Davi Nogueira/Diário do Centro do Mundo/DCM
Em Linhares (ES), um militante do PT está preso desde o último sábado (5) na delegacia de Polícia Civil do município após supostamente furar um bloqueio de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Francisco Emmanuel Soares dos Santos, o Chico Linhares, foi detido pelo policial militar bolsonarista Rodrigo Bonadiman, que concorreu a deputado federal pelo PL nas eleições deste ano.
O caso aconteceu no bairro Três Barras, por volta de 1h50 da madrugada. Chico foi acusado de “tentativa de homicídio”, apesar de não haver ninguém ferido e de seu carro estar intacto.
A advogada Alciene Maria Rosa, que atua na defesa do petista, afirma que a prisão é injusta e foi realizada depois que Chico parou o carro e tentou conversar com os manifestantes, que logo acionaram o PM. A defesa entrou com um pedido para revogar a prisão e acredita que ele será libertado ainda nesta quinta-feira (10), depois da manifestação do Ministério Público Estadual (MPES).
Alciene informa que seu cliente “já foi ouvido pelas autoridades policiais e nega veementemente as acusações”. Em seu depoimento aos policiais, Francisco afirmou que nunca foi preso ou processado, ou seja, é réu primário.
“Ele é aposentado, possui vida ilibada e tem residência própria. Se tivesse realmente tentado atropelar pessoas não teria voltado ao local, como fez, posto que estacionou o carro e voltou para conversar com as pessoas”, diz a defesa no processo.
“Não há provas e ninguém ficou ferido para sustentar a acusação de tentativa de homicídio”, declara a advogada ao DCM.
Chico Linhares diz ter sido alvo de uma “falsa acusação”, em uma tentativa de incriminá-lo devido à “radicalização política”. De acordo com a defesa, ele “não pode ser acusado de tentativa de homicídio e sua inocência será devidamente demonstrada durante a instrução judicial”.
A advogada diz ainda que o bloqueio obstruía a rua de acesso à BR-101, obrigando as pessoas a percorrerem uma distância maior. Ela ressalta que os bolsonaristas desrespeitaram a determinação do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Uma foto presente no processo revela como ficou o bloqueio após a passagem do petista. Não aparece ninguém ferido na imagem, que mostra apenas a barreira feita pelos manifestantes, com pilares e fita zebrada, derrubada no chão, o que provavelmente revoltou os seguidores do presidente derrotado e os levou a chamar a polícia.