo mostram ser insustentável o transporte contínuo e crescente por via rodoviária, ante a larga produção agrícola e de minérios do Brasil. “O caminho para resolver o problema, todos sabemos, é ampliação da malha ferroviária”, frisou o ministro.

Renan ainda apontou a queda nos investimentos observada nos últimos quatro anos, que foi confirmada por seu antecessor, Marcelo Sampaio. “Tivemos escassez de orçamento nestes últimos quatro anos”, disse o ex-titular da Infraestrutura, um dos integrantes da equipe ministerial de Jair Bolsonaro a transmitir diretamente o cargo ao sucessor. O novo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também recebeu o cargo do antecessor, Carlos França.

O Ministério dos Transportes foi recriado pelo novo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desmembrou o Ministério da Infraestrutura em dois, criando também a pasta de Portos e Aeroportos, cujo titular é Marcio França.

A predominância do transporte brasileiro é rodoviário, muito mais caro e ineficiente do que o transporte ferroviário | Dados: ANTT

Opção errada por rodovias se intensificou nos anos 1950 e 1960

“A opção por investir em rodovia veio de uma política das década de 1950 e 1960, quando as rodovias eram vistas como infraestruturas do futuro. Hoje, temos uma estrutura rodoviária madura, com modelos bem implementado, enquanto temos uma malha ferroviária não tão desenvolvida assim”, disse a especialista em infraestrutura logística da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ilana Ferreira em debate com setores da agricultura.

O escoamento da produção agropecuária predomina nas estradas. A malha rodoviária transporta 75% de tudo o que é produzido no país e o resto é escoado pelas vias marítima, aérea e ferroviária. Por esse motivo, a dependência dos caminhoneiros é tão grande. A dependência serve para que a extrema-direita utilize os caminhoneiros como arma para trazer ameaças à democracia brasileira, como ocorreu recentemente nos atos antidemocráticos durante o recente período eleitoral.

Grande parte da malha ferroviária do Brasil está concentrada nas regiões Sul e Sudeste com predominância para o transporte de cargas. Ao contrário dos Estados Unidos, onde a carga de produtos essenciais à população é transportada por ferrovias, no Brasil é usado para itens primários: Produtos siderúrgicos; grãos; minério de ferro; cimento e cal; adubos e fertilizantes; soja, derivados de petróleo, calcário; carvão mineral e clinquer; contêineres.

O Brasil tem 16 empresas com a concessão para explorar o transporte ferroviário: 01) Estrada de Ferro Paraná Oeste S/A; 02) Ferrovia Centro Atlântica S/A; 03) Ferrovia Norte Sul Tramo Tramo Norte; 04) Ferrovia Tereza Cristina S/A; 05) Ferrovia Transnordestina Logística S/A; 06) MRS Logística S/A; 07) Ferrovia Norte Sul Tramo Central; 08) Rumo Malha Norte S/A; 09) Rumo Malha Oeste S/A; 10) Rumo Malha Paulista S/A; 11) Rumo Malha Sul S/A; 12) Transnordestina Logística S/A; 13) Vale – Estrada de Ferro Carajás; 14) Vale – Estrada de Ferro Vitória a Minas; 15) Ferrovia de Integração Oeste-Leste – FIOL – Trecho 1; 16) Valec S/A – FNS/FIOL.