Aos poucos a Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) vai dando demonstrações de seu distanciamento ao governador Renato Casagrande (PSB) e de alinhamento político cada vez maior ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A PM capixaba não reprime os seus subordinados que escancaram apoio aos desmandos de Bolsonaro nas redes sociais, nos bairros onde residem e nas manifestações bolsonaristas, onde comparecem com trajes civis. Mas, a PMES reprime com dureza os subordinados que ousam contestar os crimes contra a democracia praticados por Bolsonaro. O governador precisa mostrar pulso firme diante do crescente bolsonarismo dentro da PM.
É o que está ocorrendo com o capitão da PM capixaba Vinícius Sousa, que foi notificado na última terça-feira (17) pela Corregedoria da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), que informou ter aberto um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) de Rito Sumário, que foi protocolado contra ele por ser um policial honesto e preocupado com a legalidade democrática do Brasil, cujo presidente Bolsonaro quer destruir. O capitão integra o movimento “Policiais Antifascismo” e, assim como seus colegas participam ativamente de atos antidemocráticos em apoio á Bolsonaro, o capitão Sousa também participou de atos a favor da legalidade e contra Bolsonaro.
Fúria da Corregedoria da PM
Assim como boa parte dos policiais militar se manifestam em suas redes sociais á favor da baderna bolsonarista, o capitão que está sendo alvo da fúria da Corregedoria da PM se manifestou de forma crítica aos desmandos de Bolsonaro. Com prazo de 30 dias para ser concluído, o processo publicado com a denominação de Portaria 073/2021 foi assinado pelo corregedor coronel Moacir Leonardo Vieira Barreto de Mendonça.
Em entrevista à imprensa, o capitão Vinicius Sousa se posicionou sobre a determinação esdrúxula do coronel que comanda a Corregedoria da PM e disse: “Como cidadão, é um cerceamento de meus direitos à opinião e à manifestação. Como policial militar, é uma perseguição por minhas convicções políticas”, comenta o capitão, e destaca: “Vou formular defesa e apresentar no processo mostrando isso tudo”.
Segundo pesquisa feita pelo sociólogo Renato Sérgio de Lima, que preside o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), oito de cada 10 policiais que se candidataram estavam vinculados à partidos de direita ou de centro-direita. Há erros na legislação em vigor, aponta Lima, onde os policiais com mais de 10 anos de atividade podem retornar à atividade caso tenha perdido a disputa eleitoral. O ranço dos partidos políticos de base fascista é disseminado dentro da corporação policial, de acordo com o sociólogo.