A Organização Mundial da Saúde (OMS) descartou a teoria da conspiração, difundida internacionalmente pelo ex-presidente americano Donald Trump e, no Brasil, pelo presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores, de que a transmissão do vírus do novo coronavírus (Covid-19) tenha sido feita de forma intencional pelos chineses. Nesta manhã de segunda-feira (29), a OMS divulgou o relatório da inspeção feita na cidade chinesa de Wuhan, considerada como o epicentro do Covid-19 e constatou ser viável a hipótese da transmissão do coronavírus ao homem por um animal intermediário.
Mas, descartou por completo que a pandemia tenha sido provocada intencionalmente ou por um acidente de laboratório. O documento final confirmou as conclusões iniciais que foram divulgadas em 9 de fevereiro, ainda na cidade de Wuhan, quando a missão da OMS foi encerrada. No documento conclusivo desta segunda-feira a OMS ratifica a principal teoria em vigor de que o vírus foi transmitido de um primeiro animal – provavelmente um morcego – para o homem por meio de outro animal, que atuou como intermediário, mas que ainda não foi identificado.
O estudo da Organização considera “entre possível e provável” a hipótese de que o vírus tenha começado a ser transmitido por meio de carne congelada, o mesmo entendimento defendido pelas autoridades chinesas. A necessidade de ter um posicionamento mais firme vai levar à necessidade de uma investigação complementar para avaliar, em uma área geográfica maior na China, já que os estudos no mercado de Huanan de Wuhan, além de outros estabelecimentos da cidade, não serviram para encontrar “elementos que confirmem a presença de animais infectados”.
“Vírus não escapou de laboratório”
Mas, na divulgação do relatório a OMS foi taxativa em afirmar que é “extremamente improvável” que a pandemia do Covid-19 tenha sido provocada após o vírus ter escapado de um laboratório chinês. O estudo respondeu, em parte, às acusações feitas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, que o Instituto de Virologia de Wuhan, que pesquisa patógenos perigosos, permitiu que o coronavírus escapasse, de maneira voluntária ou involuntária. Essas acusações infundadas foram repetidas por Bolsonaro e pelo seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
As conclusões do relatório não suscitaram nenhuma surpresa em relação às informações divulgadas no final da missão de quatro semanas em Wuhan, cidade considerada como o berço da pandemia. Mais de um ano após o início da pandemia de Covid-19, a doença já causou a morte de ao menos 2,7 milhões de pessoas em todo o mundo e gerou um colapso econômico em muitos países. Desde o final de 2020, a crise sanitária entrou em uma nova fase ditada pela evolução das variantes do Sars-Cov-2, enquanto os governos realizam uma corrida contra o relógio para tentar vacinar suas populações.