““Após várias observações consecutivas após a sua descoberta, astrônomos traçaram a órbita de C/2022 E3, indicando que o seu período orbital é de cerca de 50 mil anos, ou seja, ele só pode ser visto da Terra a cada 50 milênios”
– Astrônomo Filipe Monteiro, do Observatório Nacional (ON)
O cometa C/2022 E3, que passou pela órbita terrestre pela última vez há 50 mil anos, atinge o seu ponto mais próximo do Sol (periélio) nesta quinta-feira, 12 de janeiro de 2023. No entanto, o Observatório Nacional (ON) informa que o cometa só será observável do hemisfério sul, do Brasil, a partir do início de fevereiro. Já o perigeu, que é quando o cometa está próximo da Terra, ocorrerá entre os dias 1° e 2 de fevereiro de 2023.
Esse cometa foi descoberto em março de 2022 pelo programa Zwicky Transient Facility (ZTF), que opera o telescópio Samuel-Oschin no Observatório Palomar, na Califórnia, informa o ON. O cometa tem um diâmetro relativamente pequeno, com cerca de 1 km e foi detectado ao passar pela órbita de Júpiter.
Segundo o astrônomo Dr. Filipe Monteiro, pós-doc do Observatório Nacional, é possível saber que o cometa passou pela última vez pela Terra há cerca de 50 mil anos – quando a Terra ainda era habitada pelos neandertais – pelos cálculos de seu período orbital, tempo que um determinado objeto astronômico leva para completar uma órbita em torno de outro objeto.
Máxima aproximação da Terra
“No dia 1º de fevereiro o cometa alcançará sua máxima aproximação da Terra, podendo atingir magnitude +6 ou menos. É importante destacar que quanto mais brilhante é um objeto, menor é sua magnitude. Assim, um objeto com magnitude +2 é mais brilhante do que um que tem uma magnitude +6, por exemplo”, diz Monteiro.
Além disso, o astrônomo explica que muitos cometas de longo período conhecidos até hoje foram vistos apenas uma vez na história, visto que seus períodos orbitais são maiores que 200 anos, com alguns levando de 100.000 a 1 milhão de anos para orbitar o Sol. De acordo com astrônomos do JPL da NASA, C/2022 E3 é um cometa de longo período que se acredita vir da Nuvem de Oort, a região mais distante do sistema solar da Terra que é como uma grande bolha contendo inúmeros detritos gelados e envolvendo o nosso sistema.
Contudo, algumas previsões sugerem que a órbita deste cometa é tão excêntrica que não está mais em órbita do Sol. Se for assim, então ele não retornará e simplesmente continuará indo embora.
Como é composto um cometa
Os cometas são objetos feitos principalmente de gases congelados, rocha e poeira. Eles se tornam ativos à medida que se aproximam do sol. Isso porque o calor do astro aquece o cometa de forma rápida, fazendo com que seu gelo se transforme em gás. Neste processo de sublimação, forma-se uma nuvem ao redor do cometa conhecida como “coma”. O cometa C/2022 E3 foi visto inicialmente com uma coma esverdeada (em astronomia, coma quer dizer cauda ou cabeleira), brilhante e uma cauda de poeira “curta”, mas que deve aumentar à medida que se aproxima do Sol.
Com relação ao brilho de C/2022 E3, o astrônomo observa o brilho dos cometas é particularmente difícil de ser previsto, uma vez que esses objetos podem exibir um brilho cada vez mais intenso dependendo da quantidade de material volátil que ele carrega e que é sublimado à medida que se aproximam do Sol.