Em entrevista exclusiva ao portal Grafitti News, o presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), Celso Bissoli Sessa, expressou pela primeira vez a sua indignação pela nomeação de um advogado para a presidência do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) no lugar de um economista. O advogado e ex-procurador da Prefeitura de Anchieta, Munir Abud de Oliveira, tomou posse como o 25º presidente do Bandes nesta segunda-feira (1º) sem ter nenhum conhecimento em administração financeira em seu currículo.
“Imagino que daria uma confusão muito grande se algum órgão de natureza jurídica nomeasse um economista para o lugar de um advogado. Isso daria uma confusão grande. A nossa posição não é dizer que o governador está errado ao fazer esse tipo de indicação. Nós acreditamos que há profissionais de economia com formação adequada para fazer isso. Então, a gente não vê razão de buscar um profissional da área jurídica”, afirmou o presidente do Corecon-ES.
Posição contrária
“A posição do Conselho é contrária a essa indicação. Embora a gente reconheça que é prerrogativa do governador fazer a indicação. Em nenhum momento a gente questiona essa competência. A gente sabe que o governador pode fazer isso e o nome desse advogado foi, inclusive, sancionado pelo Banco Central. A indicação vai para o Banco Central, que faz a avaliação e dá o OK ou não. E isso já foi feito. A gente não discute o procedimento administrativo-técnico da nomeação que há prerrogativas legais para isso”, iniciou o representante dos economistas capixabas.
Em seguida, o professor de Economia da Ufes e dirigente do Conselho Regional prosseguiu: “A posição do Conselho é de questionar a formação que esse profissional tem para poder lidar com um banco de desenvolvimento. A gente entende que é um economista que tem uma formação mais adequada para compreender e discutir as questões envolvidas no processo. E a partir disso discutir uma política do papel fundamental do banco. A gente não está falando simplesmente de um banco privado”.
Deve conhecer política de crédito
O dirigente do Corecon-ES lembrou que o debate é sobre a direção de um banco de desenvolvimento que adota, principalmente, a política de crédito para o desenvolvimento do Espírito Santo. Ele disse que é necessário ao presidente conhecer os mecanismos de uma política de crédito e seus rebatimentos, principalmente regionais é fundamental. E isso somente pode ser executado por um profissional economista, assim como foram a maioria dos presidentes do Bandes.
“A gente como Conselho tem certo estranhamento de um advogado assumir uma instituição de desenvolvimento econômico e não um profissional de economia mesmo. Não é simplesmente para ficar garantido interesses profissionais, mas é para preservar o interesse público. Então o nosso entendimento foi nessa direção. A gente entende que essa questão do desenvolvimento econômico é fundamental para a sociedade e então a gente preza para que um profissional qualificado e capacitado para isso exerça essa função”, continuou.
‘Nem o conheço’
Celso Bissoli Sessa disse que não questiona a formação do advogado ou se ele é competente ou não na área jurídica dele. “Para ser sincero, eu nem o conheço. Esse advogado que foi indicado eu não faço idéia de quem seja. Mas eu não questiono a trajetória pessoal dele e quanto Conselho de classe a gente entende que um economista é que deveria exercer esse tipo de função. Pelo bem da sociedade”, continou.
Grandes nomes entre os economistas do Espírito Santo já estiveram na presidência do Bandes. Entre esses Antônio Caldas Brito, o ex-diretor do frigorífico catarinense Perdigão e economista João Felício Scárdua (02/07/1987 a 14/01/1988), Odilon Borges Júnior, Orlando Caliman, Haroldo Corrêa Rocha, José Antonio Bof Buffon, Guilherme Henrique Pereira e Maurício Cézar Duque. Este último, inclusive, chegou a ser conselheiro efeito do Corecon-ES.