Apesar da popularidade do uso de medicamentos para o tratamento da obesidade, a pós-doutoranda do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, Maria Alvim, diz que é prematuro afirmar sobre o uso seguro desses remédios, uma vez que ainda não existem evidências que sustentem tais avaliações. Para ela, até o presente momento, deve ser enfatizada a importância de uma alimentação saudável e a instauração de políticas públicas que combatam o consumo de alimentos ultraprocessados e a obesidade, acima do emprego dessas substâncias.
“Não é mera coincidência que o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados ocorra, simultaneamente, com o aumento das taxas de excesso de peso em todo o mundo”, diz a pesquisadora. Ela garante que há ligação direta entre o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e o ganho de peso, comprovada por evidências baseadas em metanálises e ensaios clínicos.
Obesidade em crescimento
A informação da pesquisadora foi publicada no Jornal da USP nesta semana. No início ela cita a edição do Atlas Global da Obesidade, publicado em 2023, onde é assinalado que até o ano de 2035 mais de 4 bilhões de pessoas ao redor do mundo estarão acima do peso ideal. Isso ocorrerá devido ao fato de os países não estarem se mobilizando para a melhoria da prevenção, tratamento e suporte da obesidade e, dessa forma, não estão reduzindo os números da condição.
“Ao abordar esse tópico, é essencial problematizar os efeitos nocivos da cultura contemporânea do corpo magro, muitas vezes imposta pelas redes sociais. Essa pressão social pode levar a decisões arriscadas em busca de padrões estéticos inatingíveis, colocando em risco a saúde e o bem-estar das pessoas”, finaliza a especialista.