Pesquisa inédita da ONG Sea Shepherd Brasil aponta as praias de Conceição da Barra como entre as 10 mais poluídas de microplástico do País. Do outro lado, Coqueiral, em Aracruz, e a Praia do Martins, em Itapemirim, tem zero presença de minúsculas partículas de plástico
Praias do litoral capixaba apresenta dois extremos, segundo pesquisa inédita da ONG Sea Shepherd Brasil, em parceria com o Instituto Oceanográfico da USP. Enquanto as praias de Conceição da Barra (ES) estão entre as cinco cidades com a maior densidade de microplástico por m2 , a Praia do Coqueiral, em Aracruz, e a Praia do Martins, em Itapemirim, ganharam um elogio da entidade por estarem entre as 10 das 306 praias analisadas de Oiapoque (AP) ao Chuí (RS).
“Nosso litoral brasileiro, antes um paraíso, agora luta contra uma maré de plástico. De sul a norte do Brasil, oceano, praias e a maior faixa de manguezais do mundo estão sendo contaminados por milhões de toneladas de resíduos plásticos. Bitucas de cigarro, descartáveis em geral, apetrechos de pesca e microplásticos quase invisíveis a olho nu se acumulam em nossos mares e pela costa, colocando em risco a vida de toda a nossa rica biodiversidade”, diz a entidade no início de seu relatório.
Descarte inadequado de lixo
“Mas por que isso acontece? O descarte inadequado de lixo, a produção em massa de plástico, seu uso excessivo e muitas vezes desnecessário e a falta de políticas públicas eficazes são os principais culpados. O plástico, em especial, por ser leve e durável, é facilmente transportado pelos ventos e pelas correntes marítimas, percorrendo longas distâncias e se acumulando em todo lugar, inclusive áreas remotas”, prossegue.
E arremata: “Até hoje, os estudos sobre microplástico no Brasil haviam sido feitos apenas nas regiões Sudeste e Nordeste. Portanto, para entender melhor essa grave problemática e preencher as lacunas de informação, a Sea Shepherd Brasil realizou a primeira expedição científica para mapear a poluição por plástico em toda a costa brasileira. Os resultados dessa pesquisa revelam um cenário alarmante e a urgente necessidade de agirmos para proteger o oceano.”
Pesquisa
Para alcançar o objetivo de descrever o perfil dos resíduos da costa brasileira, foi adotado um consistente e rigoroso método científico para avaliar a presença de resíduos sólidos nas 306 praias analisadas. Cada área de estudo foi delimitada considerando distanciamento de interferências como barracas, entradas de praia, entre outras, também a linha mais alta da última maré e o início da zona de praia.
Para a coleta de macrorresíduos, foram definidas 4 seções (bandas de 5 m de largura), distribuídas aleatoriamente ao longo da área de estudo (100 m). A coleta de microplásticos foi realizada em 12 quadrados de 0,25 m², onde foram utilizadas peneiras de malhas específicas e água.
Todos os macrorresíduos encontrados dentro das seções foram pesados e categorizados in loco, seguindo o protocolo da UNEP, enquanto os microplásticos foram enviados para análise em laboratório, onde foram classificados e identificados por cor, forma e tamanho com a utilização de lupas e microscópios. Estudos demonstram que conhecer as características do microplástico, como tipo, cor e tamanho, é extremamente relevante para estimar a procedência.
Quais são as únicas 10 praias sem presença de microplástico:
Segundo o resultado do estudo, a ONG assinalou as seguintes 10 praias, entre 306 pesquisadas de Norte a Sul do Brasil sem presença de microplástico:
- .01 – Farol de São Tomé (RJ),
- .02 – Ilha de Maracá (AP),
- .03 – Ilha do Atim (MA),
- .04 – Praia da Ponta das Gaivotas (BA),
- .05 – Praia das Pedrinhas (RJ),
- .06 – Praia de Atalaia (BA),
- .07 – Praia de Cações (BA),
- .08 – Praia do Amor (MA),
- .09 – Praia do Coqueiral, em Aracruz (ES)
- .10 – Praia do Martins, em Itapemirim (ES)
Serviço:
Faça o download na íntegra do estudo da ONG Sea Shepherd Brasil, clicando neste link.