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Os mais ricos dobraram a fortuna na pandemia, enquanto os mais pobres ampliaram multidão de famintos, aponta ONG

A Oxfam Brasil tem um conselho deliberativo, um conselho fiscal e uma assembleia geral – formados por brasileiros – e é uma organização sem fins lucrativos e independente. O escritório fica em São Paulo. A entidade faz parte de uma rede global, a Oxfam, que tem 20 membros que atuam em cerca de 90 países pelo mundo, por meio de campanhas, programas e ajuda humanitária. “Somos um dos países mais desiguais do mundo, com gigantesco abismo entre ricos e pobres, e esses níveis extremos de desigualdades são incompatíveis com uma sociedade democrática”., diz a Oxfam Brasil

A atual estrutura capitalista concentra riquezas, empobrece, mata milhões e destrói o planeta e traz riscos ao futuro | Fotos: Reprodução

“O desemprego e falta de renda foi um dos maiores problemas causados pela pandemia de covid-19. A violência econômica provocada pela crise sanitária atingiu milhões de brasileiros – os mais pobres foram os mais afetados, mas a classe média também ficou sem emprego e renda durante a pandemia. Enquanto isso, algumas poucas pessoas, que já eram ricas, lucraram ainda mais durante a pandemia de covid-19”, afirma a Oxfam Brasil. A entidade é uma organização da sociedade civil brasileira criada em 2014 para a construção de um Brasil com mais justiça e menos desigualdades.

Enquanto um pequeno grupo de pessoas lucrou como nunca durante a pandemia, aumentando suas riquezas de maneira extraordinária, a maior parte da população global está arcando com os principais prejuízos – Desemprego, perda de renda, mortes. A pandemia aprofundou as desigualdades e isso está desestruturando nossas sociedades e matando pessoas. No Brasil, os 20 maiores bilionários do país têm mais riqueza do que 128 milhões de brasileiros (60% da população).

A extrema desigualdade provocada pelo atual sistema capitalista causa sofrimentos |Vídeo: A Desigualdade Mata, da Oxfam Brasil

Atual estrutura capitalista mata pessoas

A atual estrutura econômica do mundo concentra riqueza, empobrece e mata milhões de pessoas, destrói o planeta e coloca em risco o futuro da existência humana no planeta. Queremos uma economia centrada na igualdade, em que ninguém precise viver na pobreza extrema e ter apenas que sobreviver. Todas e todos têm o direito de ter oportunidades para prosperar e ter uma vida mais digna.

A fortuna dos dez homens mais ricos do mundo dobrou desde o início da epidemia, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira (17) pela ONG Oxfam. O documento também revela que a renda de 99% das pessoas caiu e 160 milhões foram empurradas para a pobreza, o que evidencia “as desigualdades econômicas, de gênero e raciais, que destroem o mundo.” Leia a seguir a íntegra do relatório da Oxfram, em português e em arquivo PDF:

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Os ricos cada vez mais ricos

Segundo o relatório intitulado “As desigualdades matam”, a fortuna acumulada de todos os bilionários registrou “um aumento sem precedentes” de US$ 5 trilhões, chegando, no total, a US$ 13,8 trilhões. De acordo com a revista Forbes, as dez pessoas mais ricas do mundo são Elon Musk (Tesla), Jeff Bezos (Amazon), Bernard Arnaud (LVMH), Bill Gates (Microsoft), Mark Zuckerberg (Meta/Facebook), Waren Buffett (Berkshire Hathaway) e Larry Ellison (Oracle).

A ONG internacional recomenda a quebra das patentes das vacinas. Para a imprensa, o porta-voz da Oxfram francesa, Quentin Parinello, disse que na África, sem apoio dos governos, a crise sanitária piorou ainda mais a situação das classes menos favorecidas economicamente. “No continente africano, a precariedade aumentou ainda mais. Podemos observar que a retomada econômica é bem mais proeminente nos países desenvolvidos do que na África, e isso tem, naturalmente, uma relação com o acesso às vacinas”, afirmou.

No Brasil os 20biolionários tem uma riqueza equivalente a 128 milhões de brasileiros ou 60% da população | Infográfico/Osfram Brasil

Como os ricos se beneficiaram com a pandemia

Os ricos se beneficiaram para duplicarem a sua fortuna embolsando os recursos públicos que foram usados para apoiar setores atingidos pela crise sanitária, segundo a Oxfam. “Se pegarmos o exemplo da França, a fortuna dos bilionários cresceu € 236 bilhões durante a crise e isso não está relacionado à atividade econômica das empresas, mas ao apoio do governo em resposta à crise, que injetou bilhões de euros no mercado financeiro”, disse o representante da ONG naquele país europeu.

“Se observarmos a história, existem casos que mostram que, se adotarmos a boa política, financiando mais o setor público e a proteção social, podemos lutar contra as desigualdades. Elas não são uma fatalidade, são o resultado de escolhas políticas. É financiando modelos sociais mais protetores, e os financiando com impostos progressivos, que seremos capazes de lutar de maneira durável contra as desigualdades”, prosseguiu.

A variante bilionária

Fazer comparações históricas com a escala da atual crise de desigualdade é desafiador, mas algumas comparações são evidentes. Em julho de 2021, o homem mais rico do mundo foi com seus amigos ao espaço em seu foguete de luxo, enquanto milhões morriam desnecessariamente debaixo dele porque não tinham acesso a vacinas ou não podiam comprar comida. O momento icônico de Maria Antonieta “que comam brioches” de Jeff Bezos, será sempre citado com mais precisão: “Quero agradecer a todos os funcionários e clientes da Amazon porque vocês pagaram por tudo isso.”24 Só o aumento da fortuna de Bezos durante a pandemia poderia pagar para que todos na Terra fossem vacinados com segurança”, diz trecho do relatório.

A pequena elite mundial de 2.755 bilionários viu sua fortuna crescer mais durante a pandemia de Covid-19 do que nos últimos quatorze anos, quatorze anos que foram de bonança para o patrimônio bilionário. Este é o maior aumento anual na riqueza bilionária desde o início dos registros. Isso está acontecendo em todos os continentes. Ele é possibilitado pela disparada dos preços do mercado de ações, uma explosão de entidades não regulamentadas, um aumento no poder de monopólio e na privatização, juntamente com a erosão das taxas e regulamentos de impostos corporativos individuais31 e dos direitos e salários dos trabalhadores todos auxiliados pela utilização do racismo como arma.