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Preço do litro do leite está entre R$ 3,28 e R$ 6,39 em Vitória e assalariado deixa de comprar

Os queijos e requeijões viraram artigos de luxo. “Estive em uma grande rede de supermercado e fiquei pasmo com os preços dos queijos. Saibam que esse preço não é culpa da indústria e tampouco do produtor. A disputa pelo bolso do consumidor está incrivelmente difícil”, afirmou Fábio Scarelli, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq)

O preço do litro do leite chega a R$ 6,39, enquanto o mais barato custa R$ 3,28 | Foto: GrafittiNews

O aumento exagerado do preço no governo Bolsonaro fez o consumidor desistir do leite e frustrou os empresários do setor que reduziram as vendas em 500 milhões de litros neste ano. Na Grande Vitória, o preço do litro do leite vai de R$ 3,28 a R$ 6,39, sendo este último para o mesmo leite de caixinha, que apenas alega ter vitaminas. Na última semana a Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados debateu com os empresários do setor o que vem ocorrendo nesse segmento.

Organizador da audiência, o deputado Zé Neto (PT-BA) sugeriu maior mobilização da cadeia produtiva para reverter a atual crise. “São situações dramáticas, e os números são alarmantes pelo que a gente viu de decréscimo e das dificuldades oriundas das políticas públicas que não estão sendo implementadas. Infelizmente, a gente está vendo que, quando está ruim para o pequeno, todo mundo sofre.”

Zé Neto lembrou que o Brasil tem o segundo maior rebanho de vacas ordenhadas do mundo, só atrás da Índia. No entanto, foram registrados 600 mil produtores de leite a menos no País entre 1996 e 2017. m O Ministério da Economia foi convidado para o debate, mas alegou problemas de agenda e não enviou representante.

Volume de leite captado no Brasil em setembro (último mês pesquisado) esstá bem menor do que em janeiro | Fonte: IBGE

Queda na produção

O diretor-executivo da Associação Brasileira de Indústria de Lácteos Longa Vida (ABLV), Nilson Muniz, deu o termômetro da crise. “Francamente, estou há 46 anos no leite e, para mim, é o momento mais dramático que estamos vivendo na cadeia láctea. Temos hoje uma queda de produção superior a 300 milhões de litros”, alertou Também presente no mesmo debate, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq), Fábio Scarelli, constatou os reflexos da crise para os consumidores.

“É com tristeza que a gente sai dos supermercados: em pleno fim de ano, eu nunca vi as ruas com tanta gente circulando e pouquíssima gente comprando. Estive ontem em uma grande rede de supermercado e fiquei pasmo com os preços dos queijos. E saibam que esse preço não é culpa da indústria e tampouco do produtor. A disputa pelo bolso do consumidor está incrivelmente difícil”, afirmou. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, preferiu reclamar da alta do dólar, que impacta nos insumos e commodities do setor. Já o vice-presidente do Sindileite na Bahia, Lutz Viana, pediu ajustes no Acordo do Mercosul para disciplinar a entrada de produtos lácteos da Argentina e do Uruguai no Brasil. Desonerações tributárias e aumento das compras públicas e da assistência técnica também fazem parte das sugestões do setor.