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Pesquisadores da Ufes participam da identificação de fósseis pré-históricos em Castelo (ES)


Pesquisadores encontraram na Gruta do Limoeiro o primeiro registro de fósseis pré-histórico no Estado. Entre esses o tigre-dentes-de-sabre. A caverna fica 15 km do centro da cidade de Castelo (ES), com acesso pela rodovia ES-166 que liga Castelo a Venda Nova do Imigrante


Pesquisadores da Ufes participam da identificação de fósseis pré-históricos em Castelo (ES) | Imagens: Divulgação e Depositphotos

Pesquisadores da Ufes participaram da identificação de fósseis de animais pré-históricos encontrados na Gruta do Limoeiro, no município de Castelo, cidade que fica a 148 Km do Centro Histórico de Vitória (ES). A pesquisa identificou a presença rara de fósseis pré-históricos, do período Pleistoceno, como o trigre-dentes-de-sabre. Pela Ufes o trabalho foi coordenado pela professora Taíssa Rodrigues e vinculado ao Programa de Pós-Graduação de Ciências Biológicas da Universidade.

Na escala de tempo geológico, o período Pleistoceno ou Plistoceno está compreendida entre 2,588 milhões e 11,7 mil anos, abrangendo o período recente no mundo de glaciações repetidas. O Pleistoceno sucede o Plioceno e precede o Holoceno, ambos de seu período. Divide-se nas idades Gelasiano, Calabriano, Chibano e Taratiano, da mais antiga para a mais recente. Já o Pleistoceno Médio (780-130 mil anos) foi um período-chave na história evolutiva humana. O período abriga uma grande diversidade de espécies hominínias, inovações tecnológicas, além de ser, afinal, quando o Homo sapiens surgiu no planeta.

Alguns fósseis pré-históricos encontrados no interior da caverna turística de Castelo | Imagens: Divulgação/Ufes

Parceria

O estudo foi realizado através de uma parceria com a Prefeitura de Castelo e pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT Paleovert), da Ufes, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do Museu Nacional, vinculado á Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A descoberta chamou a atenção, já que a Gruta do Limoeiro é a principal atração turística de Castelo e há visitação pública regular, administrada pela Prefeitura de Castelo. No local há um centro de visitantes, onde há exposições que contam a história da gruta. As visitas são monitoradas por guias capacitados que acompanham o visitante durante todo o passeio. O visitante recebe capacete e lanterna e o guia conta a história e fatos curiosos da gruta, durante ao passeio.

Essa mesma gruta era de conhecimento dos indígenas, antes da invasão das terras brasileiras pelos europeus portugueses. De acordo com informe sobre essa descoberta, divulgado pela Ufes, na Gruta do Limoeiro já foram encontrados ossos dos habitantes primitivos do Brasil, antes da ocupação europeia. Entre esses, ossos indígenas.

Em estudo mais antigo da UFRS sobre a presença do tigre-dentes-de-sabre no Brasil, o Espírito Santo ainda não estava assinalado como Estado que teve a sua presença. Agora, está comprovada a sua presença na era pré-histórica no Estado | Imagem/UFRS

Preguiças gigantes

“A gente achou possivelmente três espécies de preguiças gigantes diferentes. Além disso, um toxodonte, que era um mamífero de grande porte, podendo até pesar uma tonelada – estamos calculando pela espessura dos ossos, é parecido com um rinoceronte, um hipopótamo; achamos também um tigre-dente-de-sabre e um cervídeo [cervo]”, conta o pesquisador da Ufes Richard Buchmann.

Na realidade, os próprios pesquisadores atribuem a descoberta das peças a funcionários públicos municipais de Castelo, que foram os que perceberam a presença de possíveis fósseis no local. Com isso, a Prefeitura acionou os pesquisadores. “Nosso grupo foi contatado, assim como pesquisadores do Museu Nacional. Viemos para Castelo, eu e um colega colaborador da UFBA, para identificar esses fósseis. Conseguimos chegar a pelo menos cinco espécies diferentes habitando aqui, nenhuma espécie nova”, diz Buchmann.

Quem era o Tigre-dentes-de-sabre

A resposta é dada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), que fez um trabalho especifico sobre o Tigre-dentes-de-sabre. Segundo o estudo, ele foi um dos animais mais icônicos da fauna pleistocênica. Era um felídes de porte grande com caninos enormes e curvos. Esses animais eram predadores que estavam no topo da cadeia alimentar em seus habitats e foi extinto há cerca de dois milhões de anos.

O estudo afirma que muitos dentes-de-sabre podem ter se beneficiado de um comportamento grupal, mas a diversidade de espécies e grupos que desenvolveram essa característica independentemente, significa que seus modos de vida eram igualmente diversos. “É provável que as espécies de felídeos menores e as que viviam em habitats de mata fechada fossem caçadores solitários, como a maioria de seus parentes mais próximos viventes. Mas para animais de grande porte que vivem em ambientes de savana, onde a visibilidade aumenta a agressividade entre possíveis competidores, formar grupos é uma boa estratégia de sobrevivência”, atesta o estudo.

Entrada da Gruta do Limoeiro | Foto: Divulgação/Prefeitura de Castelo (ES)

Primeiros fósseis pré-históricos encontrados no ES

Segundo ele, esse é o primeiro registro no Espírito Santo de resgate de fósseis em cavernas. Os próximos passos serão a datação das espécies e o refinamento dos dados, não só em termos de identificação dos animais, mas também com pesquisas de como eles interagiam com o ambiente. “Agora daremos prosseguimento com análises mais refinadas. Para datar e provavelmente fazer inferências sobre o clima e interações ecológicas das espécies em vida. Estamos pensando em submeter um resumo só com essas espécies identificadas ao Congresso Brasileiro de Paleontologia”.

De acordo com o pesquisador, é certo que esses animais viveram na região sul do Espírito Santo. “Já tínhamos registro de preguiças gigantes da mesma espécie, de mastodontes, de toxodontes também, por alguns fragmentos de ossos encontrados preservados em fissuras entre os mármores em Cachoeiro de Itapemirim. Então, já tínhamos conhecimento de que esses animais da megafauna pleistocênica habitavam o sul do Espírito Santo, mas, diferentemente de Cachoeiro, aqui temos um número de espécies até maior, inclusive com um possível predador envolvido, que é o tigre-dente-de-sabre”, afirma.

As peças pré-históricas deverão ficar em Castelo. A ideia é a construção de um museu de história natural para abrigar esses e outros achados arqueológicos e paleontológicos.

Serviço:

Centro de Visitantes Gruta do Limoeiro

Localidade: Distrito de Limoeiro, Castelo (ES)

Distância da sede: 15km da sede de Castelo e 148 Km a partir do Centro Histórico de Vitória (ES).

Acesso: Rodovia ES-166: que liga Castelo a Venda Nova do Imigrante. No local há placa sinalizando e há um trecho de apenas 300 metros da rodovia até o centro de visitantes

Visita individual ou pequenos grupos: Não é preciso agendar.

Informações ou agendamento para grupos de 20 pessoas ou mais: (28) 99986 1542

Visitação: terça-feira à domingo – 9h às 16h

No centro de visitantes há recepção, auditório, sala de exposição, sanitários e loja do agroturismo chamada de “Paiol da Gruta”. Na lojinha é comercializado artesanato, doces e biscoitos, embutidos e variadas delicias da culinária regional

Exigência: Obrigatório uso de calçado fechado durante a visitação