Nesta Noite de Natal (24), durante a homilia da tradicional Missa do Galo, o Papa Francisco, realizada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, ele citou uma “humanidade insaciável por dinheiro, poder e prazer. E convidou milhares de fiéis e peregrinos presentes, oriundos de várias partes do mundo, a redescobrir o sentido do Natal. “O Evangelho do nascimento de Jesus parece escrito precisamente para isto: tomar-nos pela mão e levar-nos lá onde Deus quer”, ressaltou o Pontífice.
“A manjedoura! Para voltar a encontrar o sentido do Natal, é preciso fixar nela o olhar. E por que é tão importante a manjedoura? Porque é o sinal, não casual, com que Cristo entra em cena no mundo. É o manifesto com que Se apresenta, o modo como Deus nasce na história para fazer renascer a história. Que nos quer dizer então a manjedoura? Pelo menos três coisas: proximidade, pobreza e concretismo. Francisco desenvolveu sua reflexão na homilia a partir daí”, prosseguiu.
E explicou. “A manjedoura serve para deixar o alimento mais próximo da boca e assim consumi-lo mais depressa. Deste modo pode simbolizar um aspeto da humanidade: a voracidade em consumir”, ressaltou o Papa. “E as principais vítimas da voracidade humana são sempre os frágeis, os vulneráveis. Também neste Natal, uma humanidade insaciável de dinheiro, poder e prazer não dá lugar – como sucedeu com Jesus – aos mais pequenos, a tantos nascituros, pobres, abandonados. Penso sobretudo nas crianças devoradas por guerras, pobreza e injustiça. Mas é precisamente lá que vem Jesus, menino na manjedoura do descarte e da rejeição”, completou.
De acordo com o Vaticano, sete mil pessoas estavam presentes no Vaticano durante a Missa de Natal, além de outras três mil que se encontravam do lado de fora da Basílica e acompanhavam a Missa através de telão. Foi a maior participação de público desde a pandemia do Covid-19. Houve alteração no horário. Neste ano a celebração ocorreu às 19h30 (horário local) e não mais as 21h30 como ocorria antes da deflagração da pandemia.
Pobreza
“Além da proximidade, a manjedoura de Belém fala-nos de pobreza. Na realidade – observou -, à volta duma manjedoura, não há grande coisa: tojo, qualquer animal e pouco mais. As pessoas hospedavam-se no quentinho dos albergues, não no estábulo frio duma pensão; mas aqui nasceu Jesus, e a manjedoura lembra-nos que nada mais havia em redor senão quem Lhe queria bem: Maria, José e alguns pastores… todos, pobres, irmanados pelo afeto e a maravilha, não por riquezas e grandes possibilidades. E assim a pobre manjedoura faz emergir as verdadeiras riquezas da vida: não o dinheiro nem o poder, mas as relações e as pessoas”, continuo o Sumo Pontífice.
“E a primeira pessoa, a primeira riqueza é Jesus. Mas nós… queremos mesmo estar ao seu lado? Aproximamo-nos d’Ele, amamos a sua pobreza? Ou preferimos cingir-nos comodamente aos nossos interesses? Sobretudo visitamo-Lo onde Se encontra, isto é, nas pobres manjedouras do nosso mundo? É lá que Ele está presente. E nós somos chamados a ser uma Igreja que adora Jesus pobre, e serve Jesus nos pobres”, completou.