O leilão que o presidente Jair Bolsonaro (PL) programou para entregar a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) no dia 25 de março próximo, em leilão organizado pelo BNDES para grupo empresarial que pagar R$ 327 milhões está deixando os portuários capixabas preocupados com as consequências que a medida trará para a economia do Espírito Santo. Com os empresários visando apenas o lucro, o entendimento é que a privatização significará um retrocesso, uma vez que o indicato Unificado da Orla Portuária do Estado do Espírito Santo (Suport-ES) sustenta que 95% dos maiores portos do mundo são administrados pelo poder público.
Nesta última semana, o Suport-ES manteve uma rodada de conversações com a vereadora de Vitória (ES), Karla Coser (PT), na sede da entidade sindical, no Centro Histórico de Vitória. O encontro contou com a presença da diretoria do Sindicato e do representante do Fórum Permanente Portuário, Josué King, e da Intersindical, José Adilson e da assessoria da vereadora. Karla colocou seu mandato à disposição, na tentativa de ampliar a voz dos portuários para a população e autoridades.
“Queremos mostrar para a cidade o quanto a privatização do porto público vai impactar a cidade, em termos de arrecadação e segurança, principalmente”, disse a vereadora do PT, que prometeu tentar uma audiência pública para viabilizar a discussão. Os portuários acentuaram no encontro que estão preocupados com os rumos da política portuária, que vai passar a ser definida por um ente privado, e não mais pelo Estado Para ter eficiência, não precisa ser privado, disseram os sindicalistas.
O Porto de Vitória tem atuação no Centro de Vitória, e em Capuaba, Vila Velha, além do Porto de Barra do Riacho, especializado no embarque de celulose e com uma movimentação atual de 8 milhões de toneladas por ano. O portfólio de cargas movimentadas é acrescido de acessos rodoviário e ferroviário. Os estudos indicaram potencial para dobrar a movimentação de cargas, de 7 milhões de toneladas para 14 milhões de toneladas por ano ao longo da concessão. Em termos de área disponível, apenas em Vitória há 500 mil metros quadrados e 14 berços de atracação, boa parte dos quais operada atualmente pela autoridade portuária. Cerca de metade destas áreas encontra-se disponível para o desenvolvimento de novos negócios.
Porto de Roterdã, na Holanda, é o exemplo
Um dos exemplos citados pelos portuários é o Porto de Roterdã, na Holanda, quer tem mais de 600 anos de experiência em gestão e desenvolvimento de infraestrutura portuária de classe mundial em Roterdã e é hoje o maior porto indústria da Europa e o 10º maior do mundo. A administração é do governo holandês, que detém 30% da autoridade portuária e os outros 70% são das cidades onde o porto se encontra. São movimentadas anualmente 469 milhões de toneladas de carga, no porto que é a principal porta de entrada da Europa, com mais de 350 milhões de consumidores.
O Porto de Roterdã possui uma área total de 12.606 hectares, incluindo a expansão do Maasvlakte 2, com uma extensão de 42 km, acomodando diversos terminais e indústrias, capazes de receber as maiores embarcações do mundo 24 horas por dia. O porto possui sua posição de liderança devido à sua excelente acessibilidade para embarcações marítimas e conexões intermodais por meio de acessos aquaviários, rodoviários, ferroviários e dutoviários. A direção é exercida pelo vice-prefeito de Roterdã. No início dos anos, o vice-prefeito de Roterdã esteve em Vitória e num jantar com a imprensa capixaba, em um restaurante na Praia do Canto, destacou a importância daquele terminal ser administrado pelo poder público.