A concessão da ferrovia operada anteriormente pela FCA, agora nas mãos da VLI, expira em 2026. A VLI abandonou por desinteresse econômico. No entanto, a VLI é a responsável pelos trilhos
O abandono dos trilhos e da faixa de terrenos por onde circulavam os trens da antiga Estrada de Ferro Leopoldina, posteriormente sucedida pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e atualmente nas mãos da estrangeira VLI Multimodal S.A está trazendo transtornos no Espírito Santo. Há lixo e muito mato, gerando condições propicias para a bandidagem agir. As Prefeituras não podem tomar iniciativa, porque onde estão os trilhos é considerado área federal.
No entanto, o prefeito de Cariacica (ES), Euclério Sampaio (União Brasil) está anunciando que adotou sanções contra a multinacional VLI e que a Prefeitura já multou nos últimos meses a concessionária em R$ 894 mil. Uma outra providência anunciada pelo prefeito, através de suas redes sociais, é que já enviou oficio ao Governo federal solicitando a doação de um trecho da antiga FCA de sete quilômetros, que corta os bairros de Jardim América, Vasco da Gama, Vale Esperança, Boa Sorte, Bela Aurora, Maracanã, São Geraldo, Morada de Santa Fé, Campo Grande, Vila Palestina, Cruzeiro do Sul, São Francisco e Santo André.
Inoperante desde 2017
“Este trecho, que se encontra em desuso, causa transtornos ao cotidiano dos nossos munícipes, haja vista que não existem passagens de nível e por vários trechos é cortada por vias arteriais e coletoras, além de ciclovias”, assinalou o prefeito.
“Cabe destacar, ainda, que o trecho da malha ferroviária em questão encontra-se completamente abandonado pela concessionária Ferrovia Centro-Atlântica – FCA/VLI, estando inoperante desde o ano de 2017, apresentando atualmente barreiras e árvores caídas, com vegetação silvestre, entulhos e dormentes inoperantes que acabam se tornando abrigo de animais peçonhentos e zoonoses que colocam em risco a segurança e o bem-estar da população cariaciquense”, acrescentou Sampaio.
“A Administração Pública do Município de Cariacica tem grande interesse em melhorar os aspectos visuais, aproveitar os espaços físicos locais, bem como proporcionar um espaço verde agradável aos munícipes e visitantes. Projetos para revitalizar o trecho da ferrovia, incentivar o esporte e o lazer com a construção de ciclovias e local para caminhadas, dentre outras utilizações, estão entre os planos para os trechos que foram abandonados pela FCA, dentro do domínio do Município de Cariacica”, concluiu.
Multas
No dia 16 de janeiro de 2023 a VLI recebeu a primeira multa no valor de R$ 447 mil e no último dia 13 de julho foi lavrada outra multa, no valor de R$ 406 mil. “Os moradores desses bairros reclamam e com muita razão do abandono da linha férrea e da sujeira e outras pragas. Muitos moradores, porém, pensam que a responsabilidade é da Prefeitura e cobra de nós a limpeza. Não é bem assim. Não podemos atuar numa área concedida pela União a uma empresa privada. Por isso, estamos solicitando a municipalização do trecho para que possamos estar realizando toda a limpeza sempre que necessário”, alegou Sampaio.
Em Viana, a situação é mais grave. Próximo a antiga estação ferroviária, dentro de Viana-sede, há um verdadeiro cemitério de locomotivas e vagões. Todos inservíveis, enferrujados e trazem uma degradação para o local. O Grafitti News entrou em contato com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e com a VLI, mas até fechamento desta edição não deram retorno. Assim que a ANTT e a VLI derem seus posicionamentos, será feita uma atualização.
Quem é a VLI
VLI é uma holding de capital fechado com ações divididas entre seis acionistas: Vale (29,6%), Brookfield Brasil (25,5%), Brasil Port Holdings L.P. (1%), Mitsui & Co. (20%), Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal (15,9%), e BNDES Participações (8%).
A VLI tem como presidente Interino e Diretor-executivo Financeiro e de Relações com Investidores (CFO), Fábio Tadeu Marchiori Gama; Diretor-executivo de Operações, Alessandro Pena da Gama; Diretora-executiva Comercial (CCO), Carolina Hernandez Táscon; Diretor-executivo de Planejamento e Integração, Fabrício Rezende Oliveira; Diretora-executiva Jurídico e GRC (Governança, Riscos e Compliance), Joyce Andrews da Costa