O treinamento para combater protestos da sociedade ocorre no ano eleitoral, quando há aumento nas reivindicações populares
Entre 13 de maio 24 de junho a Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) realiza o décimo primeiro treinamento para enfrentar os movimentos populares capixabas. O treinamento é feito através do Batalhão de Missões Especiais (BME) que tem um histórico de violência e de chegar em manifestações atirando balas de borracha e bombas de gás de pimenta. Ainda neste último sábado (2), às 19h13, o ajudante de pedreiro Weliton da Silva Dias, 24 anos, foi brutalmente assassinado por um policial militar fardada dos, que disparou a queima roupa em um beco no Bairro São José, em Vitoria (ES).
Esses treinamentos para combater os movimentos sociais, que internamente a PM chama de “controle de distúrbios”, ocorre nacionalmente e é feito por determinação do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). O governador capixaba, Renato Casagrande (PSB) não tem interferido ou até mesmo aprovado a realizações desse tipo de treinamento.
De acordo com a PMES, o XI Curso de Controle de Distúrbios Civis (CDC/2022) tem 45 vagas voltadas para policiais militares capixabas. As inscrições se iniciaram no último dia 1º e se estendem até a segunda-feira (11) da próxima semana, sendo priorizados os candidatos do próprio BME, mas permitindo-se a participação de policiais militares de todo o Estado e instituições policiais convidadas.
Aulas de choque elétrico, armamento e equipamento
Serão 338 horas-aulas distribuídas nas disciplinas de Técnica de CDC, Tática de CDC, Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo, Legislação de CDC, Treinamento Físico Militar, Noções de Choque Montado, Policiamento em Eventos, Armamento e Equipamento de CDC, Tiro Policial Aplicado ao CDC, Operações Aéreas, Inspeção e Análise de Risco Prévio em Operações de Reintegração de Posse e Atendimento Pré-Hospitalar Tático.
A PM não esconde que o objetivo do treinamento é “preparar seu público interno especializado para ações de distúrbios, choque, controle civil e manutenção da ordem pública, o curso está em sua décima primeira edição e já faz parte de uma doutrina capixaba de policiamento consolidada e reconhecida nacionalmente”.
Em release da corporação, o coronel Alessandro Marin, diretor de Educação da PMES, “essas capacitações são muito importantes para manutenção da higidez (sinônimo: boa saúde) e do preparo da tropa especializada para ações de choque, além de formar um efetivo reserva para renovação da Unidade”.
O Centro Histórico de Vitória tem sido alvo das repressões promovidas pelo BME, inclusive com pessoas feridas com gravidade ao serem atingidas com balas de borracha. Em uma manifestação ocorrida em 9 de julho de 2013 contra a cobrança de pedágio na Terceira Ponte houve, inclusive, bombas de gás de pimenta que atingiram o interior de apartamentos. Em um desses, a bomba de gás caiu no quarto de um idoso acamado justamente por ter graves problemas respiratórios.