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PF investiga desvio de recursos públicos para ações de enfrentamento ao Covid-19 no Amazonas

PF desenvolveu a Operação Sangria, onde cumpriu mandatos de prisão e busca e apreensão no AM | Foto: Divulgação/PF

Operação Sangria apura fraudes e superfaturamento em contrato para instalação do hospital de campanha, envolvendo empresários e servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do Estado do Amazonas

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (2) a quarta fase da Operação Sangria, por meio da qual são investigados fatos relacionados a possíveis práticas de crimes, como pertencimento a organização criminosa, fraude a licitação e desvio de recursos públicos. Entre os alvos está o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), que teve sua casa revirada pelos policiais que cumpriam ordem judicial; o secretário de Estado da Saúde, Marcellus Câmpelo, que tem a seu desfavor um mandato de prisão.

Outro alvo da operação é o empresário da área hospitalar, Nilton Costa Lins Júnior, dono do Hospital Nilton Lins, que foi preso na operação. O empresário alugou o seu empreendimento hospitalar ao Governo do Estado, para que utilizasse como hospital de campanha, mas as instalações eram inadequadas. O filho desse empresário recebeu os agentes da PF a tiros. Duas filhas desse mesmo empresário foram denunciadas anteriormente por furar a fila de vacinação contra Covid-19.

Ação policial

Segundo informações da PF, a Operação Sangria visa a cumprir 25 mandados judiciais, expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), sendo 19 mandados de busca e apreensão e seis de prisão temporária, cumpridos na cidade de Manaus/AM e Porto Alegre/RS, além de sequestro de bens e valores.

Segundo as investigações, há indícios de que funcionários do alto escalão da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas realizaram contratação fraudulenta para favorecer grupo de empresários locais, sob orientação da cúpula do Governo do Estado, de um hospital de campanha. De acordo com os elementos de prova, ele não atende às necessidades básicas de assistência à população atingida pela pandemia COVID-19, bem como coloca em risco de contaminação os pacientes e os funcionários da unidade.

Indícios

Verificou-se, ainda, que contratos das áreas de conservação e limpeza, lavanderia hospitalar e diagnóstico por imagem, todos os três firmados em janeiro de 2021 com o Governo do Amazonas, cujos serviços são prestados em apoio ao hospital de campanha, contêm indícios de montagem e direcionamento de procedimento licitatório, prática de sobrepreço e não prestação de serviços contratados.

Os indiciados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de fraude à licitação, peculato e pertencimento a organização criminosa e, se condenados, poderão cumprir pena de até 24 anos de reclusão.