O prefeito bolsonarista de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos) mandou retirar dos servidores aposentados e pensionistas da Prefeitura de Vitória de dentro do prédio público e, como a ordem ilegal não foi cumprida pela guardas municipais, ele mandou exonerar das funções gratificadas dois chefes da Guarda Municipal. Os aposentados participavam de um movimento que pedia a revisão da lei previdenciária, que o atual prefeito decidiu impor um confisco de 14% a 19%, até em quem recebe apenas um salário mínimo.
A violência do prefeito, que é um policial civil licenciado do cargo de delegado de Polícia, contra a Guarda Civil Municipal de Vitória (CGMV) e contra os aposentados e pensionistas revoltou as redes sociais desde essa quarta-feira (18), quando ocorreu a brutalidade do bolsonarista. Nas redes sociais houve discussão de que o tratamento selvagem dispensado pelo prefeito Pazolini não teria ocorrido se a maioria desses servidores tivessem votado no candidato João Coser (PT), que disputou o segundo turno com o bolsonarista.
Narrativa do chefe da guarda municipal
“Pessoal, venho esclarecer sobre a Exoneração da Função Gratificada de Chefe de Equipe da GCMV. Informo que em momento algum recebi nenhuma determinação de algum superior para fecharmos a Prefeitura. Estava chovendo e alguns aposentados entraram no saguão para se abrigarem. Mas não tinha nenhum som ligado e nenhum movimento. Conversei com eles, e me falaram que assim que o Carro de Som chegasse eles iriam se retirar. Antes do Carro chegar, a Senhora Laís do Gabinete me deu uma ordem que era para tirar os servidores aposentados do saguão e os colocassem para fora”, disse um dos chefes.
“Eu expliquei que eles iriam sair, e que uma atitude de uso de força demandaria mais efetivo e poderia trazer desdobramentos negativos. Ela não se conformou e falou que o Prefeito queria falar comigo. Momento em que o Prefeito reforçou a ordem de colocar todos os servidores para fora da PMV. Momento em que eu desci, chamei reforço, mais avaliei que não seria viável, até mesmo porque eles não estavam fazendo nenhum Ato que justificasse tão ação. Compartilhei com os demais colegas e chegamos a conclusão que iríamos aguardar que eles saíssem pacificamente, o que ocorreu”, prosseguiu.
“O que me deixou mais triste, não foi a Exoneração da Função. Quem é mais próximo sabe dos meus Projetos. Mais sim a atitude do Exmo Senhor Prefeito Lorenzo Pazolini, em dar uma ordem para retirar servidores aposentados que em momento algum ofereceram risco ao Patrimônio ou a Integridade a Física de ninguém de um espaço público, de livre acesso em seu horário de funcionamento. Agora irei me dedicar a minha família e a minha categoria. Forte Abraço e todos e contem sempre comigo. Fiquem com Deus”, concluiu.
Atitude de Pazolini lembrou o massacre do Carmo
A brutalidade do prefeito, que mandou retirar os aposentados da própria Prefeitura, um prédio público e não uma mansão particular, fez lembrar o massacre da Praça da Igreja do Carmo, no Centro de Vitória, ocorrido durante um comício no dia 13 de fevereiro de 1930. Naquela ocasião o governador se chamava presidente de Província e quem ocupava o cargo de chefe de Governo era Aristeu Aguiar, que mandou a Força Pública (nome dado a atual Polícia Militar) cercar a praça e matar os participantes do comício da Aliança Liberal com estocadas de baioneta e tiros.
A ordem foi recusada pelo comandante, que imediatamente foi destituído do cargo gratificado e nomeado um outro servil, que cumpriu a ordem e deixou como saldo do tiroteio cinco mortos e muitos feridos por baionetas no local. Morreram naquela ocasião os tenentes José Jacob e Pedro Gonçalves e os civis Cláudio Santana, Afonso Pires Madeira e Cecília Soares. Dias depois, as forças nacionais comandadas por Getúlio Vargas assumiram o poder no País e o presidente da Província do Espírito Santo, Aristeu de Aguiar, fugiu do Brasil, abanando o cargo e embarcou para o exílio em um navio cargueiro italiano que estava no Porto de Vitória.
Anos depois foram criminalmente responsabilizados pelo massacre: Aristeu Aguiar; o ex-secretário Mirabeau Pimentel e os militares tenente-coronel Hermínio de Holanda Cavalcanti, tenentes José Hortêncio Messias, Inácio Gonçalves, Adolfo Bittencourt, Otto Netto e Leósculo de Oliveira Campos, além dos sargentos Manoel Pereira de Miranda, Newton Santos Neto e Francisco Fernandes de Miranda e o soldado José Esteves dos Santos.