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Observatório da Ufes publica caderno com dados sobre a agricultura familiar no ES

Observatório da Ufes publica caderno com dados sobre a agricultura familiar no ES | Imagens: Ales e Ufes

Divulgar dados e análises sobre a agricultura familiar brasileira a partir do Censo Agropecuário, utilizando uma linguagem simples e com o apoio de recursos visuais: essa é a proposta do Caderno Observa, uma publicação do Observatório da Agricultura Familiar, coordenada pelo professor do Departamento de Ciências Sociais da Ufes André Michelato.

Intitulado Agricultura Familiar no Espírito Santo: estabelecimentos e área da agricultura familiar e não familiar, o primeiro número da publicação se debruça sobre a realidade capixaba. O material pode ser acessado aqui.

O trabalho conta com cinco capítulos e analisa o estabelecimento da agricultura familiar no solo capixaba, a interação entre área cultivada e o número de estabelecimentos, a taxa média da área dedicada a esse tipo de agricultura e também a densidade demográfica nas áreas onde ela está presente.

Em um relatório padrão, essas informações seriam apresentadas de uma maneira que requer uma linguagem complexa. Contudo, segundo Michelato, o Caderno busca fugir de “um linguajar carregado tecnicamente”.

Uma das ferramentas para alcançar isso foi a utilização de recursos visuais, como mapas, gráficos e tabelas. “Queremos que a agricultura familiar seja compreendida pelo conjunto da sociedade brasileira”, ressalta.

Transformações

O leitor do Caderno poderá compreender as transformações que a agricultura familiar tem sofrido nos últimos anos no Espírito Santo a partir das informações do Censo Agropecuário 2006 e 2017. Embora os dados demonstrem que nesse período houve um crescimento, em muitos municípios e microrregiões ocorreu uma diminuição.

Nesse panorama, fatores como competitividade, encarecimento das terras, insumos e preços dos produtos, além da escassez da mão de obra, representam desafios a serem encarados pela agricultura familiar no Estado. “A juventude rural tem tido pouca atratividade pelo trabalho na ‘roça’, seja pela insalubridade do trabalho ou pelo ambiente social”, indica o pesquisador.

Para Michelato, os parcos recursos tecnológicos disponíveis no campo também contribuem para esse afastamento. “Se compararmos a agricultura familiar de países desenvolvidos com o Brasil, ela tem altíssimo nível de tecnologias disponíveis (principalmente de equipamentos: tratores, implementos, ferramentas diversas), de forma a diminuir o impacto da escassez de mão de obra”, enfatiza.

Novos cadernos

O trabalho que acaba de ser lançado foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e faz parte do plano do Observatório de publicar até o fim de 2025 outros nove cadernos para analisar a realidade desse tipo de agricultura no Brasil. A segunda publicação deve sair ainda neste mês de agosto.

De acordo com André Michelato, o trabalho conta com a colaboração de pesquisadores sobre o tema na Itália. Além disso, o Observatório oferece assessoria em formato de extensão acadêmica para associações e cooperativas da agricultura familiar. Também realiza parcerias com governos, empresas e organizações não governamentais com a condição de “que seja em prol de garantir avanços para a agricultura familiar brasileira”.

“Mas a nossa prioridade para o Observa é pesquisa, pesquisa e mais pesquisa”, pontua o professor. “Que nos próximos 20 anos possamos colher muitos frutos”, conclui.

Texto: Thiago Sobrinho