Um simples pedido ao Governo da Argentina, feito na manhã desta segunda-feira (1) pela companhia aérea alemã Lufthansa, para que uma aeronave de sua propriedade tivesse permissão para sobrevôo e pouso nas Ilhas Malvinas reavivou o sonho argentino pela soberania do arquipélago. As ilhas foram invadidas pela Inglaterra, que insiste em chamá-las de Ilhas Falkland.
O Reino Unido consolidou a sua invasão em 1833, embora a Argentina mantenha sua reivindicação às ilhas. Em abril de 1982, forças militares argentinas ocuparam o território, que foi retomado pelo exército inglês dois meses depois, no episódio conhecido como Guerra das Malvinas. As principais ilhas estão cerca de 483 quilômetros a leste da costa argentina.
Vôo direto
Nesta segunda-feira a Lufthansa fez o vôo direto mais longo e sem escalas de passageiros de sua história, unindo Hamburgo às Ilhas Malvinas. A empresa, que havia pedido autorização à Argentina para sobrevoar e pousar no arquipélago, usou um Airbus A350-900 que levou 15 horas e 35 minutos para chegar ao destino.
Segundo relato do porta-voz da Lufthansa, a viagem de 13.600 quilômetros foi realizada por um grupo de pesquisadores do Instituto Alfred Wegener (AWI), com sede na cidade alemã de Bremerhaven.
Os 92 pesquisadores tem como destino o Quebra-gelo de pesquisa “Polarstern”. Inicialmente os passageiros foram transferidos para o navio que está ancorado nas Malvinas para passar dois meses no mar antártico de Weddell coletando dados de longo prazo que serão usados para fazer previsões climáticas.
Pedido à Argentina
Na semana passada, a companhia aérea alemã apresentou um pedido de sobrevôo e pouso para viajar para o arquipélago a Administração Nacional de Aviação Civil (ANAC), do Governo argentino, e à província de Tierra del Fuego, equivalentr ao governo estadual da Argentina. A solicitação foi saudada e foi vista como um reconhecimento da soberania argentina sobre as ilhas do Atlântico Sul.
“Destaca-se a relevância da apresentação do pedido da Lufthansa junto às autoridades argentinas, na medida em que implica o reconhecimento das Ilhas Malvinas como parte do território argentino”, celebrou a Chancelaria argentina. Além do voo desta segunda-feira, a Lufthansa tem outra viagem prevista para 30 de março. Conforme explicado por um porta-voz do Instituto Alfred Wegener, o motivo das viagens é a pandemia. Antes de deixar Hamburgo, os passageiros e a tripulação da Lufthansa ficaram em quarentena por duas semanas.