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Povos africanos querem ser ressarcidos pela escravidão e apresentam a conta: US$ 107 trilhões

Povos africanos querem ser ressarcidos pela escravidão e apresentam a conta: US$ 107 trilhões | Foto: Arquivo

Os povos africanos  estão se mobilizando para apresentar a conta do sequestro de seus cidadãos para transformá-los em escravos negros, entre os Séculos XV e XIX; Há vários estudos nesse sentido e o mais recente, o Report on Reparations for Transatlantic Chattel Slavery in the Americas and the Caribbean (Relatório sobre reparações pela escravidão transatlântica nas Américas e no Caribe), estimou o valor total em US$ 107 trilhões (R$ 522.47 trilhões). A íntegra desse documento, conhecido como Relatório Battle, está no final desta matéria, em arquivo PDF.

O ressarcimento é para ser feito pelos países que comercializavam os seres humanos a África, em busca do lucro fácil, e também para aqueles que oficializaram a prática de transformar os africanos sequestrados em objetos para uso, como foi no Brasil. Portugal é obrigado a pagar, apenas em relação ao tráfico de negros para o Brasil, a soma de US $ 20,582 trilhões. (R$ 100,55 trilhões). Já o Brasil é obrigado a pagar US $ 4,434 trilhões (R$ 21,83 trilhões) em relação à sua prática de uso de trabalho escravo de 1822 a 1888.

O Brasil é um dos países que tem débito a pagar por ter permitido que africanos sequestrados fossem transformados em escravos | Imagem: Reprodução

Cobranças já começaram

Em outubro, o rei e a rainha da Holanda foram cobrados pelos povos khoi e san, que protestavam durante sua visita à África do Sul. Quando esse casal real holandês visitou o histórico museu  Slave Lodge na Cidade do Cabo, onde no passado servia de “depósito” para acumular os escravos da Companhia Holandesa das Índias Orientais, um grupo de líderes khoi e san gritou palavras de ordem sobre os colonizadores holandeses que roubaram as terras de seus ancestrais. Eles ergueram cartazes com os dizeres: “Queremos indenização”.

Na África do Sul, após invadir e dominar o país, os invasores holandeses se apropriaram das terras dos khoi e dos san e submeteram muitos indígenas sul-africanos à servidão. A transformação desses dois povos ao regime de escravidão foi dentro de seu próprio país, que tinha sido invadido pelos europeus.

Em seguida, já no inicio do último mês de novembro, o  rei Charles III, da Inglaterra, foi passear no Quêniaa e ouviu o brado do político sul-africano Julius Malem, que falou em alto e bom tom: “Os britânicos (…) não têm que vir colocar o pé aqui (na África), mas sim pagar reparações aos quenianos”. No Quênia, Charles III, não assumiu a dívida histórica, mas admitiu que houve no passado “atos de violência abomináveis e injustificáveis” sob a dominação britânica.

Segundo o documento, os Estados Unidos devem quase 27 trilhões de dólares (R$ 132 trilhões), o Reino Unido, 24 trilhões de dólares (R$ 118 trilhões).

O valor da indenização devido pelos Estados Unidos é superior ao devido pelo Brasil e tem a seguinte justificativa. Mesmo o Brasil tendo sido o país que recebeu mais escravos africanos (mais de 3,1 milhões), nos Estados Unidos foi onde mais cidadãos africanos dentro da escravidão (mais de 7,5 milhões).

Condições degradantes impostas aos africanos

Os navios negreiros, em geral, comportavam, em média, de 300 a 500 africanos que ficavam presos nos porões em uma viagem que se estendia durante semanas. Partindo de Luanda, a viagem para Recife durava 35 dias, para Salvador durava 40 dias e para o Rio de Janeiro durava de 50 a 60 dias.

As condições de viagem eram extremamente desumanas, e os poucos relatos que existem da forma como os africanos eram trazidos para as Américas reforçam isso. O local no qual os africanos eram aprisionados (o porão) era geralmente tão baixo que os africanos não conseguiam ficar em pé e o espaço era tão apertado que muitos tinham que ficar na mesma posição durante um longo período.”

Documento

Leia a seguir a íntegra do Report on Reparations for Transatlantic Chattel Slavery in the Americas and the Caribbean (Relatório sobre reparações pela escravidão transatlântica nas Américas e no Caribe), em inglês e em arquivo PDF:

Report-on-Reparations-for-Transatlantic-Chattel-Slavery-in-the-Americas-and-the-Caribbean